Política

JERÔNIMO CLASSIFICA DE ESCOLA AUTORITÁRIA AQUELA QUE REPROVA ALUNOS

Portaria do governador Jerônimo desrespeita o trabalho dos professores, diz APLB
Tasso Franco , Salvador | 20/02/2024 às 11:23
Jerônimo Rodrigues defende aprovação em massa
Foto: Joá Souza
  Nas redes sociais circula um video em que o governador da Bahia Jerônimo Rodrigues diz, em Feira de Santana, na abertura do ano letivo que é favorável a aprovação de todos os alunos da rede pública em massa, indepenbdente de respeitar os processos pedagócios. Algo assustador considerando-se que Jerônimo foi secretário de Educação do Estado e é professor. Portanto, em tese, ao menos, deveria saber que estudar, frequentar as aulas e prestar contas dos estudos faz parte da pedagogia.

   Veja o que disse o governador: "Fico muito triste como governador e como professor quando vejo professores e professoras reprovando alunos. Não pode ser um professor, um educador que tenha de dizer no final do ano: você tá reprovado. Quando se reprova é a escola que tá reprovada. É a escola que não tem condições de dizer: eu quero curar você da escuridão. A escola que reprova é uma escola autoritária, é uma escola preconceituosa".

   Prosseguiu sem que a platéria de aliados sequer se entusiasmasse e apenas ouviram-se palmas contidas: "E não cabe na Bahia de Anisio Teixeira, na Bahia de Ruy Barbosa, na Bahia de Lavine, não cabe a escola ser autoritária. A escola que nos tínhamos, a escola ae escuridão, a escola dos autoritários,era aquela que além de repvovar quando chamava o pai ou mãe, nem um pai nem mãe queria ir, pois sabia que iam esculhambar os filhos deles, falar mal dos meninos e meninas".

   ENSINO DE BAIXA QUALIDADE
 
   Ontem, o governador não respondeu a um repórter do Correio sobre a denúncia da APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia de “aprovação em massa” de estudantes da rede estadual.

   Quando perguntado afirmou: “Você (jornalista) assistiu à minha aula hoje? Vá lá nas minhas redes sociais e veja lá o que falei. Minha resposta está lá”. Antes, a reportagem foi embarreirada pela assessoria de comunicação do governo, que tentou impedir a pergunta. "Já acabou a coletiva (de imprensa)", informou uma assessora.

DENÚNCIA DA APLB

No dia 27 de janeiro deste ano, o Governo da Bahia publicou a Portaria de nº 190, no Diário Oficial, para tratar do processo de aprovação dos alunos do ensino médio. A referida portaria,  retroativa ao ano de 2023, tem causado grande inquietação junto aos profissionais ligados à área da Educação, principalmente professores.

A preocupação aumenta, pois, por conta da medida foi promovida a aprovação automática, inclusive para alunos não frequentes. A APLB-Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia não é à favor da reprovação em massa ou automática. Mas, a aprovação precisa respeitar o processo Pedagógico, respeitando o tempo de aprendizagem dos alunos de forma qualificada para que possam cumprir o percurso escolar da melhor forma.

A APLB chama a atenção para o fato, que considera grave, pois a portaria invalida todo o processo pedagógico, além de não respeitar o trabalho do professorado, com relação às avaliações quantitativas e qualitativas, além dos procedimentos do conselho de classe por unidade, que foram debatidos, aluno por aluno, a recuperação final, ao término do ano letivo e, enfim, o conselho de classe final.

A direção da APLB está atenta.  A Educação de qualidade sempre foi uma das suas principais bandeiras de luta. Para o coordenador-geral, Rui Oliveira, a medida é uma verdadeira afronta à Educação. “Essa aprovação em massa diz claramente que o governo não tem compromisso com a Educação. Nós repudiamos a ação, que consideramos uma falta de respeito aos educadores que realizaram todo o processo pedagógico. A ação foi tomada sem nenhuma interlocução, sem nenhum diálogo. Uma atitude drástica que só faz com que a educação na Bahia piore cada vez mais.”, critica Rui.

O coordenador ainda esclarece que o Sindicato buscará medidas legais. “Nós vamos denunciar ao Ministério Público estadual, ao Conselho Estadual de Educação, na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e junto à CNTE-Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação”, reforça Rui. Informações: APBL-Sindicato.