Colunistas / Política
Tasso Franco

MARINA SONHA SER UM NOVO COLLOR QUE CRIOU O PRN SÓ PARA SE ELEGER

Perde o PV com saída de Marina
07/07/2011 às 20:01
  A saída de Marina Silva do Partido Verde (PV) é uma perda para a ex-ministra do Meio Ambiente, politicamente falando, e também para o partido como agremiação política. Claro que, há uma discussão interminável, se os 20 milhões de votos amealhados por Marina na última eleição presidencial se devem mais a própria candidata do que ao partido, o que teria pesado na decisão dela tomar um novo caminho. 

  Imagina-se, pois, que deseja ser um Collor de Mello que fundou o Patido da Reconstrução Nacional (PRN), com Daniel Tourinho, em 2007, e elegeu-se presidente da República. Só serviu para isso e depois se desmelinguiu com o impeachement de Collor, dois anos depois. Evidente que, se Marina deseja ser presidenta da República, e essa parece ser sua missão doravante, terá, então, que fundar seu próprio partido.

   Não haveria outro caminho. O PT já tem dono (Lula) e até a presidenta Dilma já sinalizou que pretende se reeleger, em 2014; o PSDB sinaliza com mais clareza a candidatura do senador Aécio Neves; o PMDB é coadjuvante do PT; o PSB namora a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos; PCdoB, PCB, PRB não são sua praia. 

   Daí que, Marina deve criar um novo partido com marca do Meio Ambiente (PMA, pode ser) para levar sua cruzada adiante. Hoje, o presidente do PV, José Luiz Penna, que controla o Verde com mão de ferro, disse que o projeto do PV é maior do que Marina, por ser coletivo e não individual, deixando claro que a candidata a presidente se beneficiou mais do partido do que vice-versa.

   Segundo avaliação da direção do PV sua bancada no Congresso Nacional a despeito dos 20 milhões de votos dados pela população à Marina não ampliaram a bancada. Ficou igual e psicologicamente, com essa imagem distorcida de que o partido teria crescido com Marina. Tem sentido. 

   É só olhar o que aconteceu na Bahia onde o PV, mesmo com candidato a governador, Luis Bassuma, só elegeu um deputado estadual, Eures Ribeiro, ainda assim, com base municipalista individual em Bom Jesus da Lapa. A candidatura de Bassuma foi um fiasco, não colou em Marina, não colou no PV e não colou no eleitorado.

   O que vai acontecer daqui pra frente com Marina só o tempo dirá. É prática no Brasil de que um nome vale mais do que um partido numa eleição. Exemplo tivemos agora com Tiririca que obteve 1.4 milhão de votos em SP. Mas, também é certo que só se chega a presidência com um partido, e os últimos foram o PRN de Collor; o PMDB, Itamar Franco; o PSDB, com FHC; e o PT com Lula e Dilma.

   Uma outra questão é saber se ainda há espaço para isso como aconteceu com o PRN de Collor. E o PV, pelo sim; pelo não tem uma empatia com a população classe média extraordinária. A partir de agora, portanto, Marina tem tripla missão: criar seu próprio partido, candidatar-se por ele e convencer os "russos" a votar nela.