Política

ELEIÇÕES 2016: A posição estratégica de Camaçari e vitória de Elinaldo

Camaçari vira à direita e derrota forças da esquerda que comandavam o município industrial mais importante da Bahia
Tasso Franco , da redação em Salvador | 12/10/2016 às 18:41
Marcha à direita em Camaçari com Elinaldo Santos
Foto: DIV
    MIUDINHAS GLOBAIS:

   1. Outra eleição que se iniciou com um candidato preferencial do eleitorado à frente dos demais e terminou dessa mesma maneira foi a de Camaçari. O vereador Elinaldo Santos (DEM), desde que foi lançado no váculo da campanha de 2012, entre Ademar Delgado (PT) x Mauricio de Tunde (PTN), Ademar eleito e sem realizar uma boa administração, que o edil mais votado em 2012, com 4.8% do eleitorado (5.454 votos), era apontado como o favorito.

   2. Eleito coim 60.84% dos votos (73.994), Elinaldo Santos foi favorecido pela 'fadiga de materiais' dos governos do PT em Camaçari e pela fraca administração do prefeito Ademar Delgado, gestor criado por Luis Caetano, deputado petista que concorreu contra Elinaldo e obeteve 36.49% dos votos (44.378).
Caetano, em tese, pagou o preço de ter eleito Ademar, a população reconheceu que esse apadrinhamento não derá certo, e o padrinho depois de cometer esse erro político não mereceria voltar à administração.

   3. Caetano não teve como reagir. Primeiro ficou claro para a população que havia uma briga inicial contra Ademar, lá nos idfos de 2015, no distanciamento político e no controle de quem ficaria com a legenda do PT, e depois porque, herdeiro do desastre que foi a gestão Ademar pagou um alto preço político. Na política, a onda vai e volta. Neste caso, a onda foi e levou consigo Ademar e Caetano juntos, num abraço de afogados.

   4. Caetano fez tudo para se livrar da imagem e semelhança de Ademar. Conseguiu de alguma forma livrar-se de Ademar quando controlou de vez a legenda do PT e tornou-se candidato a prefeito, mas, a populção não seguiu Caetano, isoladamente. Se erro houve na gestão Ademar, do ponto de vista de dinamismo e melhoria da qualidade de vida da população, esse erro colou de tal forma em Caetano que a dupla Ademar/Caetano ficou una na cabeça do eleitor. 

   5. E aí, Elinaldo, que já vinha bem e fez uma aliança correta com José Tude (PMDB) na vice aproveitou-se disso, explorou ao máximo essa unidade petista (Caetano/Ademar), e disparou na preferência do eleitorado. Caetano fez uma campanha de 'herói' sabendo que iria perder e conseguiu uma aliança com o PSD partido que indicou a vice Manuelina Ferreira, uma desconhecida do meio politico, já que não teve o apoio do tradicional aliado do PT, o PCdoB.

   6. E o que fez o prefeito Ademar quando perdeu a possibilidade de controlar o PT, partido que o elegeu prefeito, em 2012. Migrou para o PCdoB, lançou o nome da secretária Jailce Andrade como candidata e segurou a sua base partidária (Rede, PTC, PRB, PSB, PMN, PEN, PR, Pros, PTdoB, PV) e foi à luta, mais com o intiuto de prejudicar Caetano do que de qualquer coisa. Tanto que as urnas confirmaram o que as pesquisas já indicacam em relação a Jailce, uma preferência do eleitorado em apenas 2.24% ou minguados 2.725 votos. Só ganhou do candidato do PSOL, Nilton da Resistência que obteve 514 votos.

   7. E mais sintomático: o PCdoB, a direção partidária estadual, mesmo sabendo que estava entrando numa barca furada, e advertência não faltaram aos comunistas, entrou na barca. A política é um jogo de trocas e essa atitude está anotada no caderninho do PT caetanista.

   8. Vale a pena lembrar, ainda, o que aconteceu com a desidatração do PTN do deputado federal Bacelar. Em 2012, o PTN lançou Maurício Bacelar a prefeito para enfrentar Ademar Delgado. Maurício, irmão do deputado, não poupava críticas duras a Caetano e aliançou-se com José Tude tomando emprestado até seu nome. Virou, para efeito eleitoral, Maurício de Tude. Cresceu de tal forma que Caetano teve que se esforçar bastante, especialmente na semana da eleição, para eleger Ademar. Resultado: Ademar 49.42% dos votos (55.680) e Maurício de Tude 43.15% dos votos (48.650). 

   9. Diz-se, em Camaçari, que se o PMDB tivesse dado um reforço financeiro no final da campanha de Mauricio ele poderia ter vencido o pleito. É verdade. Faltou fôlego na reta de chegada. A questão é que o PMDB de Geddel Vieira Lima não confiava em Maurício 100%. 

   10. De fato, quando Rui Costa ganhou a eleição em 2014 e Bacelar foi eleito deputado federal, o PTN, que era oposição dura a Wagner em determinado momento, migrou para a base governista. Maurício foi contemplado com a superintendência do Detran. Cargo de alto quilate. Fazia uma boa gestão, mas, sem olhar o lado político e desagradou ao PTN, especialmente ao deputado Alex Lima, da região de Esplanada/Conde/Entre Rios, diante de suas investidas nesses municípios e outros.

