Política

DEBATE DA BAND: Dilma fez seu melhor debate da campanha até agora

Debate da Band mostra que a presidente se preparou melhor para enfrentar Aécio
Tasso Franco , da redação em Salvador | 15/10/2014 às 09:17
Um debate com estratégias parecidas ambos na ofensiva
Foto: DIV
   No primeiro debate deste segundo turno entre os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), basicamente, o embate se deu entre o passado dos governos FHC e Lula e o futuro do país. Quem esperava ou imaginava que Dilma seria fácil de bater como aconteceu no primeiro turno, Aécio se destacando mais do que ela, desta feita a presidente se preparou melhor e procurou sempre partir para a ofensiva deixando o "tucano" de certa forma até surpreso com esse comportamento.

  Foi um debate da ofensiva contra a ofensiva mostrando que a melhor arma contra um adversário é o ataque e não a resposta ou explicação sobre um tema. Os dois, portanto, aplicaram idêntica estratégia. Mas, pela surpresa, Dilma esteve mais segura do que em dabates anteriores e dsiu-se bem melhor do que nos debates do primeiro turno.

  E, claro, isso fez com que Aécio derapasse em alguns momentos tendo que responder algumas questões mais ardolosas postas pela presidente como no caso dos empregos de sua familia e da construção do aeroporto de Cláudio, e da politica para mulheres. Já Aécio esteve melhor quando levou à tona o escândalo da Petrobras e o fato do Brasil está com a economia paralisada.

  Dilma, no entanto, manteve a estratégia de comparar números da gestão atual com as administrações tucanas, o que aos olhos dos telespectadores foi um ponto positivo. Já Aécio, ainda que tenha lembrado o que fez em Minas, enfatizou que a adversária só olhava para o “retrovisor” em vez de tratar de propostas para os próximos quatro anos. O debate, na Band, também teve disputa pela paternidade de programas como Bolsa Família e Pronatec..

  O modelo de perguntas livres, sem temas pré-determinados ou perguntas de jornalistas, deu uma boa dinâmica ao debate e facilitou a troca de acusações entre os candidatos ao Palácio do Planalto. Preparados para responder perguntas sensíveis, Dilma e Aécio usaram respostas automáticas já apresentadas em outros debates, mas evitaram ficar na defensiva, partindo para contra-ataques.

  Dilma lembrou a derrota de Aécio em Minas – Dilma foi a mais votada no Estado -, a candidata à reeleição manteve a estratégia de comparar os 12 anos de governos do PT com os oito da gestão de Fernando Henrique Cardoso. Aécio, por sua vez, tentou explorar a atual situação da economia brasileira, citar denúncias de corrupção e apresentar ideias de FHC como embrião de políticas sociais do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma abriu o confronto com uma pergunta sobre saúde pública. Ela criticou a oposição pelo fim da CPMF, pela postura com relação ao programa Mais Médicos e colocou Minas Gerais no debate ao acusar Aécio Neves de não cumprir metas de investimentos em saúde pública. Ela sugeriu aos telespectadores que entrassem no site do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para comprovar sua afirmação. A página acabou ficando fora do ar.

Aécio apresentou sua defesa sob o argumento de que o Ministério da Saúde do governo petista classificou a saúde de Minas Gerais como a melhor do Sudeste e usou sua primeira pergunta para falar do que chamou de “ataques cruéis” da campanha do PT. O tucano negou a intenção de acabar com o programa Bolsa Família, que considera um desenvolvimento do Bolsa Escola de FHC. Dilma acusou o adversário de criar “fábulas” ao tentar atribuir ao governo tucano o nascimento do programa social.

No tema da corrupção, Aécio lembrou do escândalo da Petrobras e da delação premiada do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, ao considerar que a petista apenas repudiou a divulgação de denúncias feitas pelo acusado de um esquema de pagamento de propina envolvendo contratos da estatal. Dilma voltou a dizer que garantiu autonomia para a Polícia Federal trabalhar e se referiu aos trabalhos da Operação Lava Jato como “minha investigação”.

A presidente aproveitou o tema para perguntar a Aécio Neves sobre a construção do aeroporto na cidade de Cláudio (MG), suspeita de irregularidades. O tucano chamou a petista de “leviana” e lembrou que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determinou arquivar a investigação criminal sobre o caso.

Em outra ocasião, Dilma acusou Aécio de praticar nepotismo por, segundo ela, nomear parentes para cargos públicos. O tucano desafiou a adversária a apresentar provas de que teria cometido tal irregularidade.

Ao puxar o debate para a economia, Aécio explorou a fala do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, que sugeriu a troca da carne por ovo na mesa dos brasileiros em um comentário sobre a taxa mensal da inflação. Dilma evitou chamar a frase “infeliz”, como fez em entrevista a jornalistas na segunda-feira, e jogou a discussão para o governo Fernando Henrique, mais precisamente na gestão de Armínio Fraga no Banco Central, nome que o tucano quer para ministro da Fazenda.

“É preciso ter humildade para admitir que vocês fracassaram na condução da política econômica”, cobrou Aécio. “Eu acredito que com o mesmo cozinheiro vocês não vão entregar um prato diferente”, respondeu a petista.

No terceiro bloco, a presidente surpreendeu ao perguntar para Aécio Neves sobre violência contra mulher e se o tucano acabaria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que ganhou status de ministério durante o governo Lula. Aécio, defensor do corte de pastas do governo, respondeu que não é preciso ter um ministério para priorizar certas políticas e disse que o PT não pode tentar se apropriar da lei Maria de Penha, aprovada pelo Congresso.

Em meio às trocas de acusações, um dos raros momentos de intercâmbio de ideias e propostas foi no campo da educação. Dilma defendeu uma flexibilização na reprovação de alunos, para repetirem apenas disciplinas nas quais forem reprovados, enquanto Aécio defendeu o critério de meritocracia para premiar professores com bom desempenho.