De terninho preto e com um megahair afro nos cabelos, a travesti Andréia Albertini, denunciada pelo Ministério Público por extorsão ao jogador Ronaldo Fenômeno, compareceu mais uma vez ao Tribunal de Justiça do Rio, na tarde desta terça-feira (19). Escalado pela Justiça como testemunha, Ronaldo não compareceu pela segunda vez à audiência, em que ele deveria dar a sua versão sobre o que aconteceu entre as quatro paredes do Motel Papillon, na Barra da Tijuca, em abril deste ano.

"Agora a verdade está vindo à tona. O Brasil me crucificou. Estou querendo esclarecer a história e ele não vem. Quem não deve não teme", disse Andréia Albertini, que figura no processo do MP com o nome de batismo, André Luiz Ribeiro Albertini.

Segundo a assessoria de Ronaldo, o atacante está em Paris. Segundo o Tribunal de Justiça, a juíza Marta de Oliveira Cianni Marins, juíza da 23 Vara Criminal, vai deferir o pedido do Ministério Público para que sejam oficiados outros órgãos, que poderão informar ao juízo mais endereços em que o jogador possa ser encontrado. Nos dois endereços dados por Ronaldo no início do processo, ele não foi localizado.

Também estão no tribunal nesta terça-feira dois funcionários do motel, que foram arrolados como testemunhas de acusação. Maria Lucia Cabral e Leidson Moreira estão acompanhados do advogado do estabelecimento, Jessiano Veloso de Oliveira.
 'Calote que deu certo', diz travesti

Para Andréia Albertini, de 21 anos, o episódio de repercussão internacional foi um "calote que deu certo". Ela está escrevendo um livro contando a história de sua vida, desde a infância na cidade paulista de Ribeirão Pires ao caso Ronaldo, passando pelo momento em que virou travesti, aos 12 anos.

O Ministério Público estadual do Rio denunciou em maio deste ano o travesti, que se envolveu numa confusão com atacante Ronaldo, do Milan, no fim do mês de abril. Na denúncia, o promotor Alexandre Murilo Graça diz que "André Luiz Ribeiro Albertoni, vulgo Andreia, mediante grave ameaça, constrangeu Ronaldo Luís Nazário de Lima, com o intuito de obter indevida vantagem financeira'".