Colunistas / Crônicas
Jolivaldo Freitas

Adote seu segundo time. Eu já adotei o me

O cronista comenta a pobreza do futebol baiano resumido ao BAVI
28/10/2017 às 18:22

O esporte baiano vive apenas do BaVi o que é uma pena, levando-se em conta que estados do mesmo tamanho populacional ou mesmo menor, a exemplo de Minas, Rio Grande do Sul e Pernambuco têm maior número de times brigando firme, do que nós. Nossos clássicos regionais já não atraem mais como, por exemplo, nos anos 1960 quando víamos verdadeiras batalhas dos times da capital contra grandes como Fluminense de Feira, Conquista e Colo Colo ou a Fonte Nova ganhava um público grande para ver Vitória e Ipiranga ou Galícia e Bahia.

Os torneios inícios que levavam toda uma tarde com todos os times jogando e valia taça e dinheiro, movimentavam a cidade. Era bonito de se ver todas as torcidas com todos os seus padrões circulando pelas ruas, fazendo gozação ou torcendo. 

Uma gozação que irritava os torcedores do Leônico era dizer que ele estava sucursal do Bahia, pois este costumava emprestar jogadores das equipes de base. E existiam aqueles times que se sabia, foram formados somente para levar goleadas de Vitória, Bahia, Fluminense, a exemplo da AABB ou o Guarani. Tanto que virou axioma. Quando, por exemplo, um jogador de dominó ganhava para uma dupla mais fraca os outros diziam:

- Pegou seu Guarani.

Embora eu não seja tão ligado assim em futebol, embora ultimamente venha assistindo os espetáculos proporcionados pelo Barcelona, Manchester, Chelsea, PSG e outros e me deliciado, entendo que um dos problemas do futebol baiano é a mesmice, algumas vezes a burrice e outras vezes a preguiça mental ou física dos dirigentes do nosso futebol, que mesmo vendo que nada está dando certo há anos, continuam sem, querer arriscar uma fórmula nova, algo que atraia o público e ajude a criar uma nova cultura futebolista.

Como não sou nenhum especialista, mas não sou muito burro, vou aqui dar uma sugestão – mesmo sabendo que o pessoal da Federação Baiana de Futebol não é afeto às sugestões e isso vai passar batido – que pode servir para melhorar o perfil do nosso futebolzinho. 

Que tal iniciarmos uma campanha do time “Escolha seu segundo time do coração”? Ou mesmo “Adote um segundo time do seu coração”?

E assim colocaremos de novo sob os holofotes clubes como o Galícia, o Ipiranga, o Fluminense de Feira, o Colo Colo, quem sabe ressuscita o Guarani e por aí vai. Como fazer? Na campanha publicitária mostra-se a história de glória de cada clube. 

E, para levar público a descobrir seu segundo time do coração (eu mesmo escolheria o Ipiranga porque gosto da combinação do amarelo com o preto e porque era time favorito do escritor Jorge Amado) fazer um torneio durante um mês somente com nossos times clássicos, sem Bahia e Vitória, no estádio de Pituaçu, com sorteio de camisa e outras coisas e ações que atraiam pais e crianças. O jogo começando às 9 horas e o evento terminando às 11 horas, pois dá tempo da família pegar uma praia, ir ao cinema, ao parque...

Tenho certeza que uma ideia nova, num horário bom para toda família despertaria as crianças para mais um time além do Bahia e Vitória e renovaria no coração de velhos torcedores o amor ou a simpatia pelos clubes que sempre honraram nossos gramados. E, se a FBF for dinâmica, ainda reforça o caixa com patrocínios. Tenho certeza que as TVs locais apoiariam e as rádios também. Pode perguntar a Eliseu Godoy e a Chico Kertèsz da Metrópole. Pode saber de João Gomes, Roberto Appel e Paulo Sobral, da TV Bahia. Pergunte para Paulo Sampaio e Marcelo Sacramento aqui na Tribuna. Pergunte a Juca Kfouri. Apoio não vai faltar se a FBF quiser trabalhar. Um bom período é o verão. Férias escolares.