14/05/2016 às  08:44

A Assassina, melhor direção do Festival de Canes

Quatro filmes para v curtir neste final de semana


A Assassina (刺客聶隱娘), dirigido por Hsiao-Hsien Hou, Taiwan, China, Hong Kong, França , 2016.
Medalhado como filme de melhor direção no último festival de Cannes, a obra fílmica criou alvoroço no mundo cinético. Embarcado no Brasil esta semana o filme conta a estória de uma assassina profissional, criada por uma monja, em plena China do século VIII. 

   No decorrer do filme adentramos na própria estória da protagonista; esta que foi dada ainda criança para a tal monja, dona de superpoderes marciais, estes aos quais logicamente foram passados a sua discípula órfã com o passar da sua criação. 

   Neste universo de filmes antigos chineses, a obra que mais lembramos é O Tigre e o Dragão, onde se tem miraculosas brigas em cima de telhados, parecendo com que os lutadores estariam no cio e não em uma briga tamanha são as culhudas de até voar nos embates. 

   Graças que o ganhador de Cannes não teve esse mesmo ímpeto. Ou seja: Tinha-se até brigas, mas nada
comparadas a cenas mirabolantes como as do filme citado anteriormente. Todavia, o filme tinha em sua protagonista uma assassina cruel e sem pudor, onde eliminava sem piedade a quem sua monja requeresse. O arco narrativo da trama muda quando a nossa assassina é mandada a matar um ex-namorado seu: Agora político influente da China do século VIII. 

   Na primeira tentativa ela hesita pôr o homem estar com uma criança no colo, e na segunda, terceira, quarta e quinta tentativas, o seu coração para a sua ação e a mulher não tem como matar seu amado que fora prometido a ela ainda quando criança e por questões de guerra -política o casamento não acontece e ela se manda com a monja. 

    A fotografia é um caso à parte na obra fílmica: São estupendas as paisagens naturais daquele país continental e oriental, belíssimo. No aspecto da narrativa o filme de fato se mostra demasiado translúcido e contemplativo, porém a obra é salva pela atuação de sua protagonista, juntamente com a direção, e lógico: Por sua bela fotografia.
                                                                                *****

     Proibido Fumar, da Anna Muylarte, com Paulo Miklos e Gloria Pires, Brasil, 2009. Nem adianta solicitar-me a escrever sobre filmes que estão arrasando nas bilheterias como Batman X Super-Homem. Não tenho  saco nem para assisti-los e quem dirás escrever; chances zero.

    Posto isto venho através dessas letras resenhar um filme honesto da Anna. E não só honesto, mas que consegue uma coisa raríssima a película, que é entreter mostrando o cotidiano. É assim: Como protagonistas temos um músico e uma mulher que não faz nada. Ambos são vizinhos de lado de um 
prédio. 

    O “cotidiano” citado é mesmo a rotina mostrada dessas personas bem normais. Ou seja: Mostra a batalha de um músico, interpretado pelo  Titãs Paulo Miklos, e também a tentativa da sua vizinha, interpretada bem também pela Glória Pires, em parar de fumar. E o filme da Anna fica nisto, nesta relação de ambos e nas tais “metas”. 

   O filme não cai no marasmo porque todo ser humano é complexo por natureza, seja ele quem 
for; se tiver braço, tronco e membro a coisa é complexa, sendo este culto, burro, rico, pobre, viado, garanhão, mulher, homem, etc. Então não resta indagações, dúvidas, burricadas e também virtuosidades das personagens.

   No filme acompanhamos a guerra que a personagem feminina da  trama enfrenta contra seu vício: A terrível nicotina; a droga mais difícil de ser deixada. Com um amor novo aí está a motivação para a moça
 parar de fumar, pois o cara não gostava muito do cheiro. Ou seja: Era ou ele ou o cigarro. Neste mato sem cachorro a mulher se vê numa sinuca de bico e resolve parar de fumar para não perder seu paquera. 
 
   Trata-se de um filme honesto, bem diferente do último da Anna inclusive, que mostra relações comuns, porém que fica só nisso. Ou seja: Nada de mais ou nada de menos, apenas uma mera distração para 
um domingão.
                                                                          ****
   Que Estranho Chamar-se Frederico, dirigido e co-roteirizado por Ettore Scola, Itália, 2013. O último filme do Scola fora uma homenagem ao seu amigo de fé e irmão camarada; o cineasta, talvez, mais importante da terra da bota de todos os tempos; ao menos para Scola ele era e este que voz escreve 
compartilha também mesma opinião.

   Não à toa surgiu o adjetivamento chamado por Felliniano virou moda quando alguma obra pulsa pelo 
destempero em misturar o real com o fictício. Frederico era isto; um ser  a frente de seu tempo que desprezava o politicamente correto e, por isso, foi apelidado de cineasta Pinóquio por suas obras brincarem  com sonhos e realidades em um mesmo plano com a mesma proporção. 

   Fato é  que a bela homenagem a Fellini é um primor para quem é apaixonado por cinema. O filme, que é meio uma ficção com documentário ( como não poderia deixar de ser de outro jeito, em se tratando de Frederico ) nos permite a conhecer a trajetória de ambos cineastas desde do seus inícios. Ou seja, quando ambos começaram a engatilhar na arte, mas não especificamente no cinema, mas como cartunistas no jornal mais politicamente incorreto da época da Itália. 

