Política

DESMANTELAMENTO das instituições tem afetado trabalho da segurança

Audiência pública aconteceu hoje na Assembleia
Silva Hinain , Salvador | 30/10/2013 às 17:15
Policiais de diversas categorias debatem direitos na Alba
Foto: BJÁ
Nos últimos três anos foram registradas 27 mortes de policiais federais no Brasil, 12 através do suicídio. A expectativa de vida dos policiais brasileiros é 56 anos de idade e, mesmo em casos de acidente de trabalho, quase nunca conseguem atendimento médico adequado porque muitos são surpreendidos com o cancelamento do plano de saúde sem aviso prévio; seguros de vida também não contemplam a grande maioria das categorias. 

   Esses são alguns dos motivos que incentivaram os policiais a se unir e solicitar à Comissão de Defesa do Consumidor e Relações de Trabalho a audiência pública realizada na manhã de hoje (30) na Assembleia Legislativa da Bahia.

   Representantes das policias civil, militar, federal e rodoviária federal estiveram presentes à audiência presidida pelo deputado estadual João Carlos Bacelar (PTN).

   Para o vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luis Antonio Boudens, a sociedade precisa de uma resposta para o desmantelamento das instituições que tem afetado os trabalhadores e a segurança pública. “Padecemos de diversas maneiras desde a falta de estrutura e condições de trabalho a salários defasados com a consequente desvalorização desse nobre ofício”, resume.

   A integração das polícias com o resgate de um novo modelo institucional de segurança é a bandeira que tem motivado as categorias. De acordo com o superintendente da Polícia Rodoviária Federal na Bahia, George Paim, falta preparação dos policiais para se tornarem gestores e enxergarem o problema com aplitude. “Trabalhamos com o mesmo número de policiais desde 1994; estamos muito aquém do crime organizado que se mantém em constante evolução”, disse. 

   Para o deputado Bacelar, presidente da Comissão, “a situação das categorias é assunto de competência nacional, no entanto, nossa obrigação é representar os cidadãos e trabalhadores baianos que não podem ter seus direitos desrespeitados por isso queremos debater o tema e pressionar a bancada federal baiana a aprovar projetos de interesse da classe”.

   Um dos depoimentos que mais chamou atenção foi o testemunho emocionado da policial federal Joseane Caldas. Depois de um acidente de trabalho no sul da Bahia precisou vender o próprio carro para custear quatro cirurgias mas as sequelas provocaram seu precoce afastamento do serviço quando foi discriminada pela avaliação equivocada de uma superior. “Tive o braço esfacelado, meu plano de saúde estava cortado e eu não sabia. Só fui salva por causa do apoio de minha família; não fui aproveitada em outra função por causa da discriminação de uma gestora. Não sou meio policial e sim uma policial inteira, completa. Por isso estou nessa luta pela valorização da categoria”, concluiu, sendo aplaudida de pé pela platéia.

   Uma nova audiência já está agendada para o dia 13 de dezembro quando serão discutidas as Propostas de Emendas Constitucionais 051 e 339 que tratam da reestruturação da categoria e adicionais noturnos às classes, respectivamente.
Participaram da audiência os deputados Bira Corôa, Alvaro Gomes, Delegado Damasceno, Kaká Leão, Carlos Brasileiro e os vereadores soldado Prisco, Alberto Braga, Toinho Carolino, Carlos Muniz e Zé Fernandes.