Colunistas / Política
Tasso Franco

OS ATENTADOS EM SALVADOR E O ANO ELEITORAL

Ou Wagner reverte a situação agora ou paga caro em 2010 nas urnas
09/09/2009 às 14:21
Foto: BJÁ
Área turística da cidade, Ondina, com módulo policial intacto e abandonado pela PM
  Os atentados que marginais estão promovendo em Salvador, desde o último dia 7, atingem diretamente a imagem do governo Wagner e terão reflexos na campanha eleitoral de 2010.
 
  Isso será inevitável porque existem cenas já gravadas pelos adversários da queima de ônibus e destruição de módulos policiais, com depoimentos de pessoas que se sentem inseguras e ameaçadas na condição de cidadãs.

  Desde o início da gestão do atual governo a segurança tem sido um dos intens mais preocupantes para a administração estadual. As pesquisas de opinião realizadas até agora, algumas das quais tive acesso aos relatórios, mostram que o item segurança é o calcanhar de Aquiles do governo que, apesar dos esforços empreendidos até agora, não conseguiu reverter esse quadro de desconfiança.

  Salvador que era uma cidade na região Nordest e no país que se destacava por ser pacífica, de população ordeira e festiva, de repente passou a ser um local inseguro, com altos índices de violência agregados aos indicadores de sua Região Metropolitana.

  As estatísticas apontam que, a cada fim de semana, somente na RMS registra-se uma média de 20 homicídios, o que representa algo em torno de 80 a 100 mortos por mês só nesta modalidade de crime. O número de veículos furtados e roubados por mês na capital baiana é assustador. E, o que é mais preocupante, as impunidades aos crimes por homicídio e ao patrimônio deprimem ainda mais a população.

  Os investimentos em equipamentos de seguraça para a Polícia, sem contar pessoal, pois, registre-se como positivas a incorporação de mais 3.200 PMs e grupos de policiais civis, estão muito aquém do que o programado no Orçamento do Estado. Em 2007, dos R$109 milhões previstos investiu-se R$58 milhões; em 2008, dos R$121 milhões programados investiu-se R$26 milhões; e, este ano, dos R$139 milhões, até agora, só foram investidos R$12 milhões e 780 mil.

  Há de se dizer que, de fato, a SSP precisa de uma dinâmica gerencial mais efetiva para que possa, ao menos, cumpir o que estabelece a lei orçamentária. O governo também se ampara em programas do Pronasci, do policiamento preventivo e da difusão da Cultura da Paz, mas, ainda assim, o crime organizado que se enraizou na Bahia dentro da lógica naciional e tendo como matriz Rio e São Paulo, está bem estruturado e dando sinais de que não teme a Policia.

  O governo Wagner, pois, tem esse enorme abacaxi nas mãos e precisa sentar para organizar o seu pessoal para o enfrentamento com inteligência e unidade. Por ora, a tão sonhada integração entre as policias não aconteceu e o atual secretário de Segurança Pública tem sido apontado como um empecilho na medida em que se posiciona, na ótica da Corporação PM, mais alinhado com a Polícia Civil.

  Hoje, existe a nítida impressão de que a Polícia como instituição, a Secretaria da Segurança Pública, está perdendo o jogo para os bandidos.

  O governador, obviamente, está preocupado com o que se passa em seu território porque será julgado pela população, em 201O, e mais de que qualquer outro personagem do governo, porque é o único que recebe o referendum das urnas, quer encontrar uma solução que possa reverter esse quadro.

  Caso não consiga conter essa onda de criminalidade explícita e desafiadora agora, em 2009, no ano eleitoral que se avizinha será atropelado pela vontade popular de mudar.