   11. Maurício, já sem o Tude, trabalhava sua pré-candidatura a deputado estadual. Alex e outros do PTN o destronaram do Detran. Maurício retornou a Camaçari e candidatou-se a vereador apoiando Caetano, antes seu desafeto. A população o rejeitou e ele obteve pouco mais de 1.000 votos não elegendo-se. Foi um dos fenômenos mais sintomáticos da política, uma perda de 42 mil votos em 4 anos. Os adversários ajudaram a espalhar a pecha de 'traidor' a Maurício e este se deu mal. Ele e o PTN de Bacelar.

   O QUE VAI ACONTECER DORAVANTE

   12. A expectativa é de que Elinaldo possa fazer uma boa gestão. Tem o apoio de ACM Neto e do deputado federal Paulo Azi, um vice do PMDB e portas abertas em Brasília. Prometeu muita coisa e vai ter que cumprir. Tude é um bom parceiro, disciplinado e pode ajudá-lo sem fazer sombra. Nesse aspecto, Tudo é competente. 

   13. Nas eleições de 2018, o DEM pode fazer um deputado estadual a partir de Camaçari; e Azi, federal, vai se rechear de votos. Tude, se quiser, tem boas chances de ser deputado estadual.

   14. Luiz Caetano perde mas tem bases em outros municípios do estado. Ficará sem o fôlego da administração de Camaçari e a visibilidade que lhe deu a UPB. Vai ter problemas para reeleger-se. Mas, é bom político e saberá como agir. Atua, diria um pouco mais ao lado de Wagner do que de Rui. Ainda é cedo para saber se essa aliança ficará mais forte com Wagner ou não. Há uma série de fatores pelo caminho ainda em arrumação. 

   15. É bom lembrar que Rui Costa, governador, o primeiro prefeito que ele recebeu foi Ademar Delgado, quando a briga com Caetano já era pública e notória. 

   16. Os dois deputados do PT por Camaçari (e outros municípios) Luiza Maia e Bira Corôa terão maiores dificuldades em reelegerem-se. Bira já teve dificuldades enormes, em 2014, e só recentemente foi efetivado. Era primeira suplente. E Luiza Maia está com um discurso muito antigo e que não sensibiliza mais ninguém.

   17. Ademar Delgado e Jailce Andrade ficam sem perspectivas politicas. Zé de Elisio, PP, que era outra foça politica em Camaari (7.130 votos para prefeito em 2012) perdeu força. Nelson Pelegrino, também votado em Camaçari, é outro que perde espaço. 

   18. Camaçari foi para a direita e somente adiante é que poderemos avaliar o que acontecerá. Muito passará pela gestão de Elinaldo. Se acertar, avança; se errar o PT volta a crescer.
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   19. Depois de perder a Prefeitura de Camaçari por uma ampla diferença para Elinaldo (DEM), o deputado federal Luiz Caetano (PT) sofreu mais uma derrota, ao ter a sua condenação por improbidade administrativa confirmada por unanimidade por órgão colegiado. Com a decisão da Justiça, Caetano está inelegível por oito anos. 

   20. A Vara da Fazenda Pública de Camaçari já havia condenado o petista em 2014 por improbidade administrativa e Caetano somente disputou as últimas eleições porque recorreu e seu recurso não havia sido julgado quando ele registrou a candidatura.
 
    21. O julgamento do recurso foi marcado para antes das eleições, mas o advogado de Luiz Caetano pediu adiamento, sob a alegação que estava com problemas de saúde (foi anexado um atestado médico na solicitação). Nesta terça-feira (11), Caetano teve a condenação confirmada pelo Tribunal de Justiça da Bahia, tornando-se, dessa forma, inelegível. O deputado pode recorrer, mas isso não suspende a inelegibilidade, de acordo com advogados e juízes eleitorais.
 
   22. Segundo a alínea 1 do inciso 1o da Lei Complementar 64/90, alterada pela Lei Complementar 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), estão inelegíveis os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena.
 
  Defesa de Caetano vai recorrer ao 
  TJ-BA e se necessário irá ao STJ

 
   23. Ao contrário do que tem sido noticiado em alguns veículos de comunicação, o deputado federal Luiz Caetano não está inelegível. Um dos processos envolvendo o parlamentar foi julgado na última terça-feira (11/10) pelo Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que rejeitou os recursos apresentados pela sua defesa e decidiu pela condenação.

    24. Ocorre que ainda há recurso e, inicialmente, a defesa de Caetano vai recorrer da sentença no próprio TJ-BA, já que havia uma nova petição sobre a “matéria” que sequer chegou a ser analisada pela desembargadora que apreciou o processo.

    25. Caso contrário, a defesa vai até o Superior Tribunal de Justiça (STJ) para provar que não houve qualquer ato de improbidade praticado pelo deputado federal Luiz Caetano na época em que ele foi prefeito de Camaçari.
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    26. Pra fechar o comentário, Camaçari é o município industrial mais importante do estado onde se situam o Pólo Petroquimico e o Pólo Automobilistico, além de inúmeras industrias e bases logisticas de empresas comerciais e de serviços.