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Musical que homenageia Assis Valente ganha sessão extra em Salvador

Dia 17 de julho
Viva Interativa , Salvador | 16/07/2019 às 15:42
Nossa Gente: Assis não Fez Bobagem
Foto: Diogo Cabral
Após estrear com casa lotada em Santo Amaro no último fim de semana, o musical Nossa Gente: Assis não Fez Bobagem realiza sessões para os soteropolitanos em dia único amanhã (17), no Teatro Sesc Senac Pelourinho. A boa notícia é que ao invés de apenas uma, serão duas sessões, a primeira às 19h30 e a segunda às 20h50, ambas gratuitas com ingressos sendo retirados uma hora antes das apresentações, A temporada é uma realização da R.Ventura Comunicação e conta com patrocínio da Companhia de Gás da Bahia - Bahiagás e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda. 
O merecido musical em homenagem a Assis Valente tem idealização da cantora e compositora Fá Ribeiro, direção teatral de Eddie Marques, direção artística de Maria Antônia Bandeira, direção coreográfica de Rachel Cavalcanti e direção musical de Lula Gazineu. A grande inspiração está na obra do baiano, nascido em Santo Amaro. Basta dizer que Carmem Miranda gravou mais de 20 músicas dele, os Novos Baianos encantaram o país com “Brasil Pandeiro”, de sua autoria, e com certeza a maioria dos adultos de hoje cresceram ouvindo “Boas Festas” (Eu pensei que todo mundo fosse filho de Papai Noel...) e “Cai Cai Balão”, duas das suas obras mais executadas.
No palco, as cenas giram em torno da vida e a obra de um artista pouco conhecido em relação à magnitude da sua obra, um homem de múltiplos talentos, que tinha a música como sua grande paixão e que viveu muitos dilemas existenciais, o que o levou ao suicídio com apenas 46 anos, quando já vivia no Rio de Janeiro. Sua partida para o Rio veio do sonho de morar na “cidade maravilhosa”, onde se sustentou por um tempo fazendo desenhos para as revistas Shimmy e Fon-Fon e, depois, como protético. Com incentivo do compositor, cantor e pintor Heitor dos Prazeres (1898-1966), passou a reconhecer seu dom na escrita e assim se iniciou como compositor.
Negro, nordestino e artista, Assis Valente enfrentou opressão e preconceitos, inclusive dentro da família, mas nunca desistiu de sua carreira musical. Usou de sua persistência para chegar até Carmem Miranda – por quem nutriu uma admiração interpretada até como uma grande paixão – e fez da alegria uma arma para lidar com seus conflitos internos e com sua tendência à autodepreciação. Mesmo tendo sempre um sorriso no rosto – o que era sua marca -, Assis trouxe temas sociais, como o racismo, para suas canções, e tentou suicídio duas vezes antes da terceira investida que o levou à morte.
“Ele utilizava de uma ironia incomparável para escrever suas canções, era muito brincalhão e usava o linguajar do povo. Também retratava com maestria o cotidiano da época, marcada pela valorização de produtos importados e termos estrangeiros. Exemplos de sátira à pequena burguesia que começava a adotar costumes e chavões norte-americanos são as canções Good bye Boy, que foi gravada com sucesso por Carmem Miranda, e Tem Francesa no Morro,  que ficou famosa na voz de Aracy Cortes”, conta Fá Ribeiro, idealizadora do espetáculo.
EM CENA - O musical “Nossa Gente – Assis Não fez Bobagem” traz à cena 16 canções de Assis Valente executadas ao vivo por uma banda que permanece no palco durante todo o espetáculo, que dura 1h20. O fio condutor do roteiro é uma conversa entre o compositor e a sua consciência após a morte, que por vezes sugere um diálogo entre ele e um anjo da morte, trazendo à tona suas memórias, passagens de sua vida, pessoas que dela fizeram parte, sendo cada situação um convite para a execução de uma de suas músicas.
“A escolha das canções deixa clara a diversidade de sentimentos presente nas músicas de Assis, os altos e baixos de sua vida, a sua alegria e também a sua melancolia, e elas ganham interpretação e arranjos compatíveis com o momento em que aquela obra foi composta. Trechos das canções também são usados no próprio diálogo que alinhava o espetáculo, de forma que a direção teatral e a musical estão em total interação”, realça o diretor musical do espetáculo, Lula Gazineu.  
“A ordem cronológica da vida de Assis foi invertida no espetáculo, sendo a morte dele a cena inicial, no intuito de propor uma retrospectiva de sua vida, encenada por dois atores que interpretam o compositor, um que dialoga com o Anjo da Morte, outro que protagoniza as lembranças dele, e toda a conversa caminha no sentido de afirmar: Olha aí Assis o quanto a sua vida valeu a pena”, conta o diretor teatral Eddie Marques.
Ao todo seis cantores dão voz às músicas, sendo um deles o ator e cantor Pedro de Rosa Morais, que interpreta Assis nas suas lembranças. Também dá vida a Assis o ator Everton Rocha, que dialoga com o Anjo da Morte, por sua vez interpretado pela atriz Maria Antônia Bandeira, também diretora artística do musical. Fá Ribeiro assina a concepção do projeto e também atua como cantora e roteirista musical e teatral. A sapateadora e bailarina Raquel Cavalcanti assina as coreografias.