Política

DILMA fala para a história e diz que Temer é um usurpador do poder

Dilma afirmou que está em andamento um 'golpe de estado'
Da Redação , Salvador | 29/08/2016 às 10:50
Dilma falou na sessão do Senado nesta manhã de segunda
Foto: Ag Senado
   A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (29), em discurso de 46 minutos em defesa própria no julgamento do impeachment no Senado, que é alvo de um "golpe de estado" e que não cometeu os crimes de responsabilidade pelos quais é acusada. Segundo ela, só os eleitores podem afastar um governo "pelo conjunto da obra".

   Dilma começou a discursar às 9h53, 15 minutos depois da abertura da sessão pelo presidente do julgamento, ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele conclui a fala às 10h39. O pronunciamento da presidente afastada antecede as três últimas etapas do julgamento – o interrogatório de Dilma pelos senadores, o debate entre acusação e defesa e a votação do impeachment pelos parlamentares.

   No discurso, Dilma disse que "jamais" renunciaria e que é alvo de um "golpe de estado": "Estamos a um passo da concretização de um verdadeiro golpe de estado", declarou.

   Segundo ela, o regime presidencialista do Brasil não prevê que, se o presidente perder a maioria dentro do Congresso, o mandato deve ser cassado. Dilma disse que "só o povo" pode afastar o presidente pelo “conjunto da obra”

   “No presidencialismo previsto na Constituição, não basta a eventual perda de maioria parlamentar para afastar o presidente. Há que se configurar crime de responsabilidade e está claro que não houve tal crime”, disse Dilma. “Não é legitimo, como querem meus acusadores, afastar o chefe de estado e governo por não concordarem com o conjunto da obra. Quem afasta o presidente por conjunto da obra é o povo, só nas eleições", afirmou.

   Ela relacionou o que chamou de “golpe” ao governo do presidente em exercício Michel Temer, ao qual classificou como “usurpador”.

   “Um golpe que, se consumado, resultará na eleição de um governo indireto e usurpador. A eleição indireta de um governo que na sua interinidade não tem mulheres nos ministérios  quando o povo nas urnas escolheu uma mulher para comandar o pais. Um governo que dispensa negros na sua composição minsiterial e revelou profundo desprezo pelo programa escolhido e aprovado pelo povo em 2014”, disse Dilma.

   Dilma iniciou o discurso fazendo referência à tortura que sofreu como presa política durante a ditadura militar. "Não posso deixar de sentir na boca novamente o gosto amargo da injustiça e do arbítrio”, afirmou.

   Segundo ela, em seu mandato como presidente, defendeu a Constituição e que jamais agiria contra a democracia. “Sempre acreditei na democracia e no estado de direito. Jamais atentarei contra o que acredito ou praticaria atos contra os interesses daqueles que me elegeram”, afirmou a presidente afastada na parte inicial de sua fala.

  "Não luto pelo meu mandato por vaidade ou apelo ao poder como é próprio dos que não têm caráter. Luto pelo povo do meu país, pelo seu bem estar", declarou.

   A presidente afastada reafirmou que não cometeu nenhum dos crimes de responsabilidade pelos quais é acusada e disse que o país corre o risco de uma "ruptura democrática".

  Depois de fazer referência aos ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubtscheck e João Goulart, alvos de tentativas de retirada do poder, disse que a "ruptura democrática" se dá agora sob pretextos constitucionais "embasados por uma frágil retórica jurídica".

   "O que está em jogo no processo de impeachment não é o meu mandato", afirmou. Segundo ela, "o que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos", e listou iniciativas do governo dela, como valorização do salário mínimo, programas de médicos e de casa própria