   Fellini chega ao jornal com dezesseis anos e logo após Scola chega com dezessete. O tabloide era de 
humor negro. Plataforma esta propícia para ambos aplicarem suas piadas sem pudores. Daí do tabloide para o cinema fora uma questão de tempo. Primeiro Fellini entrou no esquema, e depois levou Scola consigo para os  Estúdios. 

   Detentor de três óscares Fellini se consagra com um mito para o cinema italiano e mundial, e até tenta uma carreira como ator em um filme do Scola, porém sem muito êxito ( cada macaco no seu galho..). Não
 acho descabido escrever que o filme não é só uma homenagem de um cineasta para com outro, e sim o que uma obra fílmica permite a perpassar isso de uma maneira, até inconsciente, meio que homenageando o  cinema como um todo, e não só um cineasta, mesmo que seja este de peso 
como Fellini, com adjetivamentos tais como: A arte de improvisar, ou a arte de fazer pelo sacrifício sem inspiração alguma é que nos leva a uma única conclusão: Que fazer cinema é para poucos, pôr a sétima arte englobar tantas artes em um só formato. 

   Então cabe a este que vos escreve mais uma vez parabenizar não só ao Scola, que nos deixou esse 
ano, ou a Fellini, mas sim a todos os cineastas que botam a “cara para bater” e fazem seus filmes, seja este curtas, médias ou longas metragem.
 
   O que importa é esta coragem em fazer uma obra cinematográfica. Se vem inspiração para tal "lavoro", ótimo, caso não role vamos com a expiração somente mesmo e muita vontade de trabalhar para fazer o filme. Uni-vos amantes da sétima arte mundo afora: A revolução quem faz somos nós.
                                                                     *****
   Pas Son Genre, dirigido e roteirizado por Lucas Belvaux, França, 2014. A tradução para o português ficou algo como: “ Não é meu tipo  “. Arco narrativo: Um professor de Filosofia se muda de Paris para 
Arras, interior provinciano francês a poucos minutos de trem da capital luz, para continuar lecionando, já que forçosamente fora transferido para aquela cidadezinha sem muitos atributos culturais a oferecer e 
ainda por cima tendo de aguentar o mau humor do povo interiorano em relação há quem vem de fora.

    As suas aulas são pouco aproveitáveis para os alunos, estes não dando a devida importância para a disciplina Filosofia. O professor, por sua vez, também estava se lixando se alguém queria saber a importância da sua disciplina, tornando assim quase como se fosse um funcionário público padrão que vê as horas e torce para que elas passem rápido e ele volte pra casa, bar ou onde quer que queira ir.

    Neste marasmo do cotidiano de um professor, que estava fadado a falta de motivações, surge então uma bela cabeleireira na sua vida para preencher aquele silêncio daquela cidade pacata e pouco interessante. A moça de início, como quase toda interiorana (ao menos as da Bahia... ), se faz de difícil. 

   Todavia como o professor não estava fazendo nada mesmo, ele teria todo o tempo do mundo para suas investidas naquele avião ( e olha que não foram poucas ), mas após algumas sessões de cinema e jantares os dois se entendem e engatam um relacionamento. 

   O sempre gentil professor é um homem perfeito: Nunca tem ciúmes, nem tampouco fica bravo com a namorada em momento algum, teria ela ganho  na  loteria? A moça, por outro ângulo, se via cada vez mais apaixonada por aquele homem perfeito que até se parecia bastante com ela, fora a hora 
dos livros que a presenteava como o primeiro por exemplo: O Idiota, de Dostoiévski. E é aí onde queria chegar nesse texto: Será que a falta de conhecimento pode interferir para que uma pessoa se apaixone por outra?

    O  filme deixa nítido que sim, que se não existir uma reciprocidade intelectual, as chances de um estar só pelo sexo e companhia é bem grande. O que achei interessante na trama é que o diretor ou roteirista 
colocou como personagem uma cabeleireira sem muita instrução, mas totalmente sensível como pessoa, e por isso seu status quo existência sobe bastante e já não sabemos que é que está com a razão, ele com seus dotes de escritor intelectual escondido ou seria ela, uma moçoila que reconhece que o estudo fez falta naquele momento da sua vida onde se via  completamente apaixonada, mas que a arte a fazia, por vezes, maior que a  intelectualidade do seu amado, ou melhor, já teria ela passado por esta
 provação de intelectual em uma vida passada e agora estaria em outra espécie de evolução? 

   Sei que ando batendo muito nesta tecla da reencarnação, mas de fato não tenho ideia formada acerca do tema, apenas indagações, então perdão se a mão está pesando para esse lado.

   Voltando a crítica, que inclusive foi severa ao filme taxando como péssimo, de fato não temos um baita filmaço, mas temos um bom argumento de roteiro ( que é exatamente esta união improvável de pessoas tão diferentes ) , que se tal roteiro pudesse ser melhor trabalhado o resultado da obra poderia ser outro; pena que dessa vez não deu, ao menos fiquemos com a beleza da atriz cabeleireira.
 


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