Colunistas / Política
Tasso Franco

A SUCESSÃO EM ILHÉUS NESSES PRIMEIROS MOVIMENTOS

Base do governo está fragmentada e oposição tenta se unir
13/11/2011 às 18:03
Entre os políticos que circulam na Assembleia Legislativa, ninguém acredita que as alianças para a sucessão municipal em Ilhéus, um dos mais importantes municípios do Sul do Estado, aconteça em 2011. A situação por lá está tão confusa, com 11 pré-candidatos já lançados e/ou se ensaiando que, o mais prudente, é que só haja uma definição do quadro com maior clareza a partir de 2012, após a quaresma.
  Há, no entanto, nesses primeiros movimentos, alguns sinais que podem apontar tendências que certamente algumas delas prevalecerão como efetivas na campanha eleitoral de 2012. É líquida e certa, por posto, a candidatura do ex-prefeito Jabes Ribeiro (PP), segundo pesquisas que circulam no município, hoje, como o preferencial nome para os eleitores.



  Mas, claro, Jabes não pode enfrentar uma parada eleitoral dessa natureza sozinho, por mais popular que esteja, fazendo contraponto a desgastante gestão do prefeito Newton Lima (PT), pois, diante da fragmentação da base de alianças aos governos Wagner/Dilma, se os outros seis candidatos dessa base se juntarem será fatal para sua pretensão.



  No saco de gatos ilhéense, além do nome de Jabes (PP) a base governista tem como pré-candidatos pelo PT, o deputado Josias Gomes e/ou o secretário de governo Alisson Mendonça; PSB, Bebeto, ex-candidato a deputado federal nas últimas eleições e bem votado; PSD, Mário Alexandre (Marão, filho da deputada Ângela Souza e atual vice prefeito rompido com Newton Lima); PV, pastor Gilmar; PRB, Rui Carvalho (ex-candidato do PT na última eleição no enfrentamento com Newton, chapa que teve vice indicado por Jabes); PCdoB, Israel Nunes.



  São nomes inconciliáveis no plano local. Encontrei com Jabes na Assembleia, recentemente, e ele está muito irritado com a postura do PT em dar guarida a Newton e esboçar o lançamento de uma candidatura própria. A manobra foi vista como de "baixo calibre" e/ou "sórdida" que também irritou profundamente o PSB da senadora Lidice da Mata, e o grupo da deputada Ângela Souza, hoje, no PSD de Otto Alencar, mas, originalmente reforçando a candidatura Newton, com Marão então no PSDB e seu candidato a vice, em 2008.



  Afinal, Newton era do PSB e passou para o PT entregando parte dos anéis, senão os dedos todos à gestão petista em seu governo na ocupação de cinco secretarias estratégicas. Ora, quem faz uma manobra dessas diante dos seus antigos aliados só pode ser xingado. Jabes, Lídice e Ângela se não estão fazendo isso de público, por elegância política, não admitem uma aliança com PT, em 2012.



  Salvo, e é aí que entra a mão do divino, do escalão superior, se Ondina apaziguar a briga e extrair desse caldo de cultura político um candidato de consenso da base, o que é muito difícil, até porque Wagner não é de colocar mão em cumbuca tão ardilosa.



   O que se comenta no município é que o PSB estaria disposto a lançar o nome de Bebeto, um ex-candidato a deputado federal bem votado em 2010 tentando, com isso, agrupar forças como já ocorre na capital com PCdoB, PTB, PV, PRB e até o PSD de Marão/Ângela.  Se conseguir isso se tornará competitivo.



   Acontece que no PRB, o nome de Rui Carvalho, ex-PT e segundo colocado nas eleições da prefeito na disputa com Lima, é bem posicionado politicamente.  Como Marão/Ângela querem ver o diabo na cruz desde que não seja Newton Lima (durante a doença de Lima, Marão assumiu interinamente o cargo de prefeito e demitiu secretários de Newton; depois repostos pelo prefeito), uma aliança Rui/Marão não seria de toda improvável. E se juntar com Bebeto, melhor ainda.



   Ao PT caberia, em tese, ou lançar o deputado Josias Gomes, votado no município, mas ainda considerado um estranho no ninho; e/ou o secretário de governo, Alisson Mendonça, melhor avaliado. Mas, a questão básica é: com quem se aliar? Com Jabes, nem pensar; com Marão/Ângela, pior; e com Bebeto/Lídice pior ainda.



   E a oposição como fica nesse jogo?



   Em tese, mas também com candidatos pré-lançados, a oposição conta com os nomes de Cacá Colchões (PMDB), Oséas Gomes (PSDB), Jailson Nascimento (PMN) e vai nessa conta o pastor Gilmar, do PV.



  O deputado Pedro Tavares (PMDB) admite que as conversas nesse grupo estão bem adiantadas com PSDB, PV e DEM e vê no nome de Cacá Colchões, o mais votado nas últimas eleições proporcionais para deputado estadual no município, como bastante competitivo.



  "Se conseguirmos essa unidade em torno de Cacá iremos à luta em Ilhéus com bastante possibilidade de vitória sobretudo porque a base do governo está dividida, fragmentada, e ninguém agüenta mais a administração do atual prefeito", comenta Tavares situando que Cacá, um empresário jovem e bastante reconhecido na cidade por seu trabalho pode cair nas graças do eleitorado e vencer o pleito.



  A história política de Cacá Colchões nasce com uma candidatura a deputado federal, em 2006, quando obteve grande votação. Em 2008, candidatou-se a prefeito, mas ficou atrás de Newton e Dr Rui. Quando foi em 2010, candidatou-se a deputado estadual e foi o mais votado do município, à frente até de Ângela Souza.



   Na outra ponta, nas oposiões, está o empresário Oseas Gomes (PSDB), cacauicultor, nome também com alguma densidade. O deputado Augusto Castro (PSDB), que faz política no eixo Itabuna/Ilhéus  admite que Oseas é um bom nome e já está lançado como pré-candidato, mas também admite que há conversas com PMDB e DEM, de resto, um projeto estadual desses partidos.



  Por fim, ainda existe a possível pré-candidatura de Roland Lavigne, pelo PPS, camarada bom de votos, ex-deputado federal, que teria pouquíssimas chances eleitorais, mas, interessante para somar uma aliança.