Colunistas / Política
Tasso Franco

OS CANDIDATOS AO SENADO E A ESTRATÉGIA DE ONDINA

Agora, o importante é consolidar as alianças em torno de Wagner
27/10/2009 às 20:23

  Duas qualidades complementares e fundamentais num político são a paciência e o olho vivo. Ou seja, é preciso ter cautela e saber esperar o momento adequado para consolidar um projeto de chapa majoritária numa eleição, sem precipitações; e, ao mesmo tempo, acompanhar com os olhos bem abertos a movimentação dos cenários, especulações, alianças, marketing viral, balões de ensaios e outros para não se dispersar.

   Digo isso porque há, no momento, uma enxurrada de informes sobre os candidatos ao Senado, em 2010, na composição das três pré-campanhas até agora lançadas, Jaques Wagner (PT), Paulo Souto (DEM) e Geddel Vieira Lima (PMDB) num fogo cruzado que requer exatamente os dois atributos citados acima: caldo de galinha e atenção redobrada.

   O móvel da questão, no âmbito do DEM, é o senador César Borges (PR) se ele vai se alinhar na chapa de Souto e/ou se acompanhará o ministro Vieira Lima (PMDB). Surpresa não seria se César optar por um ou outro, uma vez que tem relações históricas com o DEM e a candidatura de Souto está melhor posicionada, hoje, nas pesquisas. Mas, de igual modo, pode seguir Geddel uma vez que seu partido, no plano nacional está na base de apoio ao presidente Lula, e o ministro integra esse sistema.

   Ora, todo mundo sabe que César é um político experiente, faz bom mandato de senador, conhece bem o estado e suas lideranças, já foi governador, e, portanto, faz bem a qualquer chapa. É bom lembrar, no entanto, que César é paciente, matreiro, e certamente não vai ouvir cantos de sabiás. Como há tempo de sobra para ele analisar, pensar e decidir, ainda é cedo para tal decisão.

   Uma outra situação diz respeito aos prováveis candidatos na chapa do governador Wagner. Hoje, conversei com uma pessoa do núcleo do poder governamental e ele disse o seguinte: - A prioridade, hoje, é trabalhar um arco de aliaças em torno do governador com o PT e outros partidos, sem uma definição precisa de nomes para o Senado e a vice.

   Isso significa dizer que existem, obviamente, nomes pensados, analisados, mas, vai depender dessa correlação de forças mais adiante. Citar um ou outro nome, agora, é queimação. Ondina enxerga em adversários, por exemplo, uma fogueira armada em torno de Walter Pinheiro. Não que esteja descartado em 100% essa possibilidade, porque ele é um político graduado do PT, mas, hoje, essa possibilidade seria 1%, os outros 99% se creditam na conta de deputado federal.

  A tese é simples: Pinheiro quer ser prefeito de Salvador. E, como tal, não pode abandonar essa raia onde circulam Nelson Pelegrino, seu companheiro de partido; ACM Neto, do DEM; a deputada Maria Luiza, PSC, nome do prefeito João; Lúcio Vieira Lima, PMDB, todos candidatos a deputado federal, e que serão bem votados na capital. Ir para uma votação ao Senado, seria, portanto, a hipótese de 1%, entendendo-se que o projeto de alianças que vem sendo costurado por Wagner fracasse.

  O nome do ex-governador Waldir Pires também não é visto como prioritário no processo de costura da chapa Wagner. Trata-se de um político importante, emblemático, mas o projeto do PT e do governador é muito mais abrangente e está sendo medido com objetividade, pesquisas de opinião e integração a ao projeto Lula/Dilma.

  Portanto, meus caros leitores e leitoras, ainda é muito cedo para definições e lançamentos. Veja que, em menos de uma semana surgiu a candidatura do prefeito João Henrique (PMDB), ao Senado, e desapareceu nas cinzas, o próprio negando o que tentara se valorizar.