Cultura

MUSEU DEL NOVECENTO, ARTE E ARQUITETURA JUNTAS, p VITORIA GIOVANINI

Museo del Novecento, o encontro entre a arte e arquitetura no centro de Milão
Vitoria Giovanini , Milão, Itália | 27/06/2022 às 15:42
Museu del Novecento
Foto: TFF
   Verão chegou na Itália e para aquelas cidades sem praia como Milão uma ótima opção é conhecer museus, onde além de dar aquela fugida do calor europeu, a arquitetura e exposições são de tirar o fôlego. Hoje, vamos conhecer onde se localiza o acervo das artes do século XX, o ‘Museo del Novecento’, que fica localizado na praça do Duomo e contém obras de artistas italianos em sua maioria, mas também com obras de Picasso, Kandinsky e outros artistas estrangeiros.

O novo museu inaugurado em 2010, após sua restauração feita pelo grupo Rota Arquitetos, acomoda-se no prédio Palazzo dell’Arengario. Localizado na praça principal da cidade que é referência em arquitetura desde 1950, o local foi projetado pelos famosos arquitetos italianos Griffini, Magistretti, Muzio, e Portaluppi. 

        Aproximadamente 400 obras expostas foram divididas em coleções abrigadas neste prédio, com peças do século XX, e sua extensão no Palazzo Reale di Milano, onde abriga as coleções do século XIX. Os prédios são conectados através de uma ponte metálica e de design contemporâneo. As fachadas ficaram intactas e as intervenções chamam atenção até mesmo de fora do prédio.

  O design do museu é um caso a parte, como mencionado anteriormente, estamos na praça do Duomo, além desta vista incrível do lado oposto do museu temos também a vista da Galeria Vittorio Emanuelle e outros prédios monumentais ao redor. Pensando na conexão do novo e do antigo toda a circulação do prédio acontece nas laterais dos edifícios, sempre em contato com o externo enquanto as obras que não requerem luz natural ficam no interior.

Começamos a jornada em uma longa rampa em espiral, conectando o nível da rua com a entrada do museu, neste momento já se pode ter um gostinho da experiência que vamos viver. Através deste gesto de caminhar pela rampa nos desconectamos do mundo externo gradualmente pois é possível ver as pessoas na praça ficando mais distantes. 

     Além disso, o museu é organizado de maneira cronológica e sua circulação é em forma de círculos. Após cada sala de exposição subimos para um novo andar, através de escadas rolantes nas laterais do prédio, que mais uma vez dá-se uma pausa nas obras e nos conecta com as paredes dos prédios antigos do lado externo. 

        EXPOSIÇÕES 

Entrando na parte das exposições começamos por Giuseppe Pellizza da Volpedo e “O Quarto Estado”, continuando com a Vanguarda, que contém pinturas de Plabo Picasso, Georges Braque, Paul Klee, Vasilij Kandinskij e Amedeo Modigliani, e o Futurismo, entre eles artes do líder do movimento futurista o pintor italiano Gino Severini além de Umberto Boccioni e outros. 

       A primeira sala de exposição, assim como as outras, é toda branca para deixar que os quadros tomem conta do espaço. As salas variam na altura e comprimento, a maioria longa para estimular o movimento das pessoas, sendo a primeira mais especial por ter gigantescas colunas de mármore que marcam um corredor, dividindo a sala. Algumas salas têm nichos menores para dar ênfase a certas obras. Nos andares seguintes temos obras abstracionistas de artistas como Giorgio Morandi, Fausto Melotti e Marino Marini.

Maravilhados pela combinação de arte e arquitetura, o velho e o novo, chegamos a uns dos meus momentos favoritos dessa jornada. No terceiro andar ao final da sala 14 entramos em um ambiente com muita luz natural por conta das fachadas de vidro, onde é possível ver esculturas de bronze da coleção Marino Marini e um vislumbre do Duomo. No meio desta sala tem uma escada rolante que é uma circulação independente das citadas anteriormente levando para um outro espaço onde está a luminária de estrutura icônica de néon de Lucio Fontana, 1951. 

          O que chama atenção agora é que o museu está acontecendo do lado de fora, pode se ter uma vista privilegiada do Duomo de Milão e da Galleria Vittorio Emanuelle, um ótimo lugar para apreciar a vista e tirar umas fotos. Após este momento de pausa e apreciação voltamos para a última parte das exposições, passamos pela ponte que conecta os dois prédios e agora estamos no Palazzo Reale di Milano, onde se encontram artes interativas que causam sensações e algumas só se pode participar após assinar um papel de segurança. Destaque para sala de espelhos com luzes e um corredor ilusório que transmite as sensações de uma pessoa bêbada. 

A jornada finaliza no primeiro andar na loja do museu, mas não acaba por aí pois a área de exposições temporárias é junto à loja. Agora a exposição é sobre o arquiteto, designer, teórico e crítico milanês Aldo Rossi e fica até o dia 2 de outubro. Sua exposição é composta por mobílias, desenhos, maquetes e projetos realizados como o Il Teatro del Mondo, obra emblemática feita para a Bienal de Veneza, 1980. 

O museu funciona de terça a domingo das 10h às 19:30. Os preços variam de 5 a 10 euros, podem ser comprados online ou na entrada do museu. Existe também um cartão de museus da Lombardia que custa 35 euros para menores de 27 anos e 45 euros para maiores, e é válido para diversos museus da cidade durante o prazo de 1 ano. 

Artes provocativas de caráter forte, arquitetura fala por si só, em local de arrepiar. Não deixe de ir!