Cultura

MOVIMENTO “O MUSEU É A RUA” OCUPA GALERIA 3 DO MAM BAHIA

Projeto realiza oficinas de arte de rua e debate sobre educação patrimonial em Residência Artística do Museu de Arte Moderna da Bahia
Gi Santana , Salvador | 23/01/2024 às 18:59
“O Museu é a Rua”
Foto: Naiade Bianchi

Com a proposta de realizar oficinas de artes de rua e aprofundar as discussões sobre Arte, Educação e Patrimônio, o movimento  “O Museu é a Rua” participa da Residência Artística do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). A programação é aberta ao público e vai até dia 13 de março (2024), de terça à domingo, das 10h às 18h, na Galeria 3 do MAM. O espaço conta com exposições, intervenções de arte urbana, feiras e atividades formativas. Algumas atividades são agendadas semanalmente. Mais informações podem ser acompanhadas em @apombagem 

Representado pelos coletivos Arte Marginal Salvador e Grupo de Arte Popular A Pombagem, o projeto desmistifica a ideia de museu apenas como edifício e chama a atenção para a dimensão museal do espaço público, utilizando história, arquitetura e as belezas naturais da cidade. “A afirmação de que a rua é o museu do povo vem no sentido de questionar o paradigma museológico tradicional (focado no prédio) e propor um olhar mais contra hegemônico e popular”, destaca o pesquisador, poeta, filósofo e artista de rua, Fabricio Brito, que coordena o movimento “O Museu é a Rua”.

O programa de Residência Artística do MAM busca acolher, na Galeria 3 do museu, iniciativas culturais da periferia da cidade durante três meses. Em vez de apresentarem uma exposição acabada ou pronta, os residentes optaram pelo processo, sem a pretensão de finalização completa ou acabamento absoluto. Desta forma, os visitantes têm encontrado uma galeria bastante dinâmica, que muda a cada dia e cuja tônica é o movimento. Por ser no período de verão, a Galeria 3 tem recebido um fluxo intenso de visitantes, principalmente de fora da Bahia e do Brasil. 

O visitante da Guiné, Kikee destacou que visitar a Residência foi uma experiência que trouxe um sentimento bom e familiar. “Vendo as cores e os elementos utilizados na exposição, me senti muito identificado, porque são elementos que a gente utiliza também no nosso país, na Guiné.” Embora haja esse contato com pessoas de outros países, o público-alvo da Residência Artística “O Museu é a Rua” são comunidades da periferia de Salvador. Nesse sentido, o grupo convida e mobiliza moradores desses bairros, principalmente crianças e adolescentes, para participarem das oficinas. 

Além disso, o projeto busca deslocar os muros físicos e sociais que separam a arte de rua da arte de museu. “O intuito é ter uma residência dialógica e colaborativa, com pessoas, instituições, escolas e comunidades convidadas. As parcerias mostram a importância e a força das coletividades e das articulações em rede”, conclui Fabricio Brito.

SERVIÇO

Programa de Residência Artística do MAM com a Casa do Museu Popular da Bahia

Até 13 de Março de 2024

MAM Bahia – Avenida Contorno, s/n°, Solar do Unhão – Salvador

Gratuito

Acompanhe em: @apombagem 

PROGRAMAÇÃO:

Até 13 de março. De terça à domingo, das 10h às 18h - Exposição Aberta “O Museu é a Rua”

Com a exposição “O Museu é Rua”, o movimento combina o visual e o cênico; o plástico e o performático. A combinação representa o modo como o ‘Grupo de Arte Popular A Pombagem’ incide e disputa a cidade. Além da Galeria 3, a exposição ‘O Museu é a Rua’ ocupa o pátio da Capela e o Salão das Oficinas.

24 de janeiro, às 17h – Sarau 4ª das Artes e Lançamento de livro

A Residência Artística “O Museu é a Rua” realiza, no dia 24 de janeiro, às 17h, o “Sarau 4ª das Artes” – um sarau de artes integradas do Grupo de Arte Popular A Pombagem. A primeira edição do ano terá como mote o lançamento do livro “Colecionismo de Arte: um estudo da legitimidade artística e apropriação estética da Arte Popular”, de Jancileide Souza dos Santos. A autora é museóloga e professora adjunta de História da Arte do curso de licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB). Após o lançamento do livro, o Sarau 4ª das Artes será conduzido pela poeta Milica San, que apresentará uma performance e convidará a artista Raíssa Araújo. Depois, o microfone seguirá aberto para as e os poetas presentes.

O livro analisa a história do processo de promoção, circulação e apropriação estética da arte denominada popular, a partir da experiência de colecionismo, da construção de um campo artístico e da emergência de um mercado de artesanato e arte popular. Mas, afinal, o que é arte popular? A autora responde: “é uma expressão que faz alusão à arte das populações negras, indígenas ou afro-indígenas que vivem em zonas rurais, em municípios do interior e nas periferias das grandes cidades de várias regiões do Brasil.

27 de janeiro, às 17h – Roda de conversa sobre a Festa do Lixo

A Residência Artística ensejou a transferência do acervo do movimento para a Galeria 3 do MAM, mas também constituiu uma oportunidade para trazer à baila a dimensão artística e política da Festa do Lixo. Esta Festa, além de apresentar uma memória de luta e resistência do bairro de Fazenda Grande do Retiro, é considerada patrimônio cultural de natureza imaterial.

Ocorrida entre 1975 e 1985, a Festa foi uma expressão da força popular dos bairros da periferia. Isso é uma prova de que comunidades marginalizadas produziram pensamento e disputaram a cidade naquele período. Com militância e enfrentamento, os moradores locais decidiram dar um fim à situação de descaso com que os governantes tratavam a questão do lixo. Tal negligência governamental fazia com que os lixos do bairro ficassem amontoados na frente das escolas. Como reação a esse contexto de violência sanitária, um grupo de moradores decidiu confeccionar cartazes de protestos e fazer uma caminhada em prol do direito a um ambiente saudável.

31 de janeiro, às 14h – Sarau 4ª das Artes e Oficina de iniciação à pintura 

3 de fevereiro, às 9h – Oficina de teatro com Leno Sacramento