Política

LAVA JATO prende Michel Temer em São Paulo e Moreira Franco no Rio

O mandado foi assinado pelo juiz Marcelo Bretas
DA Redação , Salvador | 21/03/2019 às 11:37
Michel Temer
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A Força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro prendeu, na manhã desta quinta-feira (21), o ex-presidente da República, Michel Temer (MDB). O mandado de prisão foi assinado pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. Ele foi detido em São Paulo. 

Além de Temer , o magistrado também determinou o encarceramento do ex-ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, que ainda não foi localizado. O ex-presidente era investigado em três ações distitas, e ainda não sabe qual delas determinou a prisão do emedebista. (Durante a manhã Moreira foi localizado e preso no Rio)

Michel Temer foi o 37º presidente do Brasil e assumiu o mandato em agosto de 2016, após o impeachment de sua companheira de chapa, Dilma Rousseff (PT). Ele ficou no cargo até o final de 2018 e não disputou o pleito daquele ano.

A primeira denúncia contra Temer foi formulada em junho de 2017 pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A  acusação por corrupção passiva está baseada nas investigações iniciadas a partir do acordo de delação premiada da JBS.

O áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, um dos donos da empresa, com o presidente, em março de 2017, no Palácio do Jaburu, é uma das provas usadas no processo.

O ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR) também foi denunciado pelo mesmo crime. Em abril de 2017, Loures foi flagrado recebendo uma mala contendo R$ 500 mil, entregue pelo executivo do grupo J&F Ricardo Saud. Para o então procurador, Temer usou Rocha Loures para receber vantagens indevidas. O ex-presidente nega as acusações.

A segunda denúncia contra o ex-presidente também foi apresentada por Janot em setembro de 2017. Nesta ação, Temer é acusado de praticar os crimes de tentativa de  obstrução à Justiça e de organização criminosa junto a integrantes do chamado "quadrilhão do MDB na Câmara".

O ról de acusados por organização criminosa inclui também os ex-ministros Eliseu Padilha, Moreira Franco e Geddel Vieira Lima; os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves; e o ex-assessor especial de Temer Rodrigo Rocha Loures.

Já em relação ao crime de tentativa de obstrução à Justiça, Temer é acusado junto ao empresário Joesley Batista e ao ex-executivo Ricardo Saud. A denúncia se baseia na suposta tentativa do ex-presidente em tentar evitar a assinatura de acordos de colaboração premiada do lobista Lúcio Funaro e de Eduardo Cunha com a PGR.

Na denúncia, Janot afirma que Temer passou a exercer a liderança do núcleo político do " quadrilhão do MDB " tão logo ele assumiu a Presidência da República, em maio de 2016.

O inquérito que investiga suposto recebimento de propina da empresa Odebrecht por Michel temer está suspenso desde outubro pelo ministro Edson Fachin.

Conforme delação premiada de seis ex-executivos da Odebrecht, o pagamento de R$ 10 milhões via caixa dois para a campanha de Paulo Skaf ao governo de São Paulo em 2014 teria sido acertado em um jantar no Palácio do Jaburu quando Temer era vice-presidente, em maio daquele ano.

Participaram do encontro o ex-presidente da empresa, Marcelo Odebrecht, e Eliseu Padilha, que à época era ministro da Aviação Civil. Em relatório final, a Polícia Federal concluiu que outros R$ 4 milhões em caixa dois teriam sido solicitados por Moreira Franco em ocasião não especificada. Segundo a PF, R$ 1,4 milhão teriam sido recebidos por Temer por meio de intermediários.

No último dia 19, a PGR ofereceu nova denúncia contra Temer e mais cinco pessoas por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O ex-presidente é investigado por supostamente ter recebido propina da Rodrimar, empresa que opera o Porto de Santos (SP), em troca de favorecimentos à empresa por meio de decreto assinado em maio de 2017 que regulamenta contratos de concessão e arrendamento do setor portuário.

De acordo com o inquérito, há "indícios" de que Temer tenha recebido R$ 5,9 milhões em propina e participe de "grupo criminoso" com empresas que atuam no Porto de Santos desde a década de 1990.