19/10/2013 às  08:07

CINEMA: OS BELOS DIAS, viva e faça viver, belo filme

Família do bagulho (We´re the Millers), de Rawson Marshall Thurber, com Jennifer Aniston, EUA, 2013; Surpreende pelo humor despretensioso e inteligente em algumas cenas.


Os belos dias  Les Beaux Jours),dirigido e co-roteirizado por Marion Vernoux, com Fanny Ardant fazendo sua bela protagonista, França, 2013.  Este é um filme atípico de sucesso de crítica e público que em seu primeiro final de semana na França levou 200.000 espectadores aos cinemas. 

   O filme tem uma pegada poética, pois mostra a vida de uma dentista sessentona recém aposentada que além da aposentadoria por motivos de “pavio curto” para com seus pacientes, nesse mesmo período perde sua melhor amiga em um acidente.

   Suas duas filhas, conhecedoras da natureza de sua mãe, compram um vale para ela desfrutar um período em um recinto de idosos, tipo uma casa de arte-terapia para a terceira idade. Contrariada a jovem senhora idosa, e bem conservada por sinal, vai ao primeiro dia fazer uma aula de teatro; Aula esta que não dera muito certo por falta de química com a professora.

    No dia seguinte, volta contrariada a fim de resolver um problema com sua banda larga em uma aula de informática da casa de senhoras da terceira idade. Entretanto ela não só descobre sua dúvida da banda larga , mas como ( e esse “como” vai como duplo sentido ) conhece seu futuro amante: um homem na casa dos seus quase quarenta e que tem uma fome visceral por sexo.

    Veja bem, tudo isso e cenas são construídas de maneira meticulosamente ou charmosamente invulgares, por isso que mencionei no inicio do texto que antes de tudo trata-se de um filme poético. Em momento algum a relação imprópria , por ela ser casada e mais velha que ele, vi um relaxamento por parte do jovem homem ou auto-excesso de pena por parte da mulher mais experiente.

    A relação dos dois é bonita, pois se vê respeito, admiração e dane-se o resto, ou seja, quem se preocupa demais com o vizinho é sinal que em sua casa as coisas não vão bem, porque se estivesse tudo bem eles teriam mais o que fazer. 

   Todavia se percebendo a poesia da fita, enxergamos em conseqüência o sinal ou a lição da história, que foi ao meu ver: Na vida podemos ter filhos, filhas, maridos, esposas, tios, tias, avôs, avós; Porém no final quem sabe de fato o que é bom ou ruim para você é somente você , pois somente você sente as dores do existir ou do “não - existir” ( aí cabe a qualquer um decidir o que quer ), por isso siga o que sente e quer fazer, pois no final a conta existencial é somente sua, seja ela negativa ou positiva, por isso tenha coragem de ter a consciência de que vai assiná-la, pois vai assiná-la mesmo querendo ou não; 

  Então viva e faça valer a pena. Belíssima fita que no calor dela assistida poucas palavras a escrever ficam na mente, porém a alma fica cheia de poesia: excelente filme.
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    Elysium, dirigido e roteirizado por Neill Blomkamp, EUA, 2013. Sei que a expectativa dos fãs brasileiros do ator Wagner Moura é grande para conferir a sua primeira atuação hollywoodiana. Sem querer ser desmancha prazer e de certa forma já sendo, não esperem nada desse filme e também da atuação do eterno Capitão Nascimento dos Tropas de Elite: I e II. 

   E o pior que a culpa para sua atuação pífia não foi nem tanto por culpa dele, mas sim de um filme com um roteiro cheio de buracos, pra não escrever super malfeito. A pretensão da história a ser delineada em película é boa, a idéia de que no ano de 2158 ( ou seja, relativamente não muito distante do atual ano 2013) o planeta Terra é tipo favelão, cheio de gente doente e com robôs-guardas fazendo patrulhas por um planeta feio, caótico e totalmente desmoronado e sem recurso algum para sobreviver. 

   A idéia de fazer menção de que o inferno seria aqui na Terra futuramente é interessante pelo modo de como o tratamos atualmente, porém como isso foi contado de uma maneira totalmente arbitrária e sem até pesquisas para tal, ou seja, de como seria um planeta caótico em 2158 é que fez a diferença negativamente ao filme e por isso só podemos classificá-lo como fraco.

