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Zé de Jesus Barrêto

COPA DO NORDESTE: BAHIA LEVA CHOCOLATE DO FORTALEZA NA FONTE 0X3

ZédeJesusBarrêto comenta a superioridade do Foartelza em campo sem reação do Bahia
14/02/2023 às 12:03
   
  Foi um 3 x 0 esmagador, construído no primeiro tempo. O Bahia levou um gol cedo e não se recompôs, não se achou. Melhorou um pouco na segunda etapa mas não teve força nem competência para sequer fazer um gol de honra. O Fortaleza foi melhor, tem mais conjunto, mais entrosamento, mostrou mais objetividade. O Tricolor mostrou as deficiências e vai dar trabalho ao treinador: arrumar a marcação, postar melhor o meio campo, jogar com mais profundidade e rapidez.

  Os cearenses Fortaleza e Ceará lideram os dois grupos do Nordestão, saem na frente, continuam mandando no futebol nordestino. Isso é fato.

 O Bahia disputou nove pontos e só ganhou um. Mas é um começo de trabalho, não dá pra esmorecer. Ao trabalho, sem carnaval.   

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 Na Fonte Nova

- Lua minguante, noite limpa, a cidade já fervilhando de eventos e folias carnavalescas. A despeito disso, arquibancadas com bom público, gramado nos trinques, duelo de Tricolores, clássico nordestino, muita rivalidade em jogo, uma briga maior em disputa, a hegemonia do futebol do nordeste, o Leão do Pici é o atual campeão regional.

 - Um saudável duelo paralelo, nos bancos, no vestiário: o treinador argentino Pablo Vojvoda, ídolo e campeoníssimo no Ceará, onde está há duas temporadas, e o português Renato Paiva, há dois meses no time baiano, ajustando a equipe, buscando afirmação. Mentalidades novas, arejamento nas proposições táticas, coletivas. Um bom teste para ambos.

- O Bahia com seu uniforme 2, camisetas tricolores, listradas, calções em azul; o Fortaleza com camisa vistosa, o branco predominando, detalhes em azul e vermelho.  

 Com bola rolando ...

- A primeira boa trama do Bahia, logos aos 2’, pela direita, Kayky finalizou e Fernando Miguel defendeu arrojado, no chão. Mas...

- Gol! 1 x 0 Fortaleza, Galhardo, aos 4 minutos. Lançamento em profundidade na costas de David Duarte e Cicinho, a zaga baiana adiantada, em linha, o goleiro saiu atabalhoado, ficou na rua e o artilheiro cearense, veloz e objetivo, empurrou com o gol aberto. Vacilo. Muito cedo.

 O Bahia tramava e tocava mais a bola, o Fortaleza explorando a bola longa nas costas da zaga baiana para a velocidade de Galhardo. Aos 11’, defesa arrojada de Fernando Miguel nos pés de Everaldo, na pequena área. Aos 14’, perigo com cruzamento para Hercules, que não alcançou a bola na pequena área. Um Fortaleza mais consciente, mais consistente, agudo. No Bahia, muita vontade e pouca objetividade. Daí...

  - Gol! 2 x 0 Fortaleza! Uma pancada de Romarinho, da intermediária, acertou o ângulo, golaço!  Aos 25 minutos. Marcação frouxa, deixaram o baixinho ajeitar e mandar bala, lado esquerdo do ataque.

  Sim, o Tricolor baiano sentiu as duas pancadas. Bateu nervosismo, insegurança, muitos passes errados, cartões amarelos para David Duarte e Acevêdo. O time perdido no gramado.

- Gol! 3 x 0. Benevenuto, em total impedimento. Falta cobrada da esquerda, alçada, a defesa parou em linha, quatro cearenses se projetaram em posição irregular e o zagueiro raspou de cabeça. Gol irregular. O bandeira não marcou e não tem VAR.

Aos 45’, na melhor jogada do Bahia, Everaldo recebeu em profundidade, encarou o goleiro e perdeu, Fernando Miguel saiu e abafou.  O time da casa pressionou, tentou, mas a defensiva cearense suportou bem. 

 Os 3 x 0 do primeiro tempo foi um placar elástico demais para o que aconteceu em campo.  O Fortaleza achou um gol logo cedo, no primeiro ataque, quando o Bahia era melhor. O gol desnorteou a marcação e a defensiva baiana. Teve a felicidade do chute de Romarinho, de longe, raro, e o terceiro gol em absolutos impedimento. O Bahia assediou, ciscou, ciscou, mas ... cadê?  Vaias na descida da equipe para a merenda.

