Cultura

ÚLTIMA CRÔNICA DE DOM FRANQUITO NO COLON, 2017, COM MINHA NETA LUA

A tese de que tudo o que é sólido se desmancha no ar é verdadeira e a cada dia mais atual
Tasso Franco ,  Salvador | 25/01/2024 às 14:44
Em 2017, levei minha neta Lua para conhecer o Colon
Foto: Arho Susej

   Após 107 anos de funcionamento, o Restaurante Colon, localizado no bairro do Comércio, em Salvador, fechou as portas no dia 26 de novembro de 2021.  Fundado em 1914 por José Maria Orge, que saiu da Galícia, na Espanha, para fugir da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o restaurante era um ponto de encontro de jornalistas e outros no Comércio. 

   Ja nessa época, os arrendatários Mara e José Orge se queixavam da decadência do Comércio, da falta de clientes e assim por diante. Agora, dois anos e poucos meses que as portas do Colon se fecharam parte do teto do casarão foi abaixo com as chuvas, obvio, por falta de manutenção. O IPHAN aponta que o prédio é tombado e tende a se tornar uma ruína como muitos que existem na capital baiana.

   A ÚLTIMA CRÔNICA DE DOM FRANQUITO
   NO COLON, EM 2017
 
    O Restaurante Colon do Comércio, em Salvador, é o mais antigo da cidade: 103 anos de existência. E nada melhor do que encerrar a jornada gastronômica de 2017 nesta casa fundada em 1914 quando os homens da Cidade da Bahia ainda usavam ternos de linho branco e chapéus.

   Passamos por lá ayer en familia para saborerar dois pratos divinos da casa, a malassada e o camarão à moda valenciana. 

   O Colon da Conde dos Arcos, no Comércio, é o mais antigo da Bahia ainda em atividade e servindo comida de boa qualidade com a marca galiciana dos tempos do seu fundador, José Maria Orge, que abriu a casa com pompa e gravatas no longínquo ano de 1914. 

   Em idade e qualidade, quem mais se aproxima do Colon é o Porto Moreira do Mocambinho caminhando para os 80 anos, o Juarez e o Chez Bernard da Gamboa passando dos 50 anos, todos também de boa culinária.

  Claro que o Colon dos dias atuais não tem mais o charme e o glamour da primeira quadra do século passado quando a área do Comércio, em Salvador, abrigava as empresas importadoras e exportadoras, as casas comerciais mais chiques da cidade, sedes de bancos, institutos de fomento, o movimentado porto e assim por diante. 

   Vizinho da Associação Comercial da Bahia, o Colon era o point dos empresários e das madames de chapéu e penachos. A cidade vive em eterno movimento. O Comércio mudou muito e os costumes na cidade da mesma forma.

   Mas, ainda hoje, dirigido pelo filhos e netos do pioneiro José, sob a batuta de Mara, uma baiana casada com Juan Orge, o Colon tem toda uma sedução, tem todo ar de triunfo e diria que só não é mais belo porque nesta cidade dos trópicos se deixou de andar e vestir à moda européia como no passado, de paletó e gravata, os homens, quando não de fraque e chapéu; e as mulheres de penachos e luvas.

   Mara continua a entusiasta de sempre. Recebe a todos com um carinho especial, vai em casa mesa, cumprimenta os clientes e isso faz uma grande diferença. 

   Mi nieta que estava na jornada finale del ano adorou a malassada. Disse que só não saboreou mais porque havia 'devorado' um acarajé no adro do Bonfim. "Tinha um ano que não comia um acarajé, mas, também gostei muito do Colon e até já produzi um video no youtube". Dona Antônia, su abuela, não poupou o camarão a valenciana. E sus hijas, las Jesus e Gonçalves, traçaram bien los talheres.

   O Colon segue honrando a fama de ser um restaurante tradicional dos melhores da cidade. Quem ainda não conhece fineza aparecer por lá.

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COLON RESTAURANTE
Praça Conde dos Arcos, 3 
Comércio - Salvador
Ao lado do prédio da Associação Comercial da Bahia
Fonte 71. 3242.3847
Executivo a la carte - de segunda a sábado (dia)
Camarão a valenciana R$77,00
Malassada R$59,00 
Cada prato serve duas pessoas
Aceita todos os cartões
Chope de qualidade, bem tirado
Não tem manobrista
Não tem ar condicionado. Ambiente arejado.
www.restaurantecolon.com.br
choperiacolon@ig.com.br