CULTURA junina resiste a showzões com famílias ao pé de fogueiras (TF) Showzões matam a cu

Tasso Franco
28/06/2016 às 09:59
  A maioria dos municípios baianos adotou o modelo de showzões para comemorar o São João com apoio, inclusive, em 90 localidades das 417 sedes municipais, do governo do Estado através da Bahiatursa. 

   Alguns desses shows sequer tocam músicas juninas de forró, uma das caracteristicas culturais da festa, e vale tudo da axé ao pagode, atualmente com preferência pela música sertaneja, o country brasis.

   Natural que a evolução dos festejos juninos tenha chegado a esse nível. Lamentável, que seja. 

   Assim também aconteceu com o Carnaval de Salvador que virou um showzão e se camarotizou. No São João os 'vips' também estão camarotizados. Os prefeitos, as autoridades municipais e estaduais, se utilizam desses equipamentos para olhar a patuléia do alto. Descer no terreiro nem pensar. É coisa pro povo. Arrastar pés só nos camarotes.

   Cada prefeito, hoje, se vangloria não pelos aspectos da cultura popular do São João, mas, pela quantidade de gente que reúne nas praças. Uns falam em 50.000 pessoas; outros em 70.000 pessoas e assim por diante. E tem aquele velho chavão de dizer que "nem a chuva e o frio afastaram o público da festa".

   Ainda assim, existem localidades como Mucugê, Rio de Contas, Caculê, Caetité, etc, que preza pelo São João tradicional, cultural, com as quadrilhas, os forrós, as fogueiras, as mesas de pratos típicos e licores como acontecia no passado.

   E ainda há muitos festejos de ruas e casas, de familias que se reúnem ao pé da fogueira, fazem mesinhas com guloseimas, adotam simpatias, pulam fogueiras de compadre e comadres, e dançam forrós.

   Esses São Joões tradicionais ainda existem e são cultuados em muitos localidades, em milhares de familias, que preservam a cultura junina e não querem saber de duplas sertanejas nem de cantores midiáticos, muito menos de festas de camisas e patrocinadas por multinacionais.

   Assim como no Carnaval de Salvador já existe o forró da cervejaria tal, da indústria y, numa aberração total da festa.

   A tradição junina nunca vai morrer. Esse modelo grandiloquente deve seguir adiante porque os prefeitos, na maioria dos casos, acha que o povo tem que ser tratado assim com festa de artistas famosos, coisa de encher os olhos do povo. A cultura que morra.

   Quem conhece Campina Grande, capital nacional do forró, e Caruru, outra capital brasileira do forró, sabe que as duas coisas podem conviver: os showzões e os bailes, a canjica, o namoro, a simpatia.

   Se algumas cidades baianas conseguissem se organizar dessa forma até passava. Da forma que está, o povo cercado num curral que nem gado com um teto de bandeirolas, é abominável. Dizem que geram empregos e renda, o que é verdade.

   Manter a tradição junina com o forró pé-de-serra de casa, das fazendas, é um dever dos baianos. E isso nunca vai acabar.