Repercussão no DN de Portugal
Tasso Franco , da redação em Salvador |
09/07/2020 às 12:46
Bolsonaro diz que uso de máscara é coisa de viado
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"Máscara é coisa de viado", dizia Jair Bolsonaro a quem o visitava no Palácio do Planalto e também aos funcionários do local. "Viado", abreviatura de "transviado", é uma das forma pejorativas de classificar os "homossexuais" no Brasil.
"Os relatos de pessoas que visitaram Jair Bolsonaro depois da explosão da epidemia de Covid-19 no Brasil descrevem momentos de tensão. O presidente se recusava a usar máscaras, o que induzia convidados a seguir o exemplo. Fazia questão de se aproximar para cumprimentar com um aperto de mão", revelou a jornalista Monica Bergamo na sua coluna de bastidores de Brasília no jornal Folha de S. Paulo.
A declaração atribuída ao presidente provocou debate sobre homofobia e padrões de masculinidade, além da hashtag #CoisadeViado na rede social Twitter.
"Tem toda a razão, presidente. Máscara é coisa de viado. De viado inteligente. De viado preocupado com segurança e a saúde do próximo. De viado que não acha que vai ser menos macho por seguir recomendações de saúde", escreveu o jornalista Fernando Oliveira, a propósito.
A drag queen e youtuber Lorelay Fox convocou "mais "viadinhes" a partilhar imagens usando máscara durante a pandemia", ajudando o tema a continuar entre os mais comentados no Brasil.
Bolsonaro, antes de ser eleito presidente, tinha histórico de ofensas a homossexuais - chegou até a dizer que preferia ter um filho morto em acidnete de automóvel a vê-lo aparecer em casa de mão dada com um bigodudo.
O site Huffington Post Brasil lembrou um estudo realizado pela Universidade de Middlessex, em Inglaterra, e pelo Instituto de Pesquisa em Ciências Matemáticas, nos Estados Unidos, em que se demonstra que mesmo que seja comum homens e mulheres deixarem de usar a proteção durante a crise, eles podem resistir mais ao uso do que elas.
Esse comportamento masculino, segundo os pesquisadores, estaria relacionado a uma atitude mais ampla diante de questões de saúde. Diz o estudo que os homens são condicionados a serem "durões" e não sabem lidar com a fragilidade, medo ou preocupação diante de problemas de saúde - tanto sua, quanto dos outros -, o que explicaria a resistência ao uso.