Turismo

MEMORIAL DE JORGE AMADO abre dia 7 de novembro e incrementa turismo

Imóvel onde escritor viveu com a companheira Zélia Gattai vira memorial a será inaugurado no próximo dia 7
Agecom , Salvador | 30/10/2014 às 20:10
Memorial de Jorge Amado vai reforçar o turismo em Salvador
Foto: Max Haack
Depois de 11 anos fechada, a casa de número 33 da rua Alagoinhas, no bairro do Rio Vermelho, onde viveu o casal de escritores Jorge Amado e Zélia Gattai, será aberta ao público pela primeira vez. O imóvel foi reformado pela Prefeitura do Salvador, numa intervenção que contou com a parceria da Fundação Casa de Jorge Amado e da família do casal que encarna e simboliza mundo afora a cultura baiana e o espírito libertário do povo da boa terra. Pela primeira vez a casa será aberta para visitação. 

Os detalhes sobre a inauguração foram apresentados no final da manhã de hoje (30) à imprensa pelo secretário de Desenvolvimento, Turismo e Cultura, Guilherme Bellintani, na Fundação Casa de Jorge Amado, no Centro Histórico. Também estiveram presentes João Jorge Amado, filho do casal de escritores, a presidente da fundação, Myriam Fraga, e o curador do memorial da Casa do Rio Vermelho, Gringo Cardia, responsável pela implantação de museus em várias partes do Brasil e do mundo. 

A solenidade de abertura da Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai acontece no próximo dia 7 de novembro (sexta-feira), às 15h, e vai contar a presença especial de atrizes que interpretaram personagens femininas do escritor baiano na TV e no cinema, entre elas Sônia Braga, que viveu na telona a inesquecível Gabriela, personagem ainda vibrante no imaginário masculino. O prefeito ACM Neto comandará a solenidade de inauguração. Nos dias 8 e 9 a casa vai receber apenas convidados. Durante um mês, período de ajustes e treinamento de pessoal, o imóvel estará aberto aos visitantes às sextas, sábados e domingos. Após isso, funcionará de terça a domingo. O acesso custará R$20 a inteira. 

"Utilizamos a tecnologia de ponta, documentos, cartas, móveis, áudios, vídeos, tudo para permitir que o baiano e o turista mergulhem na intimidade de Jorge Amado e Zélia Gattai. São mais de dez horas apenas de vídeo, o que torna impossível conhecer tudo que o imóvel apresenta em uma visita. Sem dúvida é um dos melhores museus biográficos do mundo. Temos, inclusive, áudios de conversas entre Jorge e Zélia dentro da casa, em um projeto que foi liderado pela fundação que tão bem zela e cuida da memória de um dos mais conhecidos escritores brasileiros", afirmou Guilherme Bellintani. 

O investimento na reforma foi de R$6 milhões, entre recursos públicos e dos patrocinadores Bradesco, Iguatemi, Grupo LM e Unijorge. Comprada em 1960 com dinheiro da venda dos direitos do livro “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado, para a MGM, a casa mais tarde se transformou no título do livro de Zélia Gattai publicado em 2002 contando a história vivida pelo casal quando residiu no imóvel. No local, os escritores receberam visitas ilustres, como Glauber Rocha, Pablo Neruda, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Roman Polanski, Jack Nicholson, Sartre e Simone de Beauvoir, só para citar alguns.

"Temos lá objetos como a máquina de escrever utilizada por Jorge Amado até lembranças de viagens dele e de Zélia. É uma verdadeira homenagem a um escritor que continua atual, contemporâneo, que representa como ninguém a identidade do povo baiano", disse Gringo Gardia, destacando que o jardim é um dos espaços mais especiais, onde estão depositadas as cinzas dos dois escritores. "Temos lá no jardim uma linda homenagem ao candomblé", contou.  

Agradecimento - João Jorge lembrou que Zélia Gattai sempre teve o sonho de transformar a Casa do Rio Vermelho em um memorial. "Ela custou a querer sair da casa, o que só aconteceu depois que teve um problema de saúde. A partir daí decidimos transformar o imóvel em um memorial. Fomos buscar apoio para isso. Recebemos muitas promessas mas nada se concretizou. Finalmente eu e Paloma (Amado, a outra filha do casal) cansamos e resolvemos desistir. Mas nossos filhos tomaram a frente e apresentamos um projeto em 2012, depois que vendemos algumas obras de arte e conseguimos fazer uma ação emergencial para evitar que a casa desabasse", lembrou. 

"Em 2012, o então candidato a prefeito ACM Neto nos disse que, se eleito, iria se empenhar pessoalmente em tocar o projeto. E foi o que aconteceu. Além de comprar a ideia e o projeto, o prefeito agregou pessoas de alto nível para que o nosso sonho se tornasse realidade. Pena que mamãe não viu o desejo dela realizado. Mas tenho certeza que ela está satisfeita", acrescentou João Jorge.