Colunistas / Política
Tasso Franco

DE MÃOS DADAS: PINHEIRO E WAGNER

Veja porque Wagner quer Pinheiro
26/05/2010 às 08:01

A política e a economia andam de mãos dadas. Quando os indicadores econômicos se apresentam com boas perspectivas e isso contribui para o incremento em investimentos públicos, a satisfação popular melhora e os dividendos políticos são imediatos. Como estamos em ano eleitoral, os números apresentados na Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa pelo secretário da Fazenda do Estado, Carlos Martins, ontem, apontam para o fim da perda de receitas motivada pela crise da economia mundial do ano passado, e favorecem o projeto político do governador Wagner, o qual, busca sua reeleição.

Só para se ter uma projeção do que representaria para as pretensões de Wagner, se as eleições tivessem acontecido em 2009, a Sefaz e o Planejamento contingenciaram algo em torno de R$1 bilhão, apertaram o cinto, deixaram de cumprir prazos de pagamentos com fornecedores e tudo mais. E, óbvio, faltaram recursos próprios para investimentos refletindo em perda de popularidade do governador. Tanto que, embora amparado no governo Lula, o qual, tem recursos espaciais alocados no Minha Casa, Minha Vida; Transposição do Rio São Francisco; Água Para Todos, etc, a avaliação do seu governo não passa da linha mediana.

Agora, em 2010, pelas projeções apresentadas pelo secretário Martins, já existe só neste primeiro quadrimestre de 2010, de recursos próprios no Balanço Orçamentário da Despesa algo como R$402 milhões para investimentos. Isso em obras que são fundamentais para o Estado, mas, digamos assim, com rubrica de Ondina, que os políticos adoram. Não são carimbadas em projetos do governo federal. São específicas para devidos fins. 

Além desse ponto bastante positivo em ano eleitoral, o ICMS, que é a receita tributária mais importante do Estado (representa 87.87% do bolo) atingiu a casa de R$3 bilhões e 599 milhões no quadrimestre. Pelo andar da carruagem, 2º quadrimeste, boca da eleição, projeção de Martins voltando a ALBA em setembro como já acertado na Comissão de Finanças, prevê-se algo em torno de R$7 bilhões e 500 milhões arrecadados, só no ICMS, ampliando-se investimentos próprios acima de R$1 bilhão, com previsão de R$2.6 bi, até o final do ano.

Vamos dizer, então, que Wagner teve sorte! O ano da crise caiu doze meses antes da eleição. É aí, meus caros, que entra Walter Pinheiro e pouca gente está atenta a esse detalhe. Quando a situação apertou, em 2009, Wagner fez uma reforma administrativa no seu governo e colocou Pinheiro, no Planejamento. Missão: organizar a Casa, não que estivesse cáída com Ronald Lobato, pessoa distinta, mas, por ser também político e conhecer os meandros do governo Pinheiro seria mais eficiente. E, na outra ponta, abrir portas em Brasília. Em síntese: trazer recursos, oxigenar o governo.

As coisas aconteceram nessa medida com a Fazenda participando. E, graças a performance do governo Lula com sua política econômica controlada a mão de ferro por Francisco Meireles, a flexibilização de Martins e o dedo de Pinheiro, os resultados agora são promissores. Como a volta que o mundo deu é a volta que o mundo dá, hoje, Wagner, sem querer querendo como diz meu amigo Rasta do Pelô, nos bastidores, deseja Pinheiro como candidato ao Senado na sua chapa.

Então, é isso. Economia anda de mãos dadas com a Política. Agora, se o camarada do outro lado não está vendo isso, vai encarar um bate-chapa domingo próximo com os 370 delegados do PT e pode tomar uma lavagem.