Colunistas / A Boa Mesa
Dom Franquito

DOM FRANQUITO NO LARGO DO CHIADO EM LISBOA DEGUSTA CROQUETES COM VINHO

Largo do Chiado ou Largo das Duas Igrejas tem muita história e é o ponto dos músicos, na atualidade
21/01/2024 às 12:12
   Para fechar a rodada gourmet em Lisboa nesta curta temporada na capital portuguesa fiquemos com um clássico, a degustação de vinhos, croquetes e pães no Largo do Chiado, no quiosque da casa "A Brasileira". 
 
   Creio que não há nada mais pitoresco do que essa pedida no coração da cidade e também do bairro que é a cara poética, musicial, literária, popular, da moda e de todo o resumo da população lisboeta.
   
   Se queres conhecer como são os portugueses, em parte, uma vez que o local vive, também, repleto de turistas e há um outro quiosque próximo, o da Livraria Bertrand, a mais antiga do mundo, onde fervilham os estrangeiros e diria, ademais, que os músicos que se apresentam no larguinho do Chiado em frente a estátua do poeta Ribeiro Chiado são, em sua maioria, brasileiros e norte-americanos. 

   Tudo, no entanto, vale a pena quando a causa é nobre embora não se esteja a consumir um bacalhau. Sentar-se no Largo do Chiado é vagar a memória da antiga Rua das Portas de Santa Catarina (hoje Rua Garrett), espaço de confluência de ruas que davam na cerca fernandina. 

   A partir do século XVII, com a destruição da porta que se abria na muralha medieval e, sobretudo, com a reconstrução pombalina do século XVIII após o terremoto devastador de 1755 o local ganhou nova dimensão com edifícios residenciais, igrejas e pelo já desaparecido Chafariz do Loreto. 

  No Largo, ergue-se a estátua do poeta Ribeiro Chiado, obra do escultor Costa Motta, mandada contruir pela Câmara Municipal e inaugurada em 1925, ainda existente (ponto predileto dos músicos) assim como a de Fernando Pessoa, obra do escultor Lagoa Henriques, inaugurada em 1988 (os brasileiros, sobretudo, adoram tirar fotos junto ao poeta).

   Abraçam o largo até os dias atuais as igrejas Loreto e da Encarnação daí que o largo é também chamado  das duas Igrejas. Creio, pela quantidade (e qualidade) dos músicos que se apresentam no local, hoje, também o larguinho dos músicos e artistas de rua - poetas, mágicos, malabaristas e outros.

  Foi neste cenário que yo e a madame Bião de Jesus solicitamos taças de vinho branco do Alentejo e os famosos croquetes e ficamos a ouvir os músicos e suas apresentações em inglês e portugues, inclusive, um deles, interpretando Reginaldo Rossi. 

  "A Brasileira"- já comentamos neste BJÁ - noutra oportunidade é um Café fundado por Adriano Teles, um português de Alvarenga que havia morado no Brasil, no século XIX, enriqueceu com a exportação de café e quando retornou a Lisboa, no inicio, do século fundou este café que se tornou um ponto de encontro dos intelectuais daquela época, entre eles, Fernando Pessoa.

   A casa, internamente, é um primor. Nós, no entanto, ficamos no quiosque por ser mais agradável, ao ar livre com ambiente aquecido, e curtimos o que foi possível saboreando os croquetes, degutando depois um branco alvarinho e ouvindo o clone de Reginaldo Rossi.

   Assim é a vida enquanto se está em pé ou sentado no ponto mais aprazível e tradicional de Lisboa.

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Café A Brasileira
Rua Garret, 120/122
Croquete 6.50 euros cada
Taças de tinto 8 euros
Vinho branco 25 euros garrafa
Pães cesta 4.20 euros
Classiuficação 4 DONS