Colunistas / Crônicas
Jolivaldo Freitas

OS IMBATÍVEIS e os canibais que comem até orelhas

A peleja entre Jolivaldo Freitas e o jornalista Valmir Palma sobre comportamento da torcida do Vitória
09/11/2012 às 17:48
  Quando vi na TV Bahia a reportagem que mostrava os jogadores do Vitória sendo ameaçados e levando tabefes e chutes nas partes baixas desferidos pelos torcedores que pertencem à facção imbatíveis eu disse para o jornalista Valmir Palma, que de tão ferrenho e xiita torcedor do rubro-negro se recusa a dar manchete quando o Bahia ganha nos BaVis da vida:

   - Vai dar zebra. O Vitória está num bom caminho, tem tudo nas mãos para subir para a Primeira Divisão do futebol brasileiro mas pode não conseguir por causa da pressão desmedida destes caras.

   Até vaticinei que o Vitória iria levar uma goleada no jogo seguinte em São Paulo e não deu outra. O jogador que mais se contrariou e foi ameaçado pela torcida no Aeroporto 2 de julho foi quem se atrapalhou, ficou nervoso, deu de presente a bola para o adversário e ainda derrubou o homem dentro da área dando pênalti e sendo expulso. Quando saiu cabisbaixo deve ter lembrado dos Imbatíveis.

   Até pensei que na volta o time seria canibalizado pelos ensandecidos torcedores, mas parece que chegaram de madrugada e felizmente os torcedores não apareceram e foi uma medida acertada, já que não se sabe o que este tipo de torcedor faz na calada da madrugada, podendo até ser que sejam porteiros noturnos, médicos plantonistas ou vigia, quem sabe. Trabalhar não trabalham. Senão como explicar que numa tarde de uma segunda-feira, como ocorreu no dia da agressão, eles estivessem em pleno aeroporto, num horário em que as pessoas estão estudando ou ganhando o pão com o suor do rosto.

   Valmir tentou destruir a péssima imagem que tenho de torcida organizada, principalmente o povo dos Imbatíveis, que acho de grande virulência, observando que podia ser trabalhadores em dia de folga, por exemplo, ou mesmo rapazes que estariam desempregados e que colocaram seus currículos em diversas empresas e estavam esperando a hora de serem chamados para contratação.

   Respondi que não achava bem isso não, pois se assim o fosse, eles antes de chegar ao aeroporto teriam parado num dos vários prédios em construção pela cidade e que possuem placas com “Proura-se mestre de obra, pedreiro, marceneiros e eletricista” e teriam pedido emprego. Mas não quis discutir com um colega e acima de tudo compadre. Já basta ele apanhar de minha comadre.

   Lembrei então de certa vez que minha filha pequena, já torcedora do Vitória, pediu para ir a um BaVI e a levei na extinta Fonte Nova. Fiquei nas cadeiras e ela insistindo que queria ir para o lado dos Imbatíveis e eu dizendo que ela era muito pequena para enfrentar aquela massa ensandecida, já antevendo o que ia dar.

Para satisfazer a curiosidade da menina me meti na Imbatíveis e me arrependi. Ela logo perguntou que cheiro estranho era aquele e eu disse quedevia ser um cigarro estranho. Cigarro do Diabo.

   De repente um torcedor se se virou e mijou dentro de um copo plástico jogando para cima dos próprios elementos da torcida organizada. Outro não gostou do colega que disse que achava que o Vitória Iria perder e o pau comeu entre eles mesmos. O cara de uma dentada na orelha do outro e foi o corre-corre.

   Já longe da confusão, pois me piquei de vez, minha filha perguntou se ele tinha comido a orelha e eu disse que tudo era possível. Saí de fininho do estádio. Já pensou se sabem que torço para o Ypiranga, Fluminense de Feira e Seleção de Coité? Iria virar carne de fumeiro. Deus é mais!