Política

A QUEDA DE BRAÇO JERÔNIMO X APLB E O ENSINO PASSA TODOS ALUNOS (TF)

"Eu fico muito triste como governador, como professor, quando vejo professoras e e professores reprovando alunos", disse Jerônimo
Tasso Franco , Salvador | 22/02/2024 às 11:48
Escola em tempo integral da Vila Canária, bela e ensino de baixa qualidade
Foto: Secom
     A queda de braço entre o governador Jerônimo Rodrigues e a APLB/Sindicado diante das portarias que determinam que os alunos das escolas públicas estaduais passem de ano, independente do desempenho escolar, tende a continuar uma vez que a secretária Adélia Pinheiro, da Educação, recebeu em seu gabinete uma representação da APLB, mas não deu sinais de que vai alterar as determinações contidas nas portarias (190/271) e o Sindicato diz, que desta forma, não aceita. E, em nota, classficia o governador Jerônimo Rodrigues de autoritário.

  Bem, a essa altura dos acontecimentos, a primeira portaria de número 190 foi publicada no dia 24 de janeiro, já havia uma determinação das direções das unidades escolas no final de 2023 no sentido de que os professores passassem todos os alunos de ano, independente dos seus desempenhos. 

  Essas deferências não foram do agrado de muitos professores, aconteceram alguns protestos internamente nas escolas, mas os alunos foram aprovados. O governador Jerônimo, em fala na abertura do ano letivo, chegou a dizer que escola que reprova aluno é escola autoritária. E o assunto ganhou as manchetes dos meios de comunicação.

  E, mais disse, que no seu governo "Eu fico muito triste como governador, como professor, quando vejo professoras e e professores reprovando alunos. Não pode ser um professor, um educador, que tenha que dizer no final do ano: 'você está reprovado'. Quando reprova, é a escola que está reprovada. É a escola que não tem condição de dizer: quero curar você da escuridão", afirmou o governador.

  Em outro momento, ele diz que este tipo de conduta não combina com as escolas baianas. "A escola que reprova é uma escola autoritária, é uma escola preconceituosa. Não cabe na Bahia de Anísio Teixeira, de Ruy Barbosa, não cabe a escola ser autoritária. A que nós tínhamos, a escola da escuridão, a escola dos autoritários, era aquela que além de reprovar, nenhum pai ou mãe queria ir, porque sabia que era para esculhambar os filhos deles, falar mal dos meninos e meninas", diz.

  Diante de tais declarações, as relações de bom entendimento com a APLB foram para o espaço. O sindicato diz que não é adequado culpar os professores pela reprovação de estudantes. 

  "Não é justo atribuir essa responsabilidade única e exclusivamente aos professores, professoras ou à qualquer instituição de ensino. Temos problemas graves como a evasão escolar, a insegurança, a falta de estrutura, a desvalorização dos trabalhadores em educação. Como professor, o governador sabe que o ato de ensinar não pode se resumir na aprovação ou desaprovação do aluno. Vai muito mais além!".

  O certo é que há um fato consumado e os alunos matriculados em 2023 passaram de ano. Mesmo que o governador revogue a portaria (já foi publicada outra, ontem, a de numero 271 que a APLB diz não resolver o probelma) é praticamente impossível reprovar quem tinha que ser reprovado, ou porque não teve desempenho escolar adequado; ou porque não frequentou a escola, uma vez que todos já passaram.

  No máximo o que o governo pode fazer é publicar uma nova portaria valendo para o ano de 2024 estabelecendo que vai considerar o desempenho do aluno em sala de aula, seus trabalhos escolares e a avaliação dos professores. 

  Na situação vigente, e essa é uma das irritações da APLB, é preciso (sempre) valorizar e qualificar o professorado para que tenha bom desempenho em sala de aula e possa, também, cobrar do aluno seus deveres. 

  Desde quando Rui Costa, então governador, foi muito criticado por não ter feito investimentos na Educação, o governo do Estado vem implantando escolas em tempo integral na Bahia desde 2021/2022 com invesrtimentos que já passam de R$1 bilhão. 

  E são escolas, de fato, bonitas, bem estruturadas, com laboratórios e equipamentos de esporte, porém, o fundamental, o foco principal é o ensino, a qualidade do ensino. Não adiante ter escolas glamurosas, algumas até com piscinas, se a qualidade do ensino não for boa. 

   E essa é a tarefa principal da SEC e dos professores. E escola boa - isso em qualquer parte do planeta- é aquele que exige conhecimentos, aprendizados dos alunos. As escolas públicas na China, Coreia do Sul, França, Inglaterra, Finlândia, etc, são extremamente rigorosas com o saber. 

  Nenhum país avançou sem isso. Recentemente, vimos declarações de alunos que tiraram excelentes notas no ENEM, e a SEC do estado divulgou alguns dos seus, e os estudantes disseram em depoimentos que para obter notas altas, aquelas que permitem acesso aos cursos de medicina, estudam 10 a 12 horas por dia. Creio que Jerônimo deve ter lido algumas dessas matérias. (TF)