Colunistas / Política
Tasso Franco

MAIS LUZES NO CENÁRIO

A entrevista de Wagner na Band e a provocação a Geddel
25/05/2010 às 08:01
A entrevista do governador Jaques Wagner no Canal Livre da Band, na madrugada da última segunda-feira, 24,  colocou no cenário da política local e também da nacional novas luzes nas sucessões estadual e nacional. Está bem claro na cabeça do chefe do executivo baiano que seu adversário no estado é o ex-governador Paulo Souto e o projeto do PSDB com José Serra à Presidência. Quanto a Geddel e o PMDB admite o distanciamento, porém, acredita no apoio desse grupo político no seu projeto, caso aconteça um segundo turno entre ele e Souto, ainda que não tem certeza de que haverá segundo turno, nem que haja esse apoio.

Wagner lembra que, em 2006, dizia-se que ele sequer chegaria no segundo turno. E, quando as urnas foram abertas venceu o pleito no primeiro turno. Como a campanha propriamente dita só começa em agosto próximo, com o uso intensivo dos meios de comunicação de massa, rádio e TV, mas, especialmente a telinha, o governador situa que terá uma idéia mais precisa do que poderá acontecer. De bate pronto, vê o caso Geddel como uma "anomalia" sem problemas para sua candidatura e para o projeto Lula/Dilma, porque a população indentifica sua relação pessoal e política com Lula, e não com a candidatura do peemedebista.

"Minha cara é a do projeto Lula" textualiza Wagner situando que, cada qual, vai defender seu projeto para a Bahia e ele leva vantagem nessa empatia com o presidente porque tem uma amizade de 32 anos com Lula, foi fundador e primeiro presidente regional do PT no estado, e sua vida política está intrinsecamente relacionada com esse projeto. Enquanto Geddel, na visão de Wagner, tem um programa diferenciado, mais personalístico, e com características assemelhadas a política praticada por ACM no passado recente da Bahia.

Geddel, ainda na visão de Wagner, também não encarna o legado do carlismo. Este, sim, umbilicalmente vinculado a Paulo Souto, ao senador ACM Jr e ao deputado ACM Neto, cujo projeto político se alinha com a candidatura tucana oposta ao PT. A primeira advogando que, em linhas gerais, é necessário "crescer para dividir"; enquanto a segunda "dividir para crescer". E onde, então, entraria o PMDB? Na opinião de Wagner, como força complementar que, embora poderosa, não corresponde a expectativa do presidente. Ou seja, Lula dá mais ao PMDB; do que vice-versa.

Em sendo assim, e considerando que seu governo deslanchou com a saída do PMDB da gestão, há um projeto diferenciado PMDBxPT na Bahia e Geddel pratica métodos à semelhança de ACM, dificilmente Wagner poderá ter o apoio deste grupo político num provável segundo turno. O governador entende que, numa hipótese dessa natureza, dá-se uma nova eleição e os comandos partidários deixam de ter uma influência mais expressiva. Não que seja desnecessários apoios, e até citou a relação PMDB+DEM na vitória de João Henrique, em 2008, porém, não seriam tão fundamentais.

Essas novas luzes postas pelo governador, não tão inéditas assim porque ditas também no Congresso do PT, em Salvador, recentemente e com a presença de Dilma Rousseff, revelam o tom que Wagner dará a sua campanha política quando se iniciaram os debates na TV, a partir de 17 de agosto próximo, será feito em bloco considerando sua gestão no Estado e o projeto político Lula/Dilma. A segurança entrará nesse contexto. A saúde também será contextualizada dessa forma, e assim por diante.

De quebra, se Souto for gerenciar sua campanha apenas nos indicadores de gestão e comparativos com o NE, vis-à-vis, Wagner dirá que a culpa por atrasos estruturais no estado se deve a inibição do próprio Souto, o qual, quando governador, não levava projetos para Lula. Já deu esses sinais na Band. Caminhos pré-anunciados para análise dos marketeiros.