    E logicamente quando não se tem um roteiro “explicável “ ou mesmo bom, atores não podem fazer milagres, ou seja todos vão juntos ao fundo do ralo, mas como o povo gosta de ver esses tipos de coisas é bem possível que o filme, que já foi top number one em bilheterias estadunidenses, faça sucesso por aqui também. 

   Mas vamos resenhá-lo um pouco mais. Para provar que não se trata de nenhuma rixa com blockbooster, peguemos o antagonista do filme: um sujeito sujo, ex-soldado de elite dos ricos terrestres refugiados no adorável e curável de todas e quaisquer tipos de doenças, chamado de planeta Elysium.

    Em uma crise de fúria contra o sistema e de tanto ver pessoas morrendo em sua viagem de férias a Terra, o sujeito resolve loucamente arquitetar um plano para ser o imperador do planeta ideal e de quebra jogar uma bomba atômica super potente na Terra para matar todo mundo e na cabeça dele, fazer até um favor e eliminar toda aquela miséria e sofrimento de vida.

  Tal plano passa por diversas cenas de ação, pois outros personagens ( inclusive o protagonista da trama, Matt Damon, que a  meu modo de ver atuou pessimamente mal, pior até que o Wagner e a gatinha da Alice Braga juntas, incluindo também a sempre bela e jovial Jodie Foster - em outro papel fraquinho no filme do diretor sul-africano ), também queriam sair da Terra e ir a Elysium ora pra se curarem de doenças ou ora para tomar o planeta, que era o caso do personagem do planeta. 

   Não sei se pelo fato de ter visto esse blockbooster em versão dublada tenha ficado um péssima impressão dele, mas fato é que legendado ou dublado minha opinião sobre o filme não mudaria muita coisa justa e exclusivamente porquausa do seu fraco, frágil roteiro, com certeza existe coisa bem melhor passando nos cines, ao menos quero crer nisso, caso contrário seria de fato o fim de picada.
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   Família do bagulho (We´re the Millers), de Rawson Marshall Thurber, com Jennifer Aniston, EUA, 2013;Surpreende pelo humor despretensioso e inteligente em algumas cenas. 

   A história é a seguinte: um pequeno traficante ou fornecedor de maconha é roubado e com isso torna-se devedor de um dos seus antigos colegas de faculdade, que era o fornecedor-mor da erva na cidade de Denver, no Colorado. 

   Para quitar sua dívida o operário para o anti-stress capitalista é intimidado a pegar uma “raspinha” da mercadoria no México, ou seja, atravessar a fronteira com o “contrabando”. Para que o plano dê certo nosso pequeno devedor arquiteta um plano para entrar e sair do país sem maiores problemas, que era viajar com sua família de férias, supostamente.

    Todavia tal fornecedor pouco ambicioso não dispunha de esposa e filhos para formar uma família e passasse despercebido na fronteira entre os países. Mas como a marijuana faz pensar também e não somente deixa-se lesado como a maioria imagina, o cara vai pegando um filho ali, uma esposa acolá e eis que por meio de recompensa, pois ninguém arisca a vida de graça, forma-se uma família com um casal de filhos e uma esposa gostosa. 
O plano estava formado e lá foi eles pegar a estrada rumo ao México e a “raspinha”. Quando se chega lá a “família “ percebe que a “raspinha” tratava-se de apenas duas toneladas da erva. Como não tinha como dizer que não sabiam da quantidade, a erva é armazenada e trazida dentro de um trailer alugado, e nesse caminho da volta que o filme é desenvolvido em sua maior parte com a “família” se metendo em vários embates e confusões na volta para casa. 

   Mesmo com um tema polêmico, que é a maconha, o filme não foge do politicamente correto mostrando com sarcasmo, mas ainda assim mostrando que a família está acima de tudo, até mesmo de dinheiro e não interessando se a família era de fato verdadeira ou não. O que se vê, além das piadas de humor negro, é que gente mais cedo ou mais tarde não suporta a solidão e abre mão de tudo pra não ficar só, inclusive de grana. Uma comédia típica norte-americana que mostra a cultura prática do seu povo desprovido de sentimentalismos latinos, mas que ainda assim não abrem mãos de serem amados e amarem. Sim: trata-se de um filme “piegas” e que inegavelmente rende boas risadas.


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