Política

NETO comete grave erro político e abre espaço para Rui na capital (TF)

Sonho do PT em conquistar a capital fica mais próximo com a decisão de ACM Neto
Tasso Franco , da redação em Salvador | 06/04/2018 às 17:50
Neto e as razões do coração
Foto: Max Haack
   A decisão do prefeito ACM Neto (DEM) em desistir de candidatar-se ao governo do Estado, em 2018, sob a justificava de que anseios do seu coração e amor à cidade do Salvador teriam sido os motivos, representa uma imensa frustação aos seus correligionários que viam na sua personalidade um candidato competitivo para enfrentar o governador Rui Costa. 

   E, até alardeavam que as pesquisas apontavam o prefeito à frente de Rui mesmo antes de anunciar a sua candidatura. Agora, essa aspiração virou pó e o presidente do DEM, José Carlos Aleluia, em nota insosa disse que todos do seu partido acatam a decisão do prefeito de bom grado. 

  Aleluia expressou um sentimento de passividade frente a situação política delicada em que Neto colocou à oposição, e a sua própria condição de líder, uma vez que se não aceita o desafio de enfrentar uma disputa que ele mesmo havia dito, anteriormente, que o propósito em sí não lhe pertubaria à mente em perder, uma vez que o importante era a disputa, expor as ideias do seu grupo, e mostrar como também disse, as mazelas da atual administração, abdica de uma só vez da disputa e põe em xeque sua liderança.

  Quem agora será capaz de seguí-lo até mesmo na formatação de uma nova chapa das oposições ao governo da Bahia e ao Senado? 

   Ainda que tenha sinalizado em sua fala na Comunidade Guerreira Zeferina o indicativo do nome do prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho, se o prefeito da capital, considerado bem avaliado, lider das pesquisas até então realizadas, não topou a missão com a esfarrapada desculpa de razões do coração, o que dará ânimo a Ronaldo, até então tido como candidato ao Senado, embarcar nessa canoa furada? Só se ele for louco. 

   Hoje, com todo respeito aos adversários do PT, se o governador Rui Costa (PT) já vinha fazendo uma gestão bem avaliada pela população e com forte presença na capital, agora, então, salvo forças divinatórias que impeçam sua trajetória política em ascensão, tem tudo para emplacar um novo mandato e com folga. 

   E, diria mais, ficou até mais fácil organizar sua chapa majoritária, absoluto que está, uma equação inversa ao que acontece nas hostes da oposição que já tinha problemas de equacionar uma chapa com Neto à frente, agora, então, ficou ainda mais dificil e fragmentada.

   Parece-nos óbvio que as razões da desistência de Neto sejam de natureza política por não ter conseguido formatar a chapa dos seus sonhos, com tempo de TV de partidos que poderiam ser aliados e com personagens políticas inovadoras (o prefeito de Conquista, Herzem Gusmão, chegou a sugerir Nilo Coelho na chapa!) e por isso mesmo, desistiu. 

   O problema é que já havia criado uma expectativa enorme nas bancadas dos deputados federais e estaduais, na Assembleia não se falava noutra coisa entre os seus aliados, de um Neto imbatível, e, de repente, "por razões do coração" o prefeito desfaz toda essa corrente de expectativas positivas e de forças e pula fora do barco.
   
   Na política, erros são fatais. Lembro aqui uma decisão tomada por seu avô ACM, em 2004, ao impor a candidatura de César Borges a prefeito da capital diante da gestão Antonio Imbassahy, seu partidário, bem avaliada, e que foi um desastre. 

   Essa decisão de ACM Neto, hoje, tem tudo para que ele pague um preço alto agora e adiante, ainda que seja jovem, pois, se não teve coragem de enfrentar uma parada dura (com muito menos tempo João Dória largou a Prefeitura de SP para concorrer ao governo do Estado) quem vai acreditar nele, lá adiante, numa nova jornada?  Dificil.

    Também, hoje, sintomático, Walter Pinheiro, secretário da Educação do Estado, se manteve na gestão Rui Costa e pelo andar da carruagem passa a ser um nome fortíssimo a prefeito de Salvador, em 2020, se Rui reeleger-se governador como parece que vai acontecer. À vista, portanto, em tempos vindouros, barba e bigode.