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Tasso Franco

A DIFíCIL UNIÃO PT+PMDB E OS DOIS PALANQUES PARA DILMA NA BAHIA

É isso que provavelmenete vai acontecer
26/07/2009 às 21:01
  Diante da crise política no Senado com exposição forte de dissidências entre o PMDB e o PT, o presidente Lula tem agido pessoalmente para evitar que esse clima de guerra tome conta dos palanques estaduais em 2010. Essa situação pode prejudicar a candidatura da ministra Dilma Rousseff e Lula está tentando enquadrar os seus partidários ordenando que tenham "responsabilidade".

   A preocupação do presidente tem sentido porque isso pode inviabilizar uma aliança nacional. O PMDB é um partido fisiologista que sabe usar o poder e ser ao mesmo tempo autônomo em suas decisões, ainda que não seja por unanimidade dos seus pares. Há problemas sérios em alguns estados, a Bahia entre eles, e Lula se esforça também na outra ponta desaprovando a disputa interna pela comando da legenda, no país e nos estados.

   Veja o seguinte: em Minas Gerais, o atual ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB) lidera todas as pesquisas e o partido quer o apoio do PT. Mas, o PT insiste em lançamento de candidatos próprios, seja ele Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte e amigo de Aécio Neves, governador do PSDB, ou de Patrus Ananias, ministro do Desenvolvimento Social, ligado a Lula mais diretamente.

   Em Mato Grosso do Sul, as pesquisas também apontam o governador André Pucinelli (PMDB) em primeiro lugar, mas o petista Zeca do PT, ex-governador insiste em concorrer. No Pará, a governador Ana Júlia (PT) está rompida com Jader Barbalho (PMDB); e, no Rio, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindenberg Farias (PT) quer sair candidato para atrapalhar a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB), aliado do Planalto.

   Agora, diante da legislação para divisão dos royalties de petróleo e gás natural, o governador Sérgio Cabral tem se posicionada contra o projeto orientado pela Petrobras e Planalto, permitindo que os benefícios da exploração do pré-sal se espalhem por todo país. O Rio, sendo o maior produtor, já disse que não aceita e o governador colocou a boca no trombone com fortes críticas a essa orientação.

   O caso da Bahia também é exemplar. O governador Jaques Wagner (PT) lidera às pesquisas e é candiato a reeleição. Lula já se reuniu com Wagner, na semana passada, tentando encontrar uma solução de pacificação. O ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) já disse que é candidato a governador e o presidente da legenda no estado, Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel, informou à imprensa que "é mais fácil um boi voar do que Geddel não ser candidato a governador".

   Como vemos, a missão Lula de encontrar a paz entre os dois partidos é bastante complicada. Esses são alguns exemplos postos acima. Mas, existem outros, inclusive em São Paulo, onde parte do PMDB já apoia a candidatura de José Serra (PSDB) a presidente e o Planalto é simpático a candidatura Ciro Gomes (PSB), para atrapalhar Geraldo Alckmin (PSDB), candidato a governador.

   Na semana que entra há indicativos de que o limite de Lula em sustentar José Sarney estaria chegando ao limite máximo. As denúncias contra a família Sarney não param de ser publicadas e os petistas, à frente o senador Aloisio Mercadente, temem que se perdurar essa insistência com Sarney será fatal a resposta da população nas urnas.

   Diante do exposto, a tese de que o presidente Lula estaria disposto a trabalhar com mais um palanque para Dilma nos estados passou a ser quase inevitável. Como conciliar Geddel x Wagner; Pimentel x Hélio Costa; Cabral x Lindenberg? Quase impossível. Daí que nesses e outros estados Dilma poderá ter os tais dois palanques.

   Na Bahia é isso que o ministro Geddel quer.