Saúde

Especialistas da MCO investigam aumento de casos de microcefalia

Especialistas investigam relação do ​Zika vírus com o aumento de casos
Leila Dourado , Salvador | 20/11/2015 às 18:25
Dr. Manoel Sarno
Foto: DIV
Um grupo de pesquisa foi formado por médicos da Maternidade Climério de Oliveira​ (MCO) e do Hospital Universitário Professor Edgar Santos (HUPES)​, vinculados​ ​à Universidade Federal da Bahia (UFBA), para identificar as possíveis causas do aumento no número de bebês com microcefalia na região Nordeste do país. Segundo o ​professor de obstetrícia da UFBA e especialista em medicina fetal, Manoel Sarno, há indícios muito fortes de que o ​Zika vírus esteja relacionado com o problema. “Ainda não é possível afirmar com toda a certeza, mas há fortes indícios que a epidemia por Zika vírus ​pode estar ​associada com es​te aumento no número de casos da microcefalia. ​Estamos fazendo um levantamento retrospectivo dos casos e aguardando a aprovação do Comitê de Ética para iniciar a coleta dos dados do estudo que vai responder estas questões, pegando casos de infecção aguda da ​Zi​Ka e fazendo o acompanhamento dessas gestantes”, explica o médico.
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, classificou como gravíssimo o aumento de casos de microcefalia no Nordeste e não descartou a possibilidade de que o problema se alastre para outros Estados e para outros países, caso de fato seja comprovado que o problema está relacionado à transmissão vertical do zika vírus. Somente este ano, o Brasil já registrou 399 ocorrências da patologia, a maioria identificada nos últimos três meses.
O maior número de casos foi registrado em Pernambuco (268), primeiro estado a identificar aumento de microcefalia em sua região e que conta com o acompanhamento de equipe do Ministério da Saúde desde o dia 22 de outubro. Em seguida, estão Sergipe (44), Rio Grande do Norte (39), Paraíba (21), Piauí (10), Ceará (9) e Bahia (8). 
Doença - A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Neste caso, os bebês nascem com perímetro da cabeça menor que o normal, que habitualmente é superior a 33 cm  no termo da gestação (após 37 semanas)​. Segundo Manoel Sarno, as principais causas do problema são as doenças genéticas e infecciosas. “Existem outros fatores que também podem estar associados, como o uso de drogas, cigarro e bebida alcoólica durante a gestação, mas as principais causas são doenças genéticas e infecciosas, como rubéola​, citomegalovírus ou a toxoplasmose”, afirma Sarno.
A doença pode causar desde um atraso no desenvolvimento da criança para sentar, andar, falar até um quadro mental mais sério. A microcefalia pode ser identificada já na gravidez, através dos exames ​de pré-natal, por isso a importância das mulheres grávidas fazerem o acompanhamento médico. “Através do pré-natal a gente busca identificar a causa da microcefalia e fazer o acompanhamento dessa gestação. É importante que essa grávida seja acompanhada por um ambulatório especializado, como é o caso da Maternidade Climério de Oliveira”, finaliza.