Turismo

DICA TURÍSTICA DA SEMANA é conhecer o Forte de Santo Antonio da Barra

É aberto a visitação pública
Tasso Franco , da redação em Salvador | 06/03/2015 às 12:18
Monumento mais bonito existente na cidade do Salvador
Foto: BJÁ
   O Forte de Santo Antonio da Barra é o monumento mais bonito de Salvador. Belo, imponente, histórico, singular e aberto a visitação pública. Fica situado na ponta do Padrão ou ponta do Caramuru e marca, com seu farol, daí que é também chamado de Farol da Barra, a entrada da Baía de Todos os Santos à margem direita da cidade do Salvador. Do outro lado da Baía está a Ponta do Garcez no final da ilha de Itaparica. Era por essa enorme 'boca' que as naus portuguesas, francesas, holandesas e outras chegaram a Bahia.

   Foi por aí que, em 1501, a expedição exploratória de Gonçalo Coelho cartografada por Américo Vespúcio chegou ao golfo (Baía de Todos os Santos em 1º de novembro, dia de Todos os Santos) daí o nome da Bahía de Todos os Santos, na época escrito Bahia com H, e o nome do estado.

  A primeira estrutura no local, para defesa da barra do porto da então capital da Colônia, foi erguida durante o Governo Geral de Manuel Teles Barreto (1583-1587). Provavelmente de faxina e terra, foi reconstruída em alvenaria de pedra e cal, a partir de 1596 durante o Governo Geral de D. Francisco de Sousa (1591-1602), com planta atribuída ao Engenheiro-mor de Portugal, o cremonense Leonardo Torriani (1560-1628), no formato de um polígono octogonal regular.

  Um manuscrito depositado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (L. 67 Ms. 1236), anónimo e sem data, mas do início do século XVII, possívelmente anterior a 1608, no capítulo dedicado à capitania da Bahia de Todos os Santos, sobre a cidade da Bahia (sic) informa a respeito deste forte:

No contexto das Invasões holandesas do Brasil foi ocupado pelos neerlandeses na ofensiva de 1624 sem oferecer resistência, no dia 9 de maio. Foi reconquistado por tropas luso-castelhanas no ano seguinte, que nele concentraram o foco do contra-ataque, até à chegada da esquadra de D. Fadrique de Toledo Osório. Desse modo, foi ao abrigo do fogo da artilharia do Forte da Barra, que quatro mil homens desembarcaram para a retomada de Salvador, de onde expulsaram os invasores a 30 de abril.

Em 1626, um arquiteto francês projetou-lhe a forma de um polígono hexagonal, com dez metros de lado (SOUZA, 1983:171), o que se acredita não tenha se materializado, uma vez que se encontra figurado por João Teixeira Albernaz, o velho (Baía de Todos os Santos, 1631. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro), ainda como um polígono octogonal, mas artilhado com apenas três peças pelo lado do mar. O acesso, pelo lado de terra, alcançava as dependências de serviço, no terrapleno, flanqueadas por dois baluartes circulares.

Após o naufrágio do Galeão Santíssimo Sacramento, capitânia da frota da Companhia Geral do Comércio do Brasil, num banco de areia frente à foz do rio Vermelho, a 5 de maio de 1668, o forte foi reedificado a partir de 1696, durante o Governo Geral de João de Lencastre (1694-1702), quando recebeu um farol - um torreão quadrangular encimado por uma lanterna de bronze envidraçada, alimentada a óleo de baleia -, o primeiro do Brasil e o mais antigo do Continente (1698), quando passou a ser chamado de Vigia da Barra ou de Farol da Barra.

Em 1705 o Senado da Câmara de Salvador solicitou ao Governador-geral D. Rodrigo da Costa (1702-1705), que Santo Antônio de Lisboa sentasse praça nesta fortificação, no posto de Capitão (BARRETTO, 1958:170-171). A proposta foi aceite, tendo o Governador-geral expedito ordem, a 16 de Julho do mesmo ano, ao Provedor-mor da Fazenda Real do Estado do Brasil, para que o santo assentasse praça no posto de Capitão-intertenido, com o soldo sendo pago ao síndico do Convento de São Francisco, o que foi aprovado pela Coroa por Alvará de 7 de Abril de 1707. Posteriormente, pelos Decretos de 13 de Setembro de 1810 e de 25 de Novembro de 1814, o soberano promoveu o santo aos postos de Major e de Tenente-coronel, respectivamente.

Na noite de 5 de  maio de 1668 naufragou na costa baiana, na altura do Rio Vermelho,  a embarcação portuguesa Galeão Santíssimo Sacramento. Mais de 400 pessoas morreram afogadas e uma carga valiosa foi para o fundo do mar numa embarcação de aproximadamente 500 toneladas. Durante mais de três séculos esse tesouro ficou submerso. 

Em 1976, a Marinha do Brasil, em parceria com o Ministério da Educação e a PETROBRAS, reconhecendo a importância desse sítio histórico, empreendeu a primeira pesquisa de arqueologia submarina do país e trouxe à tona os salvados da expedição científica do Galeão Sacramento. Entre as preciosas peças encontram-se balas de canhões, mosquetes e arcabuzes; fragmentos de carrinhos de canhão, breu, cavilha e prego em metal; alianças, dedais, botões, faianças, pratos, moringas e imagens sacras. Parte importante desses achados encontra-se no Museu Náutico da Bahia e muito contribui para ampliar o conhecimento da nossa história colonial. Devidamente classificados e protegidos, os salvados do sítio arqueológico do Galeão Sacramento constituem valioso acervo da formação do Brasil.