Economia

ESTALEIRO DE MARAGOGIPE muda economia do Recôncavo e tem o Goliath

Com investimentos de R$ 2,7 bilhões, enseada naval emprega 5.500 pessoas
Nestor Mendes , Maragogipe | 22/08/2014 às 18:17
O Goliath é um dos guindastes mais poderosos e altos do mundo
Foto: SICM
Com investimentos de R$ 2,7 bilhões e empregando atualmente em seu canteiro de obras 5.500 trabalhadores, o estaleiro Enseada Indústria Naval, em Maragogipe, na borda do Paraguaçu, está em fase final de montagem de um dos mais altos guindastes do mundo, o superguindaste Goliath, com 150 metros de altura - o equivalente a um prédio de 50 andares -  143 metros de comprimento, 7 mil toneladas e capacidade para içar cargas de até 1,8 mil toneladas.

 Composto de módulos de até 500 toneladas, o Goliath conta com uma equipe diversificada para sua montagem. A complexidade da operação consiste no içamento de peças de grande volume em altitudes elevadas. Participam da empreitada 64 profissionais de cinco nacionalidades diferentes, que atuam em uma das maiores operações desse tipo já realizadas no mundo. Quando estiver a plena capacidade de produção, em 2015, a Bahia vai possuir um dos estaleiros mais modernos do mundo.

O superguindaste Goliath vai garantir maior produtividade ao estaleiro de Maragogipe, já que é capaz de montar megablocos, como se fosse peças de um Lego - brinquedo criado pelo dinamarquês Ole Kirk Kristiansen, cujo conceito se baseia em partes que se encaixam permitindo inúmeras combinações. Em operação, o equipamento permitirá erguer de uma só vez a torre de perfuração dos navios-sonda.

De acordo com Humberto Rangel, diretor de Relações Institucionais e de Sustentabilidade da Enseada, o equipamento deve estar montado até o final de agosto, iniciando a fase de testes operacionais em novembro. “A magnitude de um projeto desafiador para o estaleiro, como a construção de sondas para a exploração do petróleo do pré-sal, requereu a necessidade de um investimento grandioso em engenharia”, destaca Rangel.

Adquirido da empresa finlandesa Konecranes Finland Corporate, as peças estão sendo montadas na própria Finlândia e nas suas unidades localizadas na China e na Coréia do Sul. Elas estão sendo trazidas até Maragogipe em etapas diferentes a bordo de navios oriundos desses países.

Para o secretário da Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, o estaleiro de Maragogipe vai mudar radicalmente a economia de todo o Recôncavo baiano. “Os baianos precisam saber que está em curso uma revolução econômica no Recôncavo. Onde antes só havia empregos no pequeno comércio e na pesca artesanal, hoje são oferecidos milhares de postos de trabalho e diversas oportunidades na prestação de serviços, como hospedagem, alimentação, transporte, segurança, educação e saúde”, disse James.

O estaleiro Enseada Indústria Naval é uma empresa formada pela Odebrecht, OAS, UTC e pela gigante japonesa Kawasaki para atuar na construção e integração de unidades offshore, como plataformas, sondas de perfuração e FPSOs (sigla em inglês de unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência).

Localizado às margens do Rio Paraguaçu, na baía do Iguape, ocupando uma área de 1,6 milhão de metros2, o Enseada tem como cliente a Sete Brasil, que contratou a fabricação de seis navios sonda de exploração do petróleo na camada pré-sal. Quando estiver em plena atividade, o estaleiro poderá processar 36 mil toneladas de aço por ano.

O navio-sonda Ondina será o primeiro equipamento a ser construído, ao custo de US$ 800 milhões. Além do Ondina, o Enseada tem em carteira a construção de mais cinco navios-sondas: Pituba, Boipeba, Interlagos, Itapema e Comandatuba, com entrega escalonada até 2020.