Política

Nelson Leal quer a sociedade brasileira no debate Reforma Previdência

Chefe da Alba pediu ao presidente da Comissão Especial da Câmara que dialogue com os Legislativos do País, durante sessão especial na Bahia.
Da Redação , Salvador | 21/05/2019 às 10:16
Sessão especial na Assembleia
Foto: ALBA

O debate sincero sobre a Reforma da Previdência deve, necessariamente, chegar à população. A reforma não tem o propósito de combater privilégios, e nem será a panaceia do país, como está sendo vendida. A PEC 006/2019 beneficia os banqueiros e prejudica os mais pobres. Ela é nociva aos interesses da economia da Bahia.

Esta foi a tônica da Sessão Especial Sobre a Reforma da Previdência e seus Impactos na Bahia, ocorrida na manhã desta segunda-feira (20), no Plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), proposta pela Mesa Diretora da Casa. O evento contou com a participação do presidente da Comissão Especial da Reforma da Previdência da Câmara Federal, deputado Marcelo Ramos (PR-AM).

O presidente do Legislativo estadual, deputado Nelson Leal (PP), destacou que mexer no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural, além de perverso, traz prejuízos significativos não apenas para a questão social, mas também em larga medida para a economia baiana.

“Esses dois benefícios injetam mais dinheiro que o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) em 313 dos 417 municípios do Estado. Seria um colapso para essas cidades e para a Bahia. A desigualdade vem batendo recordes sucessivos no país”, criticou.

Nelson Leal lembrou que, conforme divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Economia, órgão ligado à Fundação Getúlio Vargas, a desigualdade no Brasil cresce pelo 17º trimestre consecutivo.

O deputado pepista considerou ainda inaceitável a proposta de implantação do regime de capitalização, assim como a ideia de desconstitucionalizar (retirar da Constituição Federal de 88) a questão da Previdência Social.

“Se isso acontecer, a Previdência vira uma colcha de retalhos e vai gerar transtornos à população brasileira. Porque a maioria simples é fácil alcançar em votação no Congresso Nacional”, preocupou-se, o chefe da Alba, para um plenário lotado de deputados federais, estaduais, vereadores, lideranças sindicais e dos movimentos populares, além de representantes de diversos órgãos públicos do Estado. O secretário Davidson Magalhães (Setre) representou o governador Rui Costa (PT).

O presidente da Alba disse que a reforma é necessária para promover os ajustes, “mas o peso não pode ser jogado nas costas dos mais humildes, da trabalhadora rural, dos idosos, dos deficientes, daqueles que ganham menos”.

Leal classificou de fundamental que a Câmara Federal, através de sua Comissão Especial de Reforma da Previdência, faça o debate com as Assembleias Legislativas, como forma de levar o assunto à sociedade brasileira. “É um tema de enorme relevância. Estamos apreensivos, é preciso de muita serenidade do país nesse momento, exortou, Leal.

AUDITORIA DA DÍVIDA

O deputado Marcelo Ramos (PR-AM), agradeceu o convite, e observou que a questão geracional impõe que a reforma se volte para os cálculos atuariais do regime da Previdência. O amazonense salientou que é preciso encontrar uma forma de promover o ajuste fiscal, sem prejudicar os mais pobres.

Marcelo Ramos enfatizou que não há déficit no item previdência isolado, que a reforma não será a solução de todos os problemas do Brasil e que ela não é apenas para combater privilégios. O Regime Geral da Previdência envolve ainda a saúde e a assistência social.

“Esse discurso não é verdadeiro. Eu não concordo, não posso vender essa ideia. Temos que ter responsabilidade”, confessou. Para Ramos, a reforma deve buscar garantir uma forma de viver no futuro da população, principalmente dos atuais 13 milhões de desempregados e 5 milhões de desalentados (nem mais buscam encontrar emprego).

Ramos ressalvou também a diversidade dos interesses regionais, citando a questão das desonerações. “A reforma não pode conceber que São Paulo é o centro do país. As desonerações fiscais são necessárias para estimular a atividade econômica. Temos que melhorar o ambiente de negócio, por exemplo, da indústria nacional no Norte e Nordeste”, comentou. Para Ramos, como o texto foi proposto pelo governo não passa no Congresso.

Todos os demais oradores pontuaram que o prejuízo não pode recair nas costas dos mais pobres. Destacaram a necessidade de se cobrar dos grandes devedores da Previdência, e da realização de uma auditoria da dívida pública. A coordenadora do Dieese na Bahia, economista Ana Georgina, disse que se o texto proposto pelo ministro Paulo Guedes for aprovado, o custo do curso de migração do regime de repartição para o de capitalização será da ordem de R$ 20 trilhões em 30 anos.