Colunistas / Política
Tasso Franco

DOIS PRA LÁ (PT) X DOIS PRA CÁ (PMDB)

Como na música cantada por Elis, distantes e corações traçoeiros
10/05/2009 às 21:22
   Por mais que se queira manter a aliança PT com o PMDB na política baiana, na prática, o que se vê é que os dois partidos estão a cada dia mais distantes um do outro. Nesse momento, diante das chuvas que caem na RMS, presencia-se uma separação ainda maior, os líderes principais dessas agremiações, o governador Jaques Wagner (PT) e o ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), agem cada um de um lado e/ou em lados separados atuando com o mesmo objetivo.

   Ontem, o presidente do PT na Bahia, Jonas Paulo, disse ter comemorado a resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT, considerando que a tática para as eleições de 2010 será orientada para a vitória na eleição presidencial submetendo a ela todos os processos estaduais.

  
   Para ele, essa sintonia com o Diretório Nacional da legenda e com o Palácio do Planalto permitiu que o PT na Bahia tirasse uma orientação pela manutenção das alianças que elegeu Jaques Wagner governador, submetendo o processo estadual ao êxito da candidatura do partido à Presidência da República.


   "Nosso entendimento é que a manutenção da aliança a nível nacional com o PMDB, por exemplo, se potencializa nos estados; e a Bahia é um dos principais colégios eleitorais do País dirigido por um petista. Nossa prioridade é reeleger Wagner e buscar a conformação de outras forças para construção de uma chapa majoritária forte e de alta competitividade", disse.

   Agora, vamos a prática. O governador Wagner, desde que as chuvas cairam intensamente na cidade do Salvador, a partir da última terça-feira, 5, só manteve um contato pessoal com o prefeito de Salvador, João Henrique (PMDB), quando da reunião com secretários e mais os prefeitos de Simões Filho, Eduardo Alencar; e Lauro de Freitas, Moema Gramacho.

   Neste domingo, o governador esteve em Lauro de Freitas, município administrado pelo PT, mas, não fez o mesmo com João (PMDB) e com Eduardo (PSDB). Seria, digamos assim, o lógico. Em Salvador, fez mais um sobrevoo e determinou a secretários de Estado, inclusive Walter Pinheiro (Planejamento) que foi candidato a prefeito, em 2008, contra João, que fossem fazer uma avaliação em Paripe, um dos bairros mais castigados pelas chuvas.

   Ora, o ministro Geddel também já fez um sobrevoo em Salvador, sem a presença do governador, e deu uma coletiva ao lado do prefeito João falando das providências que o Ministério da Integração Nacional adotará para ajudar as vitimas das chuvas. Fala do governo do presidente presidente Lula, mas, não cita Wagner.

   Assim posto, o PT não está formalmente rompido com o PMDB, mas, é como se assim fosse. Geddel sobrevoa a cidade sem Wagner; Wagner sobrevoa a cidade sem Geddel. Wagner visita Moema, vizinha de Salvador; João fica sem a visita de Wagner. Os secretários de Estado falam uma coisa sobre a cidade; os secretários do município falam outra coisa.

   Recentemente, no último dia 4, aconteceu a posse do deputado Nelson Pelegrino (PT) na Secretária de Cidadania, Justiça e Direitos Humanos. No final de semana anterior a posse, Pelegrino deu declarações à imprensa local, defendendo a aliança com o PMDB. Em sua posse, na Fundação Luis Eduardo, em Salvador. não havia um secretário da Prefeitura. Prefeito, nem sonhar.

   É claro que, num determinado momento, haverá o pipoco formal. Todo mundo fala no plano nacional, que essa aliança quem ditará será Brasília, mas, a realidade é que, na Bahia, mesmo que Brasília orienta esta aliança, a situação local está muito desgastada. E, a cada dia, só piora.

   Não há uma luz no final do túnel. Tá tudo um breu dos pecados. Breu molhado, escorregadio, com muitas armadilhas e chuvas.