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Zé de Jesus Barrêto

VITÓRIA um pouco melhor do que BAHIA, ambos lá atrás

O Brasil está se dando ao luxo de ter duas seleções de futebol. Tá muito bem.
26/10/2014 às 22:12
Mesmo sem jogar uma grande partida, em casa, o Vitória ganhou do lanterna Criciúma (3 x 1), com lampejos no segundo tempo do atacante Edno, e com o resultado saiu momentaneamente da zona de rebaixamento, respirando um pouco, com 34 pontos ganhos, um apenas à frente de Botafogo e Coritiba, ambos no buraco, junto com o Bahia (31 pontos) e Criciúma (30 pontos).

Já o Bahia, fez uma partida infame, tecnicamente, em Porto Alegre, um primeiro tempo medonho, e levou 2 x 0 do Inter, afundando-se bastante no lamaçal da zona, na vice-lanterna. Segundona à vista, a cada mais próxima. 

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Na parte de cima da tabela estão o Cruzeiro, líder e virtual campeão, o Atlético Mineiro, Internacional e São Paulo que joga nesta segunda-feira contra o Goiás, complementando a rodada; se vencer o tricolor paulista pode chegar à vice-liderança. 

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Colorado superior

Os jogadores do Bahia entraram no campo da Beira Rio, em Porto Alegre, na noite de sábado, vestidos de rosa, em apoio à campanha ‘outubro rosa’, de prevenção ao câncer de mama. Mas a equipe, atolada na zona de risco, a rabeira dos quatro últimos da tabela, jogou de beca branca. O Inter, colorado, apostando num bom resultado e a possível volta ao grupo dos quatro primeiros. Deu-se bem. 

O jogo começou já com o Inter postado à frente, marcando adiantado, buscando dificultar a saída de jogo da defensiva tricolor. Jogo faltoso, a primeira infração cometida pelo Colorado aos oito segundos. Aos 9’, Alan Patrick pegou rebote, livre, na frente da área tricolor e bateu de longe, pelo alto e no meio, pegando Lomba, como sempre, adiantado: 1 x 0. O Bahia chegou pela primeira vez aos 25’, após cobrança de falta de Emanoel, a bola desviou na zaga e quase engana o goleiro Alisson, que salvou de tapa. Aos 33’, Álisson voltou a intervir bem, após cobrança de falta e cabeçada de Démerson. Aos 38’, Jorge Henrique rompeu a zaga tabelando com Nilmar, que recebeu livre na área e fuzilou, fácil: 2x0. O Inter absoluto nos 45 minutos iniciais, ganhando o meio campo, apertando. O tricolor marcando mal, passando pior ainda, sem força de ataque, desarrumado. O placar pareceu pequeno diante da diferença de futebol entre as duas equipes.

Nos vestiários, o treinador Gilson Kleina pos Potita (vejam só em lugar do apagadão Diego Macedo, postando a equipe mais na frente, na tentativa de jogar um pouco. O Inter continuou na frente, dominando, atacando: aos 5’, Nilmar recebeu livre nas costas do apeado Lucas Fonseca e Lomba salvou; no lance seguinte, novo erro na saída de bola e Jorge Henrique por pouco não ampliou. Sò por volta dos 15 minutos o tricolor melhorou um pouco, adiantou-se, foi mais ao ataque, e chegou duas vezes em cobranças de falta, entre os 15 e 20 minutos, sem grandes consequências. Aos 21’, aconteceu um bom chute de fora de Emanoel, que o goleiro Alisson espalmou. Na cobrança, a bola bateu na trave e Henrique completou para o gol, impedido. Kleina colocou Bárbio no lugar de Emanoel e Lincoln no de Uéllinton. O Inter resguardou-se, fechou-se mais, saindo apenas a partir dos erros de passe do advesário Aos 46’, enfim, o tricolor conseguiu articular uma boa trama ofensiva, Lincoln finalizou e a bola beijou a trave. Foi só, muito pouco. A equipe sentiu muito os desfalques de Guilherme e Kieza. O placar foi mais que justo, temi uma goleada. 

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Destacaria a vontade dos laterais Railan e Pará, apenas. Lomba voltou a falhar no primeiro gol, mal colocado; Lucas Fonseca está no bagaço (volta Titi !), Diego Macedo e Henrique não podem ser chamados de atacantes, pois não finalizam.

