Colunistas / Política
Tasso Franco

PONTE, A "ISCA" E DEBATES INICIAIS WAGNER X SOUTO

A campanha 2010 dá os primeiros sinais de vida
28/03/2009 às 15:21

O documento apresentado pelo governador tem a legenda: "Se essa ponte existisse"
  O governador Jaques Wagner (PT) e o ex-governador Paulo Souto (DEM) iniciaram as primeiras trocas de observações mais diretas visando a sucessão estadual, em 2010, tendo como "gancho" o projeto de construção da ponte ligando a Ilha de Itaparica a Salvador.

  Movimento nacional nessa mesma direção política move o ex-presidente Fernando Henrique (PSDB) em relação a ações do governo do presidente Lula também tendo como alvo a eleição presidencial, em 2010, FHC servindo de interlocutor do governador de SP, José Serra, notório pré-candidato a presidente.

  No caso da Bahia, sem o PSDB para fustigar Wagner, até porque se comenta a possibilidade de Paulo Souto integrar a direção regional deste partido no Estado, os ataques à administração petista têm sido feitos, diretamente, pelo ex-governador, e ademais por deputados estaduais organizados nessa direção, na Assembleia Legislativa do Estado.

  Às críticas de Souto ao projeto da ponte, velho sonho que povoa o imaginário popular da Bahia, com citações histórico-folclóricas a Construtora Norberto Odebrecht, fizeram com que, o governador Wagner, ainda sem citar o nome de Souto, diretamente, o respondesse, respaldando-se na informação de que tem o aval do presidente Lula para difundir o fato, dando conta de que não é de "fazer bravatas e enganar a população".

  Ou seja, ao anunciar o projeto, o governador tem a garantia (se supõe) de recursos do governo federal para tal empreitada. Nada, aliás, exorbitante, visto que o Metrosal (Metrô de Salvador) já consumiu algo em torno de R$1 bilhão, teve seu trajeto reduzido, e até hoje nada, enquanto a ponte, os estudos preliminares apontam para algo em torno de R$1.5 bilhão.

   A questão, na ótica do mundo político, e essa deve ter sido as razões para as críticas de Souto, a ponte à frente e saúde, educação e segurança e seus problemas em segundo plano, é que o governo Wagner caminha para findar seu 27º mês de gestão, e o que resta (faltam 23 meses dos 4 anos), não há tempo para fazer a ponte. 

   E, o que é mais sintomático, como o governador apresentou o projeto numa visita do presidente Lula, fica, agora, na obrigação de pelo menos iniciar a sua execução, sob pena de ser bombardeado por seus adversários políticos. Quem faz marketing político sabe o estrago que uma situação dessa natureza, pode provocar numa campanha.

  Wagner, em conversa recente com o editor deste BJá revelou ter consciência de que seu adversário político, nas urnas de 2010, será Paulo Souto. Torce, e aí volta à política nacional, porque é a direção nacional da campanha a presidente quem vai decidir esse rumo, por manter a aliança com o PMDB, do ministro Geddel Vieira Lima. Mas, o PMDB poderá alinhar-se ao PSDB; e/ou manter-se com o PT. Nunca se sabe e ainda é cedo ter-se uma certeza.

  O governador, então, prepara-se para confrontar o seu governo (essa é a estratégia pensada) com o de Souto. Wagner assegura que, hoje, (isso sem contar os 23 meses que faltam para concluir seu mandato) já tem números melhores do que a administração Souto.

  Os cenários iniciais são esses. Wagner mordeu a "isca" (a ponte) lançada por Souto e antecipou o debate. 

  O que vai acontecer daqui pra frente? Bem, a polarização do debate com apenas dois interlocutores não parece ser o presumível. Há um terceiro personagem no cenário.