Colunistas / Política
Tasso Franco

EMPECILHOS PARA UMA CHAPA WAGNER-LULA NA BAHIA NAS ELEIÇÕES 2022 (TF)

Uma chapa 'puro sangue' dessa natureza bagunçaria a base aliada do governador Rui Costa
25/12/2020 às 11:28
   Leio na imprensa a possibilidade de uma candidatura de Lula da Silva ao Senado pela Bahia numa chapa puro-sangue Jaques Wagner, a governador; Lula a senador. Parece-nos iverossimel. Diz-se que seria imbatível, o que também soa irreal. Não existe isso na polítca com tanta antecedência.

   Ora, uma hipótese dessa natureza poderia redundar numa fissura da base aliada do governador Rui Costa (PSD/PP/PSB/PCdoB e Podemos) que sempre esteve unida em apoio ao PT, mas também gosta de compartilhar decisões políticas, por dever de ofício e gratidão. 

  Uma chapa Wagner/Lula (2022) seria uma dose para elefante e certamente os líderes do PSD (Otto Alencar, senador) e PP (João Leão, vice-governador) apontados como pré-candidatos a governador por integrantes dos seus partidos não vão aceitar ou carregar esse andor.

  Ademais, como ficaria o governador Rui Costa numa hipótese dessa natureza ele que é, naturalmente, o pré-candidato ao Senador de sua base? 

   Sobraria para Rui três possibilidades não muito agradáveis. A primeira delas seria seguir como governador até o final do mandato e bancar a chapa Wagner/Lula tirando a chance de Leão (PP) ser governador por 6 meses; a segunda seria candidatar-se a presidente da República hipótese que tem sido aventada pelo PT, um risco alto; e a terceira seria deixar o governo em abril e ser candidato a deputado federal, eleição garantida e mandato, porém abaixo das expectativas para quem é governador bem avaliado pela população.

   No primeiro caso - Rui ficando até o final do governo - e na hipótese de uma vitória de Wagner, Rui poderia continuar no governo do Estado, como secretário numa pasta relevante. 

  No caso de uma derrota, Rui ficaria sem mandato ao menos até 2024, quando acontecem as eleições municipais e teria a oportunidade de ser candidato a prefeito da capital.

   Essa hipótese é muito arriscada pois se Wagner perde a eleição para governador, em 2022, o eleito (ao que tudo indica) será ACM Neto (DEM) que tem dois anos para turbinar a gestão Bruno Reis (DEM) ficando este com chances bem reais de se reeleger prefeito. Portanto, Rui não teria boa chance. 

  Outra hipótese (ainda considerando a derrota de Wagner) é Rui ficar 4 anos sem mandato esperando as eleições parlamentares de 2026 candidatando-se a deputado federal. Enfrentar ACM Neto à reeleição (na hipótese de eleito governador) seria dureza.

  Além dessas questões, a imaginável chapa Wagner/Lula (o ex-presidente ainda depende de mudanças na Lei da Ficha Limpa para ser elegível e do andamento do processo em terceira instância no STF) bagunçaria o coreto da base governista PSD/PP/PSB/PCdoB e Podemos que deseja um lugar ao sol. 

  Lembrar que o senador Angelo Coronel (PSD) e a deputada Olivia Santana (PCdoB) fizeram criticas públicas ao governador Rui Costa nas últimas eleições municipais diante da postura do lider petista em só apoiar (ou pelo menos prioritariamente) a candidatra Denice Santiago, a prefeita da capital. 

  Esse pessoal não aceitaria um segundo 'by-pass' e muito menos a deputada Lidica da Mata, do PSB, partido cujo secretário Domingos Leonelli também fez criticas a Rui.

  Em nossa opinião, a chapa Wagner/Lula tem tudo para não vingar. Lula recentemente recuou de sua pretensão de vir morar na Bahia diante da repercussão negativa que foi a divulgação (não se pode dizer que real) de que moraria num condominio a beira mar em Busca Vida. 

  Pode repensar essa hipótese para assegurar o domicílio eleitoral, mas tem que morar num bairro classe média tipo Brotas ou Stiep, ou mesmo no bairro popular São Caetano, São Marcos, para não sofrer criticas de que está na Bahia em veraneio.

  Por fim, já comentei esse assunto de outra feita, o governador Rui Costa ainda tem dois anos de mandato e as rédeas do governo. Uma chapa Wagner/Lula antecipa o fim do governo Rui e isso não é bom para ele.