14/09/2013 às  09:17

Hannah Arendt aborda holocausto com outra ótica

Olhos azuis é um documentário produzido, dirigido, escrito e roteirizado por sua própria protagonista, Jane Elliott, em 1995 e lançado no ano seguinte nos EUA


  Hannah Arendt, dirigido e produzido pela Margarethe Von Trotta,Alemanha/França, 2013. Quando o homem tem a inabilidade de pensar é que surgem as piores coisas feitas por eles. Com esse discurso ou lema uma professora universitária israelense refugiada nos EUA do holocausto compra literalmente uma briga quando é contratada por um renomado jornal americano a fim de cobrir o julgamento de um nazista em Israel.

   As discordâncias e os ideais da professora intelectual “judia” começam a partir do momento em que o funcionário nazista começa a discursar ou a se defender, afirmando que não se sentia culpado pelas centenas de morte dos judeus, pois o seu trabalho era somente colocá-los em um trem para a morte, ou seja, transferiam-nos do campo de concentração para os locais em que se matavam gente como se matam animais contaminados com gás lacrimogêneo. 

   O suposto funcionário “inocente” dizia-se dormir bem e sem culpas, pois na cabeça dele fazia um trabalho meramente administrativo, ou seja, não dava ordens diretas para matar ninguém, tampouco ligava as câmeras de gás para exterminar a raça inferior: os judeus. 

   Testemunhos reais afirmam que a loucura dos nazistas era tanta que para ter mais seres arianos de olhos azuis, eles tentavam mudar os olhos castanhos de alguns judeus, e isso sem nenhum tipo de anestesia, deixando estes cobaias muitas vezes cegos.

    Porém voltando ao filme a sua protagonista por achar que o funcionário nazista não tenha sido o principal culpado pela morte dos judeus e transformar a cobertura do julgamento em uma tese universitária para seus alunos, e através disso, ou seja, de sua tese, influenciando muitos dos seus alunos americanos a pensarem como ela, ou seja: quando perdemos a inabilidade do pensar as mais coisas horrendas podem se suceder pela raça humana nos igualando a qualquer outro animal irracional, como um cachorro ou um gato. 

   Por a protagonista insistir em bater nesta tecla em plena Israel em um julgamento de um nazista , ela não só é desprezada por seu mestre ( o qual ensinara na infância a ela a capacidade do homem pensar ou não e suas conseqüências ), mas por todo o seu povo do seu país de origem. Ela sente o baque , mas volta aos EUA com suas convicções e aulas universitárias e nunca mais volta a Israel e a falar com seu principal professor, que por vezes achamos que foi seu principal amor também, embora fosse casada com outro israelense que fugira com ele de um campo de concentração nazista em Israel só com o visto para os EUA, dando um drible na morte certa. Uma frase que pairou-me depois de sair do cinema foi dita pela excelente protagonista:

  “ Não amo países, tampouco religiões , amo pessoas”. Sem dúvidas um belo filme em que a capacidade de pensar do ser humano é cada vez mais supérflua.
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   A casa da mãe Joana 2 , do operário da sétima arte nacional Hugo Carvana, 2013. É uma comédia bacana de ser vista por ser despretensiosa, ou seja, não pretende ser mais aquilo do se propôs a ser: um entretenimento de fácil entendimento, e talvez por isso, seja o filme propicio entre uma reunião chata de escritório e outra, para que então o espectador recarregue suas baterias a fim de conseguir encarar o final do período de trabalho ou a próxima reunião desconfortável. O diretor do filme Hugo Carvana deixa bem claro do que sabe e gosta de fazer:

   “A comédia é a minha praia, não me peçam para fazer dramas que certamente não sairão tão naturais como minhas comédias”. E de fato o diretor só fez comédias até hoje, e se elas não são uma unanimidade entre crítica e publico, certamente cumpre o seu papel principal que é: ter esses tipos de fitas para se assistir e esvaziar a cuca em um intervalo de um filme denso e outro, pois se trata de um filme mediano mesmo sem nenhum prêmio em sequer nenhum ( de novo ) pequeno ou grande festival de cinema.
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   Olhos azuis é um documentário produzido, dirigido, escrito e roteirizado por sua própria protagonista, Jane Elliott, em 1995 e lançado no ano seguinte nos EUA que mostra um plano didático educacional dessa professora-protagonista super corajosa  em que colocava vinte pessoas brancas de olhos azuis a serem tratadas como negros ou afro americanos por apenas 2,5 hs , e não a vida toda como os negros ou excluídos estavam acostumados a  viver todos os seus  dias. De fato foi à fita que mais me emocionou este ano por compreender  ( infelizmente porquausa desse nosso sistema castrador ) que sou parte desse jogo que excluem os excluídos, sejam estes negros, idosos, gays, lésbicas ou deficientes físicos. 

  O documentário fora feito bem antes de 2001, ou seja, antes dos ataques terroristas e a queda das torres gêmeas em Mahathan e também antes do primeiro presidente negro ser eleito no país mais poderoso do mundo. O filme é extremamente real e por isso tão difícil de ser visto e digerido. Mostram-se cenas de pura humilhação da professora aposentada, que teve um passado difícil por defender os lemas do principal líder negro americano Martin Luther King, e ainda colocar em prática em suas aulas para crianças a filosofia desse líder  dando por isso espaço para sérias e agressivas ameaças para com sua família e em especial para com seus filhos de 11, e 13 anos: vitimas de agressões verbais e físicas durante praticamente a vida toda. 
Todavia ainda com tais ameaças a professora corajosa não desiste de seus ideais e continua suas palestras EUA afora, a fim de divulgar o que era e ainda é as humilhações que os “excluídos” sofrem durante toda a vida, e não somente em um workshop durante algumas horas com seus voluntários - cobaias de olhos azuis. Muitos deles choram aos prantos durante as humilhações sofridas em uma saleta durante o workshop, e é visível que seus choros são reais, ou seja, por qual pele ou cor que tivermos não gostamos de sermos tratados hostilmente ou como cachorros vira-latas sem donos. Poderia ficar escrevendo mais cinqüenta linhas e ainda assim não conseguiria transmitir a visceralidade desse documentário: é o tipo da fita que tem de ver para crer do que trata e como trata o tema dos excluídos.

    A escolha de indivíduos com a característica comum de terem olhos azuis condiz com um estudo da professora que tenta através do experimento mostrar que Adolf Hitler e a raça ariana estavam descabidamente insanos quando queria exterminar do planeta outras pessoas sem as mesmas características mostrando que não apenas o nazista-môr estava errado com sua convicção na tal raça superior como também as pesquisas da professora apontavam para uma possível e suposta queda de Q.I. para indivíduos de olhos claros, ou seja, por eles serem mais burros que uma pessoa de olhos castanhos ou “comum” por exemplo. Um documentário investigativo- científico e acima de tudo demonstrativo no sentido de mostrar que ainda somos bastante racistas contra as minorias.


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