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Este segundo turno das eleições evidenciou as razões pelas quais não podemos apoiar nenhum dos candidatos, tanto pelos interesses que os candidatos representam, quando pelas relações políticas necessárias para a sustentação desses interesses. Os dois candidatos passaram o 1º e o 2º turno disputando para ver quem era o melhor amigo de Lula e Wagner e o maior traidor do campo político que o PT e PMDB compõem na Bahia e Brasil.
Mas mostraram, no entanto, que nunca trairão, os interesses dos grandes empresários financiadores das campanhas dos dois candidatos, nunca trairão os que assassinaram Neylton Souto da Silveira e que impõem uma verdadeira sangria ao SUS; àqueles que controlam a limpeza urbana e organizam a máfia do lixo; aos que via SETEPS, ditam a política de transporte e vetam a implementação do passe livre estudantil; às construtoras, verdadeiras interessadas neste nefasto PDDU.
Por tudo isso a Esquerda de Verdade assumiu a posição de não apoio a nenhum deles no segundo turno. O acerto desta definição é nítido. As posições de João Henrique e Pinheiro vêm sufocando a dimensão política dos debates, seja no horário eleitoral, seja nas entrevistas e debates de TV. São discursos que se reduzem a ataques rasteiros.
Para João Henrique é importante que Pinheiro seja visto como o "traidor". Já para Pinheiro, João Henrique deve ser visto como o "incompetente" que não aplica bem os recursos enviados por Lula. E ponto final! Nada é discutido a cerca dos verdadeiros obstáculos para resolver os graves problemas da saúde, educação, moradia, transporte e violência.
PDDU
O PDDU de João Henrique, por exemplo, passa incólume na disputa na medida em que Pinheiro demonstra que está sem autoridade e sem interesse em criticá-lo. Enquanto isso, na área da Tecnovia na Paralela, as empreiteiras desmatam e aterram lagoas sem que o Ibama e a Polícia Federal tomem nenhuma atitude.
As famílias, em sua maioria negras, da comunidade de Mussurunga - área da obra embargada pela Polícia Federal - sofrem com ações terroristas das construtoras que visam impor a faxina étnica em toda região.
A essas famílias a Esquerda de Verdade está aliada e com elas vem construindo a resistência! A política de alianças no 2º turno também não consegue esconder as semelhanças entre Pinheiro e João Henrique. Os dois candidatos negociaram diretamente com ACM Neto, e César Borges seus apoios. Estes acabaram ficando de braços dados com Paulo Souto, apoiando João Henrique, enquanto o seu vice, Bispo Marinho e seu principal apoiador, Raimundo Varela, junto com Imbassahí, vão ao amparo de Pinheiro, numa indisfarçável negociata de cargos e promessas de influência.
Se tanto no 1º como no 2º turnos as farpas não são suficientes para dissimular as identidades, quando se fala no futuro isto se torna ainda mais gritante. O tema das eleições de 2010 vem sendo tratado pelos dois candidatos como um debate de compadres contrariados. Pinheiro tem dito que é preciso que "não se destrua a possibilidade de convivência" entre PT e PMDB, e que se não houver preocupação com o que se diz, a "reaglutinação" se dará, mas com "seqüelas". João Henrique declara que "se houver desarrumação em 2010", a culpa não será dele.
Por tudo isso, e seja qual for o candidato eleito pelo campo PMDB/PT, a Esquerda de Verdade vai continuar trilhando caminhos de compromisso com a grande maioria da população de pobres e particularmente negros e negras de nossa cidade; vai reforçar as organizações dos movimentos sociais, estimular debates, articulações e ações da sociedade contra o PDDU das construtoras; pelo passe livre estudantil; pelo combate às verdadeiras causas da explosão de violência em Salvador, que são o desemprego, o racismo, a homofobia e a negação secular dos direitos mais elementares à grande maioria afro-descendente da cidade como moradia, educação e saúde de qualidade. Hilton Coelho - candidato a prefeito de Salvador pela Frente de Esquerda (PSOL, PCB e PSTU) *Para mais informações favor entrar em contato com Hilton Coelho através do telefone nº 8899-2609