Colunistas / Política
Tasso Franco

PERDA DE ENCANTO COM WAGNER É PASSAGEIRA OU DURADOURA?

Essa é a questão politica do momento
02/07/2012 às 20:00
MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. Como já era esperado, o governador Wagner foi vaiado no desfile ao 2 de Julho. Houve até sinais de agressão, uma confusão não bem explicada sobre o lançamento de uma faixa com madeira em direção ao chefe do Executivo. Vaia programada pelos professores estaduais em greve há quase 3 meses, semestre letivo perdido, falta de diálogo e acirramento de ânimos entre sindicalistas x governo. Wagner foi tb preparado para a "guerra", tanto que se acercou de um enorme aparato de segurança.

   2. A questão a ser analisada é se esse movimento de protesto contra o governador, maior liderança do PT no estado, terá reflexos políticos nas eleições municipais de 2012 e se estenderá a 2014, no pleito governamental. Não há dúvidas, a essa altura dos acontecimentos, que reflexos negativos para os candidatos do PT e coligados nas eleições municipais, especialmente nos grandes colégios eleitorais, serão inevitáveis. Que o diga Pelegrino, na capital, que participou do desfile contido, acuado.

   3. Vaias sempre existiram na política baiana no 2 de Julho, protestos e outros, mas não mexeram nos resultados das eleições. ACM foi apupado em 1996, bateu boca com a prefeita Lidice da Mata, foi novamente vaiado em anos seguintes, e venceu em Salvador com Imbassahy, no 1º turno, em 1996/2000, e no estado. O que causa espécie no caso do governador Wagner é o pouco tempo que tem no poder, menos de 6 anos, e perda de encanto por parte de setores da população com sua forma de governar.

   4. É aquela história: se isso vai ficar restrito aos segmentos dos servidores públicos (veja que houve uma greve da PM e há insatisfações na Sefaz, Saúde, Embasa, etc) ou se estenderá à população de uma forma geral. Preocupante. Wagner foi reeleito com uma performance admirável (mais de 4 milhões de votos) e ainda tem um contencioso enorme à sua disposição.

   5. Agora, no entanto, a população já pode enxergar melhor suas gestões (o que não foi possível na eleição municipal de 2008) e o que se denota é que o governo não está dando respostas aos anseios da população como deveria, a grande massa. O governo sofreu bastante com a crise financeira de 2009 e com a atual. Mas, demorou demais de mexer no seu "coração", a SEFAZ, que foi politizada e teve desempenho arrecadador muito abaixo (em percentuais) do que a maioria dos estados brasileiros.

   6. O governo está com o caixa apertado. A SEFAZ dá sinais de mudanças em termos profissionais, de melhor valoração do seu pessoal. Isso é bom. O problema é que demora um pouco para entrar dinheiro. Hoje, de fato, o governo não tem condições de dar 22% aos professores, mas, o imbróglio virou uma birra. O governo não senta na tal Mesa de Negociações com os Professores e fica fazendo propostas pela TV. 

   7. Ademais, existe uma seca inclemente no estado. O semiário está um farrapo e os prefeitos e outros com pires em mãos pedindo ajuda. O governo federal é lento na liberação de recursos e Wagner tem estilo "light" com Brasília, dada a sua afinidade com a presidente Dilma. Mas, internamente, sofre. 

   8. As eleições municipais acontecem em outubro. A partir do próximo dia 7, os ânimos se acirram porque abre-se a campanha propriamente dita, de rua, de palanques, de carros de som e tudo mais. Em agosto, tem TV e rádio. Aí o bicho pega. O tempo é curto. É impossível se saber se o governador e o PT terão tempo para reação nos grandes colégios eleitorais.

   9. Que dá tempo dá. A política é como nuvem, expressão de mestre Sebastião Nery. No momento, estão carregadas na cabeça do PT e aliados. Mas, podem mudar.

   10. Em 2008, só lembrando, dizia-se que a final nas eleições de Salvador seria ACM Neto x Imbassahy, os dois que sairam na frente. No segundo turno deu João Henrique x Walter Pinheiro.
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