10/08/2013 às  11:07

A ESPUMA DOS DIAS mexe com o imaginário das pessoas de forma legal

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 A espuma dos dias, dirigido por Michel Gondry, França, 2013. 

   O filme é baseado na clássica obra literária francesa homônima escrita por Boris Vian que vivia em Paris num ambiente repleto de referências ao jazz e ao existencialismo dos anos 1950. 

   Não por acaso que os artistas plásticos gostam tanto do diretor, pois ele mistura sem moderação abstração com realidade sem nenhum constrangimento e com qualidade, diga-se de passagem. 

   Se alguém já viu o filme Delicatessen ( francês também ) e gostou, provavelmente gostará desse também, por mexer no nosso imaginário de uma forma tão genial e instigante, nos tirando do “luxo comum” de não pensarmos e sim somente comer o maior saco de pipoca junto com o maior copo de refrigerante que tiver sendo vendido e se empanturrar sem se preocupar com o conteúdo filme, como na maioria das vezes acontece com a maioria das pessoas.    

   A fita brinca com competência e responsabilidade por fazer um filme de qualidade com uma relação encaixada do mundo imaginário para com o mundo real. No roteiro temos um jovem milionário que morava atipicamente em um belo trailer. 

   Em certo baile o rapaz conhece uma garota e a paixão é instantânea e avassaladora. Antes da continuação da resenha é importante salientar o elenco da fita: Omar Sy, Romain Duris e Andrey Tautou, ou seja, nomes de ponta do cinema europeu e francês atual. 

   O amadurecimento dessa paquera de baile e por conseqüência disso os dois juntam seus trapinhos e vão morar juntos no trailer do cara. Trailer ou casa essa cheia de requintes mágicos, tais como: ter um cozinheiro real e um outro anão, quase que imaginário, que ficava entregando os ingredientes ao “ cozinheiro –mor” quando este abria a geladeira e até avisava dentro do forno se tal comida já estava pronta ou ainda por procurar em uma mini-horta os melhores legumes e verduras para serem comidos nas refeições especiais entre o recente casal.

    Não foi a toa que escrevi no inicio da resenha que a fita agradaria em cheio aos artistas plásticos, pois o mais espetacular tanto em termos de estória “roteiral”, assim como e principalmente também por estupendos efeitos especiais de animação, ainda estava por vir no meio do final do filme. É que tal garota sofria de uma doença atípica: no lugar de um dos seus pulmões existia uma flor de Lótus, de modo que ela só conseguiria sobreviver se esta flor fosse “alimentada” por outras flores ao redor para que a sua não murchasse e ela conseqüentemente morresse.

    De tanto comprar flores, e eram muitas: acredite, a fortuna do jovem apaixonado ia esvaindo-se aos poucos, de modo que um dia acabara completamente e o cara que nunca tinha trabalhado na vida por ter nascido em berço de ouro agora por nome do amor tivera que arrumar um emprego, coisa essa que não consegue ou conseguiu por pouco tempo pelo fato de nunca ter trabalhado, porém trabalhar era necessário para continuar comprando flores e mais flores para que sua amada não passasse “dessa pra melhor” ou pior, vai saber...
     
   E o final do filme é mais ou menos isso, ou seja, compras e mais compras das intermináveis flores. O que dá pra saber é a coragem e o desprendimento que o diretor do filme tem em juntar todos esses universos reais e fictícios e colocá-los em uma mesma obra e por isso saímos do cinema completamente avulsos e desavisados no sentido de entendimento do que a fita queria propor. Ok, o filme queria que você dê-se vazão ao seu lado que insiste em tratar com indiferença, que é o nosso lado artístico que cada um carrega dentro consigo. 

  Mas e aí: já sabemos que temos esse lado artístico, já sabemos que ele existe, mais e aí, o que fazemos com ele então? Acho que é justamente aí que o filme quis chegar, ou seja, a lugar nenhum: somente apenas a não deixarmos de esquecer nosso lado artístico que pelo corre-corre do dia-dia acaba o sendo, ou seja, mais uma vez: deixar de prontidão nossa sensibilidade para percebermos detalhes pequenos da vida, porém importantes e que fazem toda a diferença na maioria das vezes. Sintetizar essa fita é difícil, pois se trata mais de emoções individuais ou de pessoas “mais ( + ) ou menos ( - ) sensíveis a fatos ou pessoas. Resumiria em poucas palavras para fechamento dessa resenha como um filme sensorial e bem interessante para quem não tem medo de conhecer suas emoções e ser deixado guiado por elas.

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     Giovanni Improtta;  Por esses filmes e alguns mais outros que não tem escrever bem do cinema nacional, por mais que me esforce para isso, pois acima de ser crítico de cinema torço para ele evolua, porém para afirmarmos isso temos de perceber tal coisa, e essa de fato infelizmente na maioria das obras recentes não acontece.

   Tudo bem que foi o primeiro filme dirigido pelo ator global e pelo visto ainda não diretor José Wilker, Brasil, 2013; Porém o filme deixa a desejar por roteiro e é salvo “pelo gongo” por seu estupendo elenco. Porém elenco só segura algum filme se este tiver um mínimo que consistência roteiral, que não fora o caso do filme em questão. A estória é a seguinte: o Giovanni Improtta ou José Wilker, que tem a horrorosa mania de trocar palavras por outras parecidas, porém totalmente diferente de seu significado, é um bicheiro à moda antiga que se apaixona ou se apaixona por ele melhor assim dizer a filha de um empresário magnata que não o quer no meio dele por ele ser bicheiro. Porém como sabemos que a natureza e o instinto é que manda no final das contas, a pirralha gruda no bicheiro assim como macaco na banana. 

  O bicheiro vê uma brecha para apaziguar ou limpar de uma vez sua aranhada imagem de homem de negócios ilícitos junto à sociedade. Ademais a esse “estupendo” roteiro temos a mulher do bicheiro, interpretada pela. Andréia Beltrão, que faz a personagem de uma típica mulher de bicheiro, ou seja: brega, que se torna a antagonista da trama ( se é que o filme teve esse cuidado de fazer uma antagonista: estou pessoalmente dando uma moral ao roteirista e crendo que ela seja a antagonista por dar muita dor de cabeça ao protagonista como uma esposa alcoólatra). 

   Enfim nomes não faltariam a citar no elenco, tais como: Othon Bastos e Milton Gonçalves, mas quando não se tem nas mãos uma boa estória pra contar fica deveras difícil fazer milagres em um filme.

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   Indomável sonhadora, dirigido por Benh Zeitlin, EUA, 2013. Existem filmes que por sua carga “humana-demasiadamente-humana” ou se preferirem: miserável-demasiadamente miserável pelo motivo da pobreza de uns vivendo de forma total e descabidamente desumana até para cachorros, é que fica difícil ver o filme e escrevê-lo no mesmo dia. 

  Para este filme concorrente aos melhores desse ano no Oscar, que fora a surpresa das indicações, diga-se de passagem, justamente por abordar um tema que geralmente Hollywood faz biquinho, que é a falta de generosidade entre os seres humanos. Pois bem, todavia para filme de “gabarito” desconfortante como esse por tratar de forma tão visceral a degradação humana é necessário um tempo de maturamento para que então compreendamos um pouco melhor sem o calor da fita vista ou das hipotéticas formulações filosóficas que podem ser feitas e refeitas para melhor compreensão do filme. 

  Tenho um forte indício e conseqüentemente um pensamento ou uma indagação que o fez a fita ser colocada na lista entre os melhores filmes do Oscar para cada dia a mais “aberta” aos interesses políticos e econômicos dos EUA. A fita abordada em questão e que fora feita com muito poucos dólares é produto oriundo da terra do tio sãm, ou seja, um filme para um Sunddance festival, que o principal festival alternativo de filmes dos EUA. Não enxergo outro motivo para que tal filme esteja na lista, deixando outros “anos-luz” melhores de fora dos selecionáveis de países como Irã ( esse por questões óbvias ) ou de outros filmaçõs sul-americanos.
Porém do filme A adorável sonhadora salva-se somente sua protagonista mirim que também concorreu ao prêmio de melhor atriz e em minha opinião deveria ter levado e feito estória como a atriz mais nova a receber a reconhecida estatueta e mafiosa do Oscar. Não é que o filme seja ruim, aliás, esse ano a academia escolheu, senão filmes excepcionais, mas sim filmes “ assistiveis” ao completo contrário do que se sucedera em 2012 com só porcarias para conferir. 

   Todavia a miséria e a falta de dias melhores fazem com que a fita seja “massacrivalmente” parada por abordar praticamente o filme todo uma menina que tinha a árdua tarefa de cuidar do seu pai a beira da morte por uma doença terminal e ainda por cima ser o “homem da casa”, esta feita de palafitas afundando-se literalmente a cada dia e chuvas que ocorressem em New Orleans depois do último e um dos mais fortes reais tornados que passastes por lá e a poucos anos atrás, relembremos de passagem. Com esse clima “roteiral” que não deixava sequer nem por um único segundo respirarmos para ver uma paisagem menos feia ou miserável a estória  do filme se tornou excessivamente dramátic


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