Tecnologia

Não se pode confiar nos EUA quanto a dados, diz diretor da Linux

Em palestra na Campus Party Recife, executivo falou sobre software livre
G1 | 25/07/2014 às 20:56
Jon 'Maddog' Hall, diretor-executivo da Linux Internacional, em palestra na Campus Party Recife
Foto: Katherine Coutinho / G1

Não podemos pensar computadores como pensávamos na década de 1990. É batendo nessa tecla que Jon 'Maddog' Hall, diretor-executivo da Linux Internacional, apontou para a necessidade dos países investirem em suas próprias soluções computacionais, especialmente as nações que enfrentam problemas econômicos. “Vocês não podem confiar nos Estados Unidos no que diz respeito aos dados, Edward Snowden mostrou bem isso. Mas também não devem confiar na Alemanha, no Uruguai ou em nenhum outro país, a não ser nas pessoas que são leais ao seu país”, defende Maddog.

Hall participou, nesta sexta-feira (25), da terceira edição da Campus Party Recife, onde deu uma palestra sobre software livre. Ao afirmar que os países devem desenvolver suas próprias tecnologias – e não exportá-las - o executivo lembra que, em casos de embargos, o país pode se ver refém e escravo de seus próprios sistemas.

Segundo ele, essa escravidão acontece também quando se investe em softwares pagos, ao invés dos livres. “Quando falamos 'free', falamos em liberdade quanto ao software e quanto a fazer o que você quer fazer. Quando você é um escravo do software, [as empresas desenvolvedoras] dizem quando você vai atualizar, como configurar, ou que você pode usar por um tempo limitado”, explica.

Sobre a questão recorrente, 'como ganhar dinheiro com um software gratuito?', o executivo da Linux foi sucinto ao responder: de maneira semelhante com o feito nos pagos. “Você pode dar consultoria, ensinar as pessoas como mexer, criar soluções. Tudo isso você pode cobrar. A única coisa que o cliente quer é uma solução para o problema que ele tem. Não importa pra ele se é um computador ou se são duas latas com um cordãozinho no meio, um software livre ou pago”, acredita.

O grande desafio para algumas pessoas é entender que dar liberdade ao cliente para mexer no programa não quer dizer perder dinheiro. “Você pode mudar o software livre, pode utilizar suas habilidades para reparar um bug, integrar melhor o programa com outro, enquanto no proprietário você não pode mudar o binário. Com isso, você pode também baixar seu preço e isso fica melhor para o consumidor final”, afirma Maddog.

A Campus Party Recife segue até o próximo domingo (27) e a programação pode ser consultada no site oficial do evento. A área do hall do Centro de Convenções conta com estandes e o acesso é gratuito para a população.