Esporte

ARGENTINA DERROTA HOLANDA NOS PÂNLTIS E ENFRENTA CROÁCIA NA SEMI FINAL

Messi cansou mas ainda tem chance se ser campeão do mundo
Tasso Franco ,  Salvador | 09/12/2022 às 19:40
Messi já tem 4 gols na Copa
Foto: REP


 Representante única da Latinoamérica, a essa altura, a Argentina de Messi encara a Croácia de Modric, que mandou o Brasil pra casa, numa das semifinais da Copa do Catar.

 A outra semifinal sai neste sábado, após os confrontos Portugal x Marrocos e o clássico europeu esperado França x Inglaterra. Argentina x Croácia tem data e local marcados: terça-feira, 13, 16 h, no Lusail.  

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  A decisão saiu na cobrança de penalidades, depois de um empate de 2 x 2 no tempo regulamentar, arrancado a fórceps, na raça pelos holandeses nos 10 minutos finais depois de estarem perdendo por 2 x 0. Na prorrogação, a despeito das chances criadas, o gol não saiu. Nas penalidades, brilhou o goleiro argentino Martinez, catando duas cobranças. Messi fez, Paredes, Montiel, e Lautaro Martinez fechou a série: 4 x 3.  Os sul-americanos na semifinal, pois. Contra a Croácia, algoz do apático Brasil.

  Vibração nas arquibancadas, na cidade de Doha, em Buenso Aires e toda a Argentina. Acreditam no título. Muita emoção.

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  Alegria hermana  

 - A torcida argentina é a mais entusiasmada e barulhenta no Catar. Impressiona a paixão do Hermanos pela sua seleção, pelo futebol, pela bola.  Uma história de amor cheia de idolatrias – Di Stéfano, Kempes, Maradona, Riquelme, Messi ...   Até eu já tive um ídolo argentino, dos maiores jogadores que vi, um certo Sanfellipo, que atuou nos bons tempos do San Lorenzo d’Alamagro e foi campeão pelo meu Bahia (final dos anos 60 e começo dos 70 do século passado).

- Com o Brasil fora, por incompetência e mala suerte, estarei torcendo pelos argentinos, por conta do La Pulga, o Lionel Messi, um gênio, aos 36 anos, sua derradeira copa. Merece sim o troféu, pelo conjunto de sua obra.  

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 O duelo

  No Estádio Lusail, Argentina x Holanda, um clássico.  Arbitragem espanhola, Antonio Mateo soprando o apito.

Os dois já disputaram uma final de Copa, em 1978, nos enlameados gramados do nosso vizinho do Plata, que venceu o jogo, duríssimo, na prorrogação, com participação decisiva do meia camisa 10 Mário Kempes.  Hoje a camisa 10, que foi de Kempes e Maradona, está com o baixinho Messi, um outro fora de série.

A Holanda de Luis Van Gaal, treinador experiente, estava inteira e crescente na competição. Tem um goleiro imenso, Nuppert, o zagueiraço Virgil Van Dijk, o bom lateral direito Dumfries, o meio-campista De Jong (do Barcelona), Menphis Depay e um jovem goleador chamado Gakpo, no ataque. 

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  Com bola rolando ...

  Partida muito equilibrada, no começo. Os sul-americanos mais tempo com a bola, mais ousados na ofensiva, os europeus marcando bem, apostando nas bolas longas e contragolpes. Bem jogado, com raça e seriedade.

- Gol! 1 x 0 Argentina, aos 34. Após jogada individual brilhante de Messi, o passe enfiado perfeito, no tempo e na velocidade precisas, pelo meio da zaga, para o lateral Molina que penetrava livre por trás da zaga. O lateral só desviou do goleiro.

 A torcida azul e branco enlouquecida nas arquibancadas. Os ‘laranja mecânica’ criaram alguns lances de perigo em bolas paradas, alçadas na área inimiga. Os latinos se defenderam bem.    

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  Perdendo por 1 x 0, os holandeses voltaram com mais apetite do intervalo. Precisavam de gols. A Argentina mais postada, marcando, de olho num bom contragolpe para matar, decidir o jogo. Aos 18’, Messi bateu falta da entrada da área, a bola tirou casquinha do travessão holandês, quase.

- Aos 27’ minutos, o árbitro flagrou o pênalti de Dumfries em Acuña, na linha lateral da área. 

 – Gol! 2 x 0 Argentina. Messi bateu a penalidade com categoria, deslocando o goleiro, chute alto e forte.

  Paredes, Tagliafico, Lautaro, Pezzela, Montiel em campo, os argentinos de Scalloni trocam, substituem, já tentando administrar, mas...

 - Gol! 2 x 1 Holanda, aos 37’, o grandalhão Werhorst (que acabara de entrar), fez de cabeça, após bola bem alçada da direita em cobrança de falta, repondo os holandeses no jogo.  O velho e eficiente jogo aéreo europeu.

 Os Laranjas foram inteiros para o ataque, naquela pressão final, buscando o empate. Esquentou a chapa. Faltas duras dos argentinos, provocações, bafafá, peitadas, muita catimba, empurra-empurra, os argentinos ganham tempo com isso, esfriam o ímpeto adversário. Sabem fazer isso muito bem, milongueiros.  E o árbitro deu 10 minutos de acréscimos.

 Final quente. E não é que os laranjas empataram?

