Política

LULA DIZ QUE PT NÃO NASCEU PARA DAR APOIO E DESTACA HADDAD E RUI

Fala de Lula deve ter forte repercussão em sua base de apoio
Da Redação , Salvador | 14/11/2019 às 18:39
Lula na Bahia
Foto: Ricardo Stuckert
   O ex-presidente Lula parece que saiu da cadeia mais arrogante e afirmou nesta quinta-feira, 14, no encontro da Executiva do PT num hotel de luxo de Salvador  que seu partido não nasceu "pra ser partido de apoio" e que deve lançar candidatos a prefeito em todos os municípios possíveis. E, criticou Bolsonaro, Luciano Huck e João Dória.  

 "Bolsonaro, não pense que eu quero brigar com esses milicianos. Não quero, essa briga resultou na (morte de) Marielle". Lula voltou a criticar a condução econômica do governo federal, numa demonstração do que deve ser o mote de sua atuação na oposição e atacou de forma rápida o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, a quem chamou de "canalha".

   "Eu poderia ter ido para uma embaixada, mas tomei a decisão de ir para pertinho do Moro, para provar o canalha que ele foi ao me julgar", afirmou Lula, em referência à sentença de Moro, quando era juiz da Lava-Jato, no caso do triplex do Guarujá, em que o petista foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. 

   De acordo com o ex-presidente, o objetivo da operação teria sido tirar o PT da presidência. "Não quero me vingar de ninguém. Eu vou viver um pouco mais, porque hoje está claro na minha cabeça o que foi a Lava Jato e o por quê de tanta estigmatização e ódio ao PT. (...) Eles julgaram o meu mandato e não a mim".

Acompanhado da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do partido, e de Fernando Haddad, candidato derrotado à Presidência em 2018, Lula ainda criticou medidas recentes do governo de Jair Bolsonaro, como a MP do programa Verde e Amarelo, a reforma tributária, e o leilão da Petrobrás.

    "Ele é como um desses desastres que acontecem de vez em quando. (...) Agora, estão até querendo taxar até o salário-desemprego, criar emprego onde o cara não terá nenhum direito. É quase voltar ao tempo da escravidão", afirmou.

Recado ao partido

Ao falar da disputa eleitoral de 2022, Lula afirmou que pode subir a rampa do Palácio do Planalto com Haddad ou com o governador da Bahia Rui Costa. "Eles não vão tirar o PT da disputa eleitoral deste País com Lula ou sem Lula. Eu posso subir a rampa do Palácio do Planalto novamente em 2022 levando Haddad, Rui e outros companheiros. O PT não nasceu para ser um partido de apoio", enfatizou o ex-presidente. "Nós vamos lançar candidaturas em todas as cidades que for possível. Quem vai defender a Dilma? Nós somos uma família."

O recado dado às lideranças do partido também foi claro: o PT deve se fortalecer internamente. Segundo ele, o partido deve apostar na polarização. "Sabe quem polariza? Quem disputa o título. O PT polarizou em 1989, 94, 98, 2002, 2006, 2010, 2014 e 2018, e vai polarizar em 2022".

Segundo Lula, toda eleição surgem nomes novos, como o de Huck. "Todo ano, eles têm que inventar um candidato. Agora vai ser o 'Caldeirão do Huck'. Huck e [João] Dória é como pausa e menopausa. (...) Podem inventar quem quiser, eles não vão conseguir tirar o PT da disputa eleitoral desse País".

 "Tem companheiro do PT que também fala que tem que fazer autocrítica. Faça você a crítica. Eu não vou fazer o papel de oposição. A oposição existe para isso", argumentou. "Você já viu alguém pedir ao FHC para fazer autocrítica? Ao Bolsonaro? É só o PT. E eu, pra não ficar doente, tenho que reconhecer a autocrítica. Quem quiser que o PT faça autocrítica, faça a crítica você. É para isso que existe a oposição." 

Lula deu a entender, ainda, que o partido deve se aproximar mais de suas origens, evocando mais uma vez o discurso de classes para explicar o "ódio" que parte da população tem contra o partido. "O PT tem que sair desse momento histórico mais forte. Nós temos que saber é o que o nosso povo vive no seu dia a dia". Segundo o petista, a esquerda brasileira "conhece muito mais sobre os heróis da revolução russa, cubana e chinesa, do que os nossos próprios heróis".