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 No intervalo, Paiva trocou: Mugni e Jacaré em campo (saíram Rosa e Kayky, sumidos).  O time voltou mais aceso, pegando mais na frente, mas os avanços deixam espaços para contragolpes. Aos 4’, boa trama, Biel parou em Fernando Miguel. Os cearenses sem pressa, quebrando o ritmo e o ímpeto do adversário, na manha, valorizando a ampla vantagem conseguida.  Apesar do aparente maior volume de jogo do Bahia, com a bola o Fortaleza periga mais, sabe o que fazer, agride.

 Aos 19’, chute enviesado de Everaldo, nas mãos de F Miguel. Aos 21’, quase Romarinho, em jogada individual, fazia o quarto; Marcos Felipe fez boa defesa. O treinador português mexeu, Vojvoda respondeu, lançou três novos em campo para manter o controle e a superioridade no meio-campo.

Trinta minutos e o Bahia lutava, mas finalizava pouco e mal, não conseguia agredir de verdade, não encontrava os espaços, não achava a bola. Pressão inócua, a defesa cearense rebatendo todas e o relógio andando... Aos 35’, Pikachu recebeu de Tinga, em profundidade e bateu seco, raspando o poste de Marcos Felipe. Aos 37’, após um escanteio, Everaldo tentou de frente, uma defesaça de Fernado Miguel; no rebote, Jacaré tentou a bola caprichosa bateu na trave e foi nas mãos do goleiro.

O Bahia fez um segundo tempo até melhor que o primeiro, mas não jogou o suficiente. O Fortaleza ficou mais fechadinho atrás, marcando duro e esperando a chance do contragolpe. Aos 42’, outra saída providencial de F Miguel evitando o gol de Biel.

 Torcedor saiu de mal.   

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Destaques

- Cicinho fez um primeiro tempo ruim, deu espaços; David Duarte é lento e fraco, tecnicamente, poucos recursos. Falta pegada a Diego Rosa. Danielzinho é um siri, futebolzinho de totó, frouxo. E a falta de objetividade na frente.

- Galhardo arrebentou a defesa baiana. O meio-campo cearense, com cinco jogadores em constante movimento e boa pegada, ganhou as divididas e os rebotes, ganhou o jogo. Uma equipe bem treinada, entrosada. Fernando Miguel seguro e tranquilo, uma zaga sem brincadeiras.

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Escalações

- Bahia: Marcos Felipe, Cicinho, David Duarte, Raul Gustavo e Chávez (Matheus Bahia); Acevedo (Miquéias), Diego Rosa (Mugni) e Daniel (Vehron); Kayky (Jacaré), Everaldo e Biel.

- Fortaleza: Fernando Miguel, Tinha, Benevenuto (Britez) e Titi; Caio Alexandre, L. Sasha, Pochettino, Bruno Pacheco e Hercules; Galhardo e Romarinho. (Pikachu, Pedro Rocha, Lucero, Zé Wélisson

- Arbitragem do Rio Grande do Norte, Caio Max no apito. Marcou tudo em favor dos cearenses, vizinhos do norte. Validou um gol com 4 jogadores do Fortaleza em completo impedimento. Não deu um pênalti no segundo tempo em favor do Bahia, um empurrão de Titi. E outro aos 50’.

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Ainda pelo Nordestão, o Bahia volta a campo na sexta-feira à noite; enfrenta o Atlético de Alagoinhas, no Carneirão.

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 O Vitória joga nesta quarta, dia 15, no Batistão, em Aracajú, contra o Sergipe.

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 Na boca da noite dessa terça, no Arrudão, em Recife, o Atlético perdeu (2 x 1) do Santa Cruz.  Ceará 3 x 2 Sport Recife.


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 Brasil Campeão Sul-americano sub-20

 A Seleção Brasileira sub-20 sagrou-se Campeão sul-americana, ao vencer na última rodada da competição a seleção do Uruguai por 2 x 0, em gramados colombianos. O Brasil, como também o Uruguai (que só perdeu para o Brasil) disputarão o Mundial da categoria. Sob o comando de Ramon Menezes, aquele meia canhoto que foi ídolo aqui no Vitória e chegou a jogar também no Bahia.

Ramos pode até, com a conquista, virar uma espécie de técnico interino da Seleção Principal, sem treinador desde o fiasco de Tite na Copa do Catar, em dezembro, ainda sem substituto oficial. Destaque também para o lateral direito André, do Bahia, que foi titular na partida final. Uma nova, vitoriosa e talentosa geração chegando de com força.  Renovar é preciso.