Colunistas / Política
Tasso Franco

VOX POPULI JOGA DUCHA DE ÁGUA FRIA NO JÁ GANHOU DO PT

Os números: Wagner 41; Souto 32; Geddel 9; Bassuma 1
17/05/2010 às 22:08

Foto: BJÁ
Geddel garante que vai crescer no momento da campanha propriamente dita
  A pesquisa Vox Populi divulgada pela Band Bahia na noite desta segunda-feira, 17, ouriçou o meio político. Havia, não um consenso, mas uma expectativa de que o governador Wagner despontasse com um número superior a 45%, até em função do crescimento de Dilma Rousseff na avaliação do mesmo instituto, impulsionada pelo prestígio e força eleitoral do presidente Lula da Silva.

  O número de Wagner com 41% com margem de erro de 3.7% para mais (44.7%) ou para menos (37.3%) provocou surpresas negativas. Já o número de Souto em 32% com mesma margem de erro (35.7% e/ou 28.3%) surpresas positivas. Já o deputado Geddel Vieira Lima oscilou um ponto percentual positivo saindo de 8% para 9%; e Luis Bassuma aparece com 1%.

  O que se denota foi um crescimento do bloco da oposição a Wagner da ordem de 5% considrando que Souto passou de 29% para 32%; Geddel de 8% para 9%; e Bassuma de 0% para 1%. E o que é mais significativo: levando-se em conta que 5% não é tão assustador assim, revela-se uma tendência e a configuração de um segundo turno, situação que não estava descrita na pesquisa anterior Vox, na qual, Wagner tinha 44%, Souto 29% e Geddel 8%.

  Ora, se somados os números da atual pesquisa Wagner 41% x o bloco da oposição registra-se 32+9+1= 42%; situação diferenciada da pesquisa anterior quando Wagner tinha 44% x o bloco da oposição 29+8= 37% o que lhe garantia uma eleição em primeiro turno.

  É claro que esses números podem ser modificados no decorrer na campanha, o ex-ministro Geddel aposta muito nessa lógica e na sua performance, como também esse bloco atual da oposição, pelo menos em termos de críticas ao governo Wagner, se altere ou se alinhe um dos seus componentes com o governador. 

  Isso vai depender, evidente, do plano nacional, do decorrer da campanha e assim por diante. Hoje, o quadro é Wager x os três da oposição.

  Acredito que o desempenho de Souto em curva ascendente nesta pesquisa se deve a pelos menos quatro fatores: a) alinhamento com o candidato José Serra e suas vindas a Bahia; b) criticas contundentes nas áreas de segurança e saúde; c) repasse à opinião pública do que considera má gestão do governo o que tem colocado a Bahia em plano secundário no Brasil e terciário no Nordeste; d) bons comerciais de TV, com imagem light e pronunciamentos duros.

  É  certo, então, a julgar pelos números, que a população esteja absorvendo essas mensagens de forma positiva. E, com isso, propensa a acolher Souto de volta ao governo da Bahia.

  Wagner, justo se diga, tem andado muito pelo interior do estado, é intensa a propaganda do seu governo nos meios de comunicação de massa, aliás, como acontecia com Souto no passado, mas os projetos administrativos em curso só agora começaram a aparecer. E não existe nada mais expressivo para se mostrar, salvo o conjunto do Água Para Todos, o Topa e o Saúde em Movimento.

  A maturação do seu governo, o deslanche, estaria, assim, ocorrendo tardiamente. E, agora, mesmo que vá ao interior com um pacote de obras, como aconteceu recentemente em Irecê, não dá para conclui-las até outubro. Os grandes projetos (Ferroviáro Oeste-Leste, Pólo Naval, Ponte de Itaparica, etc) são invisíveis aos olhos do eleitor mediano.

  Vai, portanto, depender bastante do presidente Lula em sua trajetória. No Congresso do PT, sinalizou que debaterá também os aspectos políticos, a democracia, a forma de governar com diálogo. Essa é uma questão relevante. Mas, não terá o mesmo efeito de 2006 porque ACM não faz parte mais do cenário político. Pode arguir ramificações nessa direção, mas, Souto, aos olhos da população não tem perfil autoritário, e sim de bom gestor.

  O deputado Geddel está satisfeito com os números. Recentemente me disse que seu crescimento estava acontecendo na política e não no eleitorado. E que, esse segundo item se daria na campanha. Entende que tem boas propostas, é o novo, e vai deslanchar quando chegar esse momento.

  E Bassuma, de sua parte, depende muito de Marina Silva. Se a candidata do PV a presidência crescer ou se mantiver na casa dos dois dígitos, Bassuma pode amealhar 3% a 5% o que seria uma situação extraordinária.

  Nessa pesquisa Vox quem se deu pior foi Wagner. Mas, nada demolidor. Agora, como já disse aqui neste site, o governo precisa rever alguns procedimentos administrativos e agir mais rapidamente, casos da meningite e da crescente onda de violência.

  Evidente que, por mais que Wagner queira discutir e por no cenário a questão política, o plano administrativo vai ser poderoso. E, aí, camarada, tem que agir nessa direção.