Colunistas / Filosofia Popular
Rasta do Pelô

O PÃO DE CADA DIA de João, o pão de Ondina e o pão do RASTA DO PELÔ

O Rasta do Pelô ficou invocado com a idéia do prefeito JH em ser radialista para defender o "pão de cada dia"
31/10/2012 às 15:16

Estava no bem bom do meu sofá saboreando pipocas com coca cola na noite da eleição quando, eis que, assisto o nosso glorioso prefeito João dizer que a partir de 1º de janeiro, vai ter que arrumar um emprego numa rádio ou numa tv, blog também, para defender “o pão de cada dia”.

Chamei a minha santa esposa e disse: “Acode aqui que o prefeito quer ser radialista ou apresentador de televisão assim que deixar o Palácio Tomé de Souza.

- Isso é jogo de cena. Oxé. Onde já se viu prefeito de Salvador deixar o cargo na pindaiba!

- Não importa. Estou lhe falando o que vi com esses olhos que a Quinta de Lázaros vai comer, que nosso João quer trabalhar numa rádio ou numa tv.

- De artista o mundo tá cheio. Quem tem que trabalhar para trazer o pão nosso de cada dia pra casa é você que tá aí nessa folga, uma hora dessas da noite, em vez de dormir cedo e acordar cedo para vender nossas boinas no Pelourinho – deu-me um pito a mulher.

Depois dessa me recolhi. Mas fui dormir com aquilo na cabeça perguntando a mim mesmo se o prefeito terá mesmo que ganhar o “pão nosso de cada dia” dessa forma ou se se trata apenas de uma jogada de marketing politico.

No outro dia acordei foi cedo e liguei logo pra meu conselheiro Badu, o intelectual de bigode, o qual mesmo morando em Floripa acompanha de perto a politica baiana e lhe contei a necessidade proeminente do prefeito.

- Qualé véio. O prefeito daí é o camarada politico mais sabido da Bahia. Ele sai da prefeitura é rico de novas ideias e quer se aproveitar da TV, como Hélio Costa fez em Minas, e agora Ratinho quis eleger o filho prefeito de Curitiba.

- Ah! É...falei, admirado.

- É...João quer ser governador da Bahia com poderes divinatórios e ajuda da popularização do rádio e da tv e, com essa conversa, pode chegar lá.

- Lá aonde Sêo Badu?

- Naquele Palácio de Ondina com vista para o mar e tudo mais de bom, o canto dos pássaros, piscina, comida da boa e da melhor, e um “pão nosso de cada dia” com queijo de Minas, queijo francês, chocolate belga, tortas, beijuzinho, geléias, pão da Perini e tudo mais do melhor.

- Aí o “pão nosso de cada dia” fica bom demais – gargalhei.

- Bom, não, ótimo. Governador, em qualquer estado, come é muito bem e não gasta um vintém – aduziu dizendo que iria atender outro cliente.

- Tá muito obrigado. Desliguei o celular e fui vender minhas boinas.

Dia miserável, com chuva, o Pelô vazio. Resultado só vendi uma boina de R$30,00 assim mesmo um argentino só me pagou R$25,00 depois de uma pechincha enorme, eu sem entender a metade das coisas que me falava.

Como não quis chegar em casa de mão abanando peguei os R$25,00 e fui fazendo as contas até chegar a Caixa D’Água: tirando o transporte, o preço da lã e o trabalho da mulher deu pra ficar com R$12,00 livre. Descontando que tinha que comprar novo novelo da lã pra a mulher repor o estoque das boinas, na real, só sobrou R$2,00 de lucro líquido.

Passei na padaria de Sêo Manolo peguei 8 cacetinhos na promoção por R$1,00 comprei 100 g de margarina e fui pra casa.

Quanto abri a porta os meninos gritaram numa alegria danana: painho chegou com o pão e a manteiga.