- Gol! 1 x 1 Holanda! Jogadinha bem ensaiada com Van Dijk, falta na entrada da área, bola rolada rasteira para Weghorst, na frente da pequena área argentina, ele dividiu com a zaga e empurrou, no minuto final dos acréscimos, garantindo a prorrogação.  

Jogão, a Holanda brigando e acreditando até o final.

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 Prorrogação

Os europeus pareciam mais inteiros para disputar mais 30 minutos de jogo.   Nos primeiros 15 minutos, muita briga pela bola e nenhuma boa chance de gol. Todas as substituições possíveis feitas, de lado a lado, em busca de pernas e fôlego. Parelho. Di Maria, mesmo baleado, em campo, a última bala. Aos 113 minutos, Lautaro finalizou de frente, desviou em Van Dijk, tinha endereço certo.  Os sul-americanos na pressão. Enzo, aos 115, quase desempatou, bola desviada triscando o travessão holandês. Os laranjas insistindo nas bolas aéreas. Lautaro disparou da entrada da área, Luppert rebateu. As duas equipes em busca do gol, querendo evitar os pênaltis. Di Maria quase fez gol olímpico, Luppert espalmou. Chutaço de Enzo, no pé da trave holandesa.

Triunfo nos pênaltis

Empate de 2 x 2, outra decisão na cobrança de tiros livres da marca do pênalti. Vale o emocional, o cansaço, a calma e atuação dos goleiros.

  Os argentinos venceram na cobrança, 4 x 3 – com duas defesas do goleiro Martinez.

Argentina na semi-final!    

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  Gajos x Marrocos  

 No sábado, 12h, o esfuziante Portugal (sem o CR7) que atropelou a Suíça (6 x 1), contra o surpreendente Marrocos, que detonou a Espanha.

São vizinhos, ou bem próximos, 14 km de mar os separam. Tudo pode acontecer. Uma nova goleada dos gajos ou ... zebra norte-africana pintando no Al Thumama, em Doha.

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 O pega europeu

 Mais tarde, às 16 h do mesmo sábado, no Al Bayt, o grande clássico europeu, digno de uma final de Copa, Inglaterra x França.  Os ingleses fazem uma boa competição, com destaques para o veterano avante Kane e o jovem meio-campista Bellignham, jogando demais. A França ... bem, ‘Les Bleus’ são os atuais campeões do mundo e têm um cara goleador chamado Mbappé. Basta?   Arbitragem brasileira de Wilton Pereira Smapaio.

  Duelo imperdível.

  Em 1966, na Inglaterra (campeã), os donos da casa venceram a França por 2 x 0.

  Em 1982, na Espanha, Itália Campeão, os ingleses voltaram a vencer 3 x 1 a França.  

 

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Restos amarelados   

- Desde 2002, desde a Copa da Ásia que vencemos com Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho decidindo, fazendo a diferença, não conseguimos sequer chegar à final de uma Copa. Caímos diante da França em 2006 (Zidane e gol de Henry), não passamos da Holanda em 2010 (dois gols de Sjneider), levamos 7 x 1 da Alemanha (nem conto) em casa, apanhamos da Bélgica na Rússia (com Lukaku goleando) e agora, jogando bolinha de totó, entregamos o doce pra a Croácia que só chutou uma bola no gol brasileiro. Entrou. Mala suerte ou mera incompetência?

- Nosso goleiro é um ‘chama gol’, a bola que vai entra; jogamos sem laterais; entramos com um meio campo com dois homens (Casemiro e Paquetá?) contra cinco croatas fechando, pegando, dividindo e ganhando todas. Tite não viu? É ali na meiúca que se ganha o jogo.

 - Quando fizemos o gol (numa jogada individual de Neymar) no final do primeiro tempo da prorrogação, tínhamos de fechar a casinha, mudar o jeito de jogar, travar o jogo, furar a bola. Por Fernandinho em campo, Fred, Bruno, Dani Alves, tirar o Neymar, já aos pedaços, morto ... Mas Tite, o burrocrata, nada viu. Perdedor.

 - Vini Jr, Raphinha, Rodrygo, Paquetá ... tremeram. Engessados na marcação, mal orientados, entregues. Até Casemiro jogou mal, sem espaços, acossado. Eram cinco no meio campo Croata.   

- Um show de aplicação tática e suor dos croatas.  E que goleiraço! O jovem zagueiro Gvardiol, o mostro Modric ...  e um treinador que estudou como neutralizar os individualismos brasileiros. Jogamos de lampejos individuais, só, todo tempo. Eles, uma equipe bem treinada, compacta, sabendo bem o que queriam. Conseguiram.

 - Quanto a Neymar...  como deu azar em Copas do Mundo! Muitas energias negativas sobre ele. Afffe! Deus te benza.

 - Essa seleção apática, vagalumeante e perdedora é a cara de Tite, Tiago Silva, Gabriel Jesus, Neymar... chorões. Ou do ‘baiano’ Ednaldo, o picaretão da CBF e do perdedor Tite...   

 

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  Mas a Copa continua. Os atletas, sentidos ou não, burras cheias, voltam pra casa. A maioria vive nas ‘oropa’, nem vem cá.

Nós, de cá, neste país de energias sórdidas e fiapos de sonhos esperançados, guiados pelas forças da Mãe Natureza continuaremos de olho em tudo o que acontece nos gramados do Catar. Até a entrega do troféu.

Viva a bola! Enquanto cheia.