Esporte

JOGADOR DEMITIDO DO MINAS DIZ: NO BRASIL NÃO SE PODE MAIS FALAR NADA

A liberdade de expressão agredida
Tasso Franco , da redação em Salvador | 27/10/2021 às 20:12
Maurício foi demitido por declarações consideradas homofóbicas
Foto: REP
   O atleta da seleção brasileira de vôlei Mauricio Souza foi demitido hoje, 27, do time em que atua, o Minas Tênis Clube, após comentários homofóbicos feitos pelo jogador. "O Minas Tênis Clube informa que o atleta Maurício Souza não é mais jogador do Clube", disse o clube no Twitter. Ontem, 26, ele havia sido apenas afastado do time.

Mais cedo, Maurício Souza voltou reforçando seus pensamentos, dessa vez em vídeo, falando em sair do Minas e ressaltando: "Hoje em dia a gente não pode mais dar opinião sobre nada". Assista:

Além da demissão do clube, o jogador não deverá estar nas próximas convocações da seleção brasileira masculina de vôlei. O técnico do Brasil, Renan dal Zotto, se posicionou contra as declarações homofóbicas de Maurício e fechou as portas para o atleta.

Apesar de já ter feito outras postagens preconceituosas em suas redes sociais, Mauricio só começou a sentir os impactos negativos das suas ações após uma postagem feita por ele no dia 12 de outubro (Dia das Crianças) viralizar.

Tudo começou quando Mauricio compartilhou a história em quadrinhos do novo Super-Homem, em que o personagem aparece beijando outro homem, depois de já ter sido divulgado que o super-herói era bissexual. "Ah é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar", escreveu o jogador.

Depois da repercussão negativa da postagem de Mauricio, os patrocinadores do Minas Tênis Clube começaram a se posicionar e a pressionar o time. Ontem, a Fiat e a Gerdau, as principais patrocinadoras da equipe, compartilharam notas afirmando "que não tolerariam declarações preconceituosas ou que promovessem ódio e exclusão no grupo".

Apesar do clube ter publicado uma nota de repúdio ontem, 25, afirmando que "respeita a opinião de cada atleta", mas que também não aceitaria manifestações homofóbicas de seus jogadores, o afastamento do atleta só foi oficializado após os patrocinadores ameaçarem romper com o time.

Muitos dos jogadores do Minas Tênis Clube defenderam Mauricio e ameaçaram deixar o clube caso o atleta fosse demitido. De acordo com a publicação do jornalista Demétrio Vecchioli, o levantador e capitão do time, William Arjona, enviou uma carta ao clube, afirmando que todo o elenco, incluindo o líbero Maique, que é homossexual, defende o direito de "liberdade de expressão" de Maurício.