Saúde

Sífilis congênita será debatida no 20º Infectoped

Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica começa amanhã (14) com cursos e vai até sábado (17)
Imprensa Pediatria , Salvador | 14/11/2018 às 06:23
Sífilis congênita será debatida no 20º Infectoped
Foto: div

A complexidade da sífilis, que pode evoluir e comprometer pele e órgãos internos, será um dos temas do 20º Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica (Infectoped), que começa amanhã (14) de manhã com cursos pré-congresso e vai até sábado (17) no Bahia Othon Palace Hotel, em Ondina. A abertura oficial está marcada para quinta (15), às 10h30, e a primeira conferência “Movimento anti-vacinas e os impactos na saúde”, começa às 8h.

O congresso é realizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) em parceria com a Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape). A programação completa está disponível em: www.infectoped2018.com.br. As inscrições podem ser feitas no local.

O simpósio “Novidades em infecções congênitas” trará a palestra “Sífilis: situação atual e recomendações no manejo”, ministrada pela professora Jaqueline Dario Capobiango, do Departamento Científico de Infectologia da SBP. Uma das preocupações é a ocorrência de sífilis congênita que é um marcador negativo de pré-natal. A sífilis é uma doença infecciosa crônica, curável, causada pela bactéria Treponema pallidum, de transmissão sexual com distribuição mundial e multifacetada.

“Quanto à sífilis em gestantes, no período de 2005 a junho de 2016, o Boletim Epidemiológico e Sífilis do Ministério da Saúde demonstra um total de 169.546 casos em gestantes, em que 42,9% foram originados de mulheres residentes na região Sudeste, 21,7% no Nordeste, 13,7% no Sul, 11,9% no Norte e 9,8% no Centro Oeste. Foram declarados 221 óbitos por sífilis em crianças menores de 1 ano, em 2015, correspondendo a um coeficiente de mortalidade de 7,4 por 100 mil nascidos vivos, verificando-se a grave problemática social”, explica a professora Jaqueline.

FALTA DE PENICILINA – A especialista destaca que o Brasil, assim como os demais países, enfrentou a não disponibilidade da matéria-prima necessária na produção do antibiótico mais antigo da história, a Penicilina, e o único estudado até o hoje no tratamento desta infecção.

“Verifica-se que, por não haver disponibilidade de medicamento para tratar a sífilis congênita viola-se o parágrafo 5º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que trata das formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, devendo ser punido qualquer atentado, por ação ou omissão, aos direitos fundamentais”, disse.

Além disso, Jaqueline Capobiango lembra que o Sistema Único de Saúde (SUS) deve promover, conforme o artigo 14º do ECA, os programas de assistência médica e odontológica preventivas às doenças que afetam a população infantil. “Observa-se a clareza do ECA sobre a proteção da criança e do adolescente relacionada à saúde desde antes da concepção no intuito de fornecer qualidade de assistência no SUS”, frisa.

Segundo a médica, a prevalência de sífilis congênita é um marcador da má qualidade da assistência no pré-natal. Para ela, é fundamental que ocorram as capacitações dos profissionais de saúde da atenção básica, e realização de diagnóstico das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) com todos os recursos laboratoriais, assim como ações integradas de prevenção, diagnóstico, tratamento e vigilância da sífilis com os conselhos de saúde, organizações não-governamentais, sociedades e conselhos de classes afins. “O desafio aos gestores é de aumentar a cobertura e a qualidade do pré-natal, ampliar o diagnóstico laboratorial do Treponema e tratar adequadamente a sífilis. Para isso, é preciso ter vontade política e aplicar os recursos de forma adequada”, destaca.

DISCUSSÃO – No simpósio, também serão discutidas as infecções prevalentes na pediatria como as outras infecções congênitas (transmissão da mãe para o bebê), como a tuberculose, sepse e infecções no paciente imunossuprimido.

Serão realizados dois cursos pré-congressos gratuitos, com destaque para o “Curso de Metodologia de Pesquisa”, que será ministrado por pesquisadores nacionais e internacionais da área de Infectologia Pediátrica, com o objetivo de incentivar a realização de pesquisas clínicas e trabalhos científicos entre estudantes da área de saúde e médicos jovens como papel transformador desta realidade.