No Inter, boas intervenções do goleiro Alisson, bom jogo de D’Alessandro, Aranguiz, Nilmar e Alan Patrick. 

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Ufa! Vitória

No cair da tarde de sábado, no Barradão a meia boca, um jogo de famintos, ambos na zona de rebaixamento, o grupo do miserê, os dois times paquerando a segundona, Vitória x Criciuma. Melhor para a equipe baiana: 3 x 1. 
Primeiro tempo feio, muito brigado, a pelota o maltratada, pobreza técnica e muita vontade. O time da casa teve as rédeas da partida e buscou o ataque a todo custo: aos 14 minutos, Nino Paraíba despachou um pombo sem asa, de fora da área, para a espalmada do goleirão Bruno, que, na sequência, aos 22’, praticou duas defesas seguidas, de cinema, salvando sua meta. Aos 34’, outra intervenção de Bruno, no susto, salvadora. O Vitória buscou atacar quase sempre pelo meio, com mais volume de jogo, e o time do Sul se defendeu-se com denodo, buscando os contragolpes e levando algum perigo pelas laterais. Esse foi o panorama dos primeiros 45 minutos. 

A segunda etapa seguia no mesmo diapasão, até que, por volta dos 15’, Souza (aquele mesmo, o ‘caveirão’) pegou um rebote livre, na frente da pequena área e perdeu, acertou o travessão; na sequência, Wilson salvou o gol do Criciúma, com grande defesa. No futebol, repete-se, ‘quem não faz, toma!’: aos 18’, Cáceres fez ótima jogada, fechando pela direita e batendo de canhota, a bola desviou nas travas da chuteira de Dinei e entrou no canto: 1 x 0. O Criciúma foi pra cima e achou o empate aos 21’, após cobrança de escanteio, pelo alto; a zaga rubronegra vacilou, o goleiro não saiu e Rodrigo Souza testou : 1 x 1. 

Daí, o panorama do jogo mudou, tornou-se mais aberto , melhor de ver, os dois times buscando o gol. O Criciúma parecia melhor, mas, aos 33’, Edno acertou uma bela e plástica bicicleta, no canto, completando de prima um cruzamento vindo da direita, fazendo um golaço! 2 x 1. Aos 38, Vinícius saiu tabelando pela esquerda com Edno e foi derrubado na área adversária: pênalti. Edno bateu e fez: 3 x1, fechando o placar e tirando momentaneamente o rubronegro baiano da zona maldita. Torcida saiu feliz da vida. 

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Destaque maior para Edno, pelo belo gol, pela puxada de contragolpe que resultou na penalidade que ele mesmo bateu e fez, fechando o caixão; boas defesas do goleiro Wilson e boa atuação de Cáceres. No Criciúma, o goleiro Bruno trabalhou muito na primeira etapa e o lateral Cortez mostrou que sabe jogar. Sò. 

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Na próxima rodada o Vitória encara o Grêmio, lá em Porto Alegre. 
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Deu Real em Madrid 

Jogão de bola, ‘de mermo’, foi o clássico Real 3 x 1 Barça, no belo estádio Santiago Bernabeu (Madrid x Barcelona, Espanha x Catalunha, rivalidade total, muitos significados). O Barcelona abriu o placar logo no começo, em bela jogada individual de Neymar, e foi superior na primeira etapa, mas o Real empatou após um pênalti cometido pelo zagueiro Piquet (caiu e meteu o braço na bolaque Cristiano Ronaldo bateu bem e fez. O segundo tempo foi do Real, absoluto, com mais vontade, bem melhor fisicamente, com o domínio do meio-campo, explorando contragolpes em altíssima velocidade, alta intensidade em campo, engolindo o adversário. Gols de Pepe, de cabeça, após cobrança de escanteio, e de Benzema, depois de raro passe errado e vacilo dos meiocampistas do time catalão. Marcação forte, muita determinação tática e talento de CR, Isco, Marcelo, James Rodrigues e Kross pelo time madrilenho. Dani, Xavi e Iniesta (enquanto tiveram pernas) e Mascherano foram os melhores do Barça. Messi e Neymar vigiadíssimos e pouco inspirados. Festa branca em Madrid noite e madrugada adentro. Espetáculo bom de ver ! 

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Seleções brasileiras

Para os dois amistosos programados para os dias 12 (em Istambul, contra a Turquia) e 18 (em Viena, contra a Áustria), o treinador Dunga obedeceu ordens da CBF e só convocou jogadores que atuam na Europa, não desfalcando, pois, os clubes brasileiros que estão na briga pelo título do Brasileirão 2014. Assim, temos muitos nomes novos e/ou pouco conhecidos do torcedor na lista : os goleiros Rafael (Nápoli), Neto (Fiorentina) e Diego Alves (Valência); o lateral Mário Fernandes (CSKA-Rússia); os meiocampistas Rômulo (Spartak-Rússia), Cassemiro (Porto) e Firmino (Hoffenheim-Alemanha); os atacantes Luis Adriano e Douglas Costa (Shakthar-Ucrânia), além da volta do Lucas (PSG-França). Sangue novo. 
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Na equipe olímpica, até os 21 anos, treinada por Gallo, também foram convocados apenas atletas que atuam fora do Brasil, que vão disputar um torneio na China entre 10 e 18 de novembro. Como destaques, dois meias revelados pelo Bahia : Talisca (do Benfica-Portugal) e Filipe (Valência-Espanha). E o tricolor baiano sofrendo em campo por falta de meias que saibam passar bem a bola e chutar no gol adversário. 
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Ah, sim. O ‘sargentão’ Dunga adotou uma ‘cartilha’ que deve ser cumprida à risca pelos seus comandados: o uso de ‘traje social’, a proibição ao uso de bonés, brinquinhos e outros acessórios, e também do uso de celulares em vestiários, reuniões e refeições. Bem, a mais bizarra é a proibição do uso de chinelos na concentração e a obrigação de cantar certinho todo o hino nacional. Parece coisa de milico em quartel. Pra frente, Brasil! Aff! É essa a mudança prometida depois do fiasco na Copa 2014?

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Viva Pelé

O Sr Édson Arantes do Nascimento, louvado no planeta como Pelé (que era uma entidade), aniversariou esta semana, 74 anos. Parabéns Pelé, o atleta do século XX, o maior jogador de futebol de todos os tempos. Pelo que fez pelo futebol, pelo Brasil, pelos negros sim, por toda a alegria e felicidade que proporcionou ao povo brasileiro. Ele foi o único que vi estádios inteiros, prós e contra o Santos, levantar e aplaudir de pé por jogadas inacreditáveis de alterar o batimento cardíaco dos torcedores. Por tudo o que fizeste em gramados do mundo inteiro, Rei Pelé, nossas homenagens. E agradecimentos. Pelé não foi só um jogador de bola, um atleta. Foi um artista fantástico, um gênio. O Brasil deve se orgulhar muito dele, sempre. Sou agradecido ao Sr Edson Arantes, por Pelé !
No mais, que ELE perdoe a pequenez de muitos súditos. Nós, brasileiros, abominamos nossos ídolos, endeusamos os alheios. Muitos o abominam porque, dizem, nada fez pelos negros. Ora! Como assim? Não se faz a luta somente na militância político-partidária. Há várias formas de lutas. Só pra lembrar, ou dizer aos mais novos, Pelé, quando era chamado de macaco pelos gringos, naquela época em que nem se falava de racismo, ele os arrebentava às cotoveladas, nos dribles, nas pernadas, ia pro corpo-a-corpo sem se aputar diante dos agressores, cuspia neles, dava show de bola. Inteligência e axé ! Um Ogum guerreiro. Isso é pouco? Pelé ia pro pau, topava a disputa, mostrava-se superior, sem papo, na cor, no vigor, na inteligência ! Não dá pra enxergar o valor disso, o que isso significou na nossa história ? Sem antolhos, gente. Viva Pelé, Mil vezes Pelé. Negros e brancos e caboclos e mulatos ... brasileiros, agradecemos. Parabéns, negão !

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Domingo de eleições. Vamos votar !
Sem ódios, pelo amanhã desta nação gigante e tão desigual, tão misturada, única. Pensando nos nossos filhos e netos, por um país melhor e mais justo, sem preconceitos. Liberdade ! 
Assim seja.