Cultura

JORNALISTA JOCA lança "O Telefone dos Mortes" e deve fazer cirurgia

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PB , Salvador | 18/12/2014 às 20:40
João Carlos Texeira Gomes (Joca) durante lançamento na Academia de Letras da Bahia
Foto: Paulo Mocofaia
Foi lançado na Academia de Letras da Bahia, o livro de contos “O Telefone dos Mortos”, do combativo jornalista e brilhante intelectual baiano João Carlos Teixeira Gomes, o Joca. A publicação é o nono volume da coleção Mestres da Literatura Baiana, editada em parceria pela Assembleia Legislativa da Bahia e a Academia de Letras da Bahia (ALB).

Trata-se de uma obra que flerta com o fantástico e contém 15 histórias, sendo uma delas inédita, inserindo-se por sua qualidade intrínseca no escopo da coleção Mestres da Literatura Baiana que terá 20 volumes, com o melhor das nossas letras – dentre aqueles títulos fora do catálogo das editoras comerciais e que precisa ser preservado. Todas obras de grande valor literário e importância para a cultura baiana e brasileira.

BRILHANTISMO

 Intelectuais, acadêmicos e amigos do escritor lotaram o salão da Academia de Letras da Bahia. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo (PDT), dirigindo uma sessão de votação no Legislativo, foi representado na solenidade pelo assessor para Assuntos Culturais do Legislativo, professor Délio Pinheiro. 

O presidente da ALB, Aramis Ribeiro Costa, que prefaciou o livro, lembrou que o nome de Joca, como é conhecido pelos amigos, encontra-se relacionado com a militância desassombrada de longos anos na imprensa baiana sempre em defesa das liberdades, dos direitos humanos e das causas de interesse púbico:

“O talento de Joca se alarga no professor de literatura, no ensaísta, no biógrafo definitivo de Glauber Rocha, no memorialista, contista, romancista e orador fascinante. Ele tem o imperdoável defeito de ser versátil e, pior, brilhante em tudo que faz”, afirmou Costa. 

 O acadêmico ressaltou que os contos reunidos em “O Telefone dos Mortos”, editado pela Editora Nova Fronteira em 1977,  são de altíssimo nível e estavam como que “perdidos” no mar inesgotável que é a produção do irrequieto intelectual. “Era uma circunstância inaceitável pois se trata de um livro de contos que faria, sozinho, a nomeada de um contista, colocando-o em meio ao que de mais interessante se fez na literatura nacional”, afirmou.

João Carlos Teixeira Gomes, apesar de estar passando por problemas de saúde fez questão de comparecer ao lançamento do seu livro e agradeceu a presença calorosa dos amigos. Joca afirmou que a sensação vivida é de euforia. “A academia não pode ser só um lugar para reuniões. Embora na minha trajetória não tenha o hábito de elogiar políticos brasileiros é necessário destacar o trabalho do presidente da Assembleia, deputado Marcelo Nilo, voltado para a cultura baiana”, afirmou o escritor.

Ele disse que a Bahia, apesar de contar com grandes nomes das artes na literatura, teatro, cinema, dança e pintura vem perdendo sistematicamente espaço de projeção na cultura nacional. “Hoje só somos reconhecidos pelo lado pitoresco do Carnaval”, afirmou Joca, salientando que a coleção Mestres da Literatura Baiana é a oportunidade para que as pessoas possam ter acesso a esses autores subestimados. “Devo confessar que gosto muito dos meus contos. Na minha idade, não existe mais motivo para ser modesto”, completou.

Por seu turno o professor Délio Pinheiro informou que somente na gestão Marcelo Nilo já foram editados 152 livros. “Parece pouco, mas nós não temos uma estrutura de editora. Somos uma pequena equipe de quatro pessoas, e o resultado desse trabalho dignifica a todos nós”, afirmou Pinheiro, ressaltando que o trabalho sempre contou com total apoio da presidência da Casa. “Mesmo em momentos de contingenciamento nunca faltaram recursos para a edição de livros”, disse.   

BIOGRAFIA 

 João Carlos Teixeira Gomes nasceu em Salvador, Bahia, em 9 de março de 1936. Diplomado pela Faculdade de Direito da Bahia em 1961, tornou-se um dos mais admirados jornalistas da Bahia em sua atuação no extinto Jornal da Bahia. Faz parte da famosa geração Mapa, que marcou a vida cultural de Salvador a partir dos anos 50 do século XX. Professor de literatura, poeta e ensaísta, ocupa a cadeira número 15 da Academia de Letras da Bahia. 
 Participaram do lançamento do livro “O Telefone dos Mortos”, intelectuais dos mais diversos segmentos como o ex-governador Roberto Santos, Walter Lima, Antonio Guerra Lima, Joacy Goés, Fernando Rocha Perez, Jorge Medauar, Sebastião Nery, Ordep Serpa, Florisvaldo Mattos, Urânia Perez.