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Tasso Franco

A IMPROVÁVEL CHAPA WAGNER-JOÃO-GEDDEL

Tasso Franco é diretor de redação deste site
27/05/2009 às 12:01
Foto: Arquivo
Os Encontros Regionais do PMDB prosseguem com Geddel na cabeça da chapa
  A tese de que o PMDB estaria criando dificuldades para o governo Wagner visando vender facilidades e aceitar de bate-pronto e/ou de bom coração as candidaturas de Geddel Vieira Lima, ao Senado, e João Henrique, a vice-governador, numa chapa encabeçada pelo candidato natural do PT. o atual governador, é improvável.

   Em política nunca se pode afirmar que é impossível. Mas é prematuro se falar numa aliança dessa natureza no momento em que o PMDB, astucioso como é no plano nacional procura manter o PT sob controle com a CPI da Petrobras e se articula, no Brasil, para fazer o máximo possível de governadores e bancadas nas Assembleias Legislativas e na Câmara Federal.

  Na Bahia, o PMDB só conseguiu chegar ao poder máximo do Estado uma única vez, com Waldir Pires, em 1987, com sequência a partir de maio de 1989, com Nilo Coelho, e, a julgar pelas ações que vem empreendendo em seus Encontros Regionais, o partido acha que, agora, há espaço para retornar à Ondina na cabeça da chapa, em 2010, 23 anos após a vitória de Waldir.

  A questão da improbabilidade da chapa Wagner-João-Geddel e mais um outro político a ocupar a disputa ao Senado reside no fato de que existe o PT, como prioritário, e, além dele, os seus tradicionais aliados PSB e PCdoB, e os novos PP, PSC, PSL e partes do PR, PTB e PDT.

  Ora, uma chapa Wagner-João-Geddel seria uma sopa no mel para o PMDB ainda que se predomine a cabeça do processo com o PT. Numa hipótese de vitória, como ficaria o PT entidade e sua representação política vendo esse avanço em suas conquistas de fronteiras? 

   Essa é uma questão que alarga o debate, pois, há consciência interna no partido da necessidade de manter a aliança com o PMDB, porém, dentro de um limite aceitável.

  Ademais, todos sabem que a disputa João x Pinheiro na capital deixou sequelas enormes no PT e seria até esdrúxulo, senão completamente fora de propósitos, uma aliança Geddel-João diante de tudo o que se passou. Seria, no mínimo, menosprezar a inteligência dos baianos.

  Na política, como na vida, há limites para o bom senso.

  Numa hipótese de derrotada da chapa (nunca se sabe) aí a situação do PT, como partido, ficaria mais vulnerável sobretudo se houver uma dupla defecção na Bahia e no Brasil.

   O PT, portanto, precisa compor uma chapa que assegure ao partido, no Estado, ampliar sua base na Assembleia Legislativa. Pois; pois, o PMDB tem 130 prefeitos e diante de tal proposição inicial Wagner/João/Geddel sua tropa de choque na ALBA só teria a crescer, enquanto a do PT se manter onde se encontra e/ou até minguar.

   Uma outra questão já posta em andamento são os Encontros Regionais do PMDB num processo sem retorno, incentivado pela direção partidária sob o comando de Lúcio Vieira Lima, irmão de Geddel e candidato a deputado federal, bases que já acenaram com Geddel candidato a governador.

   Esses são alguns pontos preliminares que apontam a improbabilidade da chapa Wagner/João/Geddel antes mesmo do levante de vozes dos tradicionais aliados do PT, PSB e PCdoB,  os quais, certamente, não se contentariam, mais uma vez, de apenas serem coadjuvantes terciários em 2010.

  Há, ainda, muita água pra rolar embaixo da ponte. 

  O próximo movimento do PMDB será em Jacobina, no final de semana (31/5), no III Encontro Regional do partido com a bandeira de Geddel